Desamores de Pluto
Gosto de Pound ainda mais pelo que leu do que pelo que escreveu, o que equivale a uma escalada no partilhado entendimento de ser a sua Ensaística superior à Poesia que também muito produziu. Mais nesta, mas irrrompendo também nos escritos críticos, a espontaneidade da desordenação interior como marca da modernidade cansam um tanto, passadas algumas décadas. E se o seu gosto era inatacável, o traço principal que dava de cada escritor abordado sabia sempre a pobreza de essencialidade, apesar da atenção ao pormenor nem sempre era feliz na apreensão do conjunto.
As posições político-económicas que ninguém consegue impedir-se de referir podem dar alguma pista para compreender o seu todo literário? De notar que a aversão à Finança que o fez encaminhar-se para a animadversão para com os Hebreus não tinha a base comunitária de Hitler nem preocupações de regulação interclassista de paz social, como no segundo Mussolini, antes era vista como um combate muito americano-ruralista contra os obstáculos centralizadores e usurário/monopolistas ao natural desempenho económico do indivíduo. Pelo que, contra o alinhamento histórico, se pode dizer que o seu fascismo foi com o autêntico convergente na acção, que não no fundamento. Claro que esta mundivisão só seria possível num panfletário em que a religião tivesse dado lugar a um exclusivo sociológico e economicista na base da concepção do uso do Poder. Nas sociedades tradicionais europeias a usura estivera proibida aos Cristãos, pelo que o engenho dos rebentos do Povo Eleito cumpria à partida um papel de motor da produtividade comunitária. Não se vinculando a este referencial estava o terreno suficientemente adubado para uma hipervalorização atomista do trabalho de cada qual, que, se bem observarmos, está também sempre presente na exaltação do labor de cada pena que critica.
Com tais reservas, não admira que tanto goste desta fotografia de Alvin Langdon Coburn, em que os colarinhos lembram as páginas lidas, numa osmose entre Leitor e Texto que facilmente consigo imaginar, neste nascido num 30 de Outubro.
As posições político-económicas que ninguém consegue impedir-se de referir podem dar alguma pista para compreender o seu todo literário? De notar que a aversão à Finança que o fez encaminhar-se para a animadversão para com os Hebreus não tinha a base comunitária de Hitler nem preocupações de regulação interclassista de paz social, como no segundo Mussolini, antes era vista como um combate muito americano-ruralista contra os obstáculos centralizadores e usurário/monopolistas ao natural desempenho económico do indivíduo. Pelo que, contra o alinhamento histórico, se pode dizer que o seu fascismo foi com o autêntico convergente na acção, que não no fundamento. Claro que esta mundivisão só seria possível num panfletário em que a religião tivesse dado lugar a um exclusivo sociológico e economicista na base da concepção do uso do Poder. Nas sociedades tradicionais europeias a usura estivera proibida aos Cristãos, pelo que o engenho dos rebentos do Povo Eleito cumpria à partida um papel de motor da produtividade comunitária. Não se vinculando a este referencial estava o terreno suficientemente adubado para uma hipervalorização atomista do trabalho de cada qual, que, se bem observarmos, está também sempre presente na exaltação do labor de cada pena que critica.
Com tais reservas, não admira que tanto goste desta fotografia de Alvin Langdon Coburn, em que os colarinhos lembram as páginas lidas, numa osmose entre Leitor e Texto que facilmente consigo imaginar, neste nascido num 30 de Outubro.
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