quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Inconsciência Objectável

O Objector de Consciência de Irish KC

O parecer da Procuradoria Geral da República que quer obrigar a Ordem dos Médicos a modificar as regras profissionais é um monstro no fundo, tanto como na forma. O Estado que achou grande progresso em reconhecer a qualquer grupo religioso ou filosófico o direito proibir os seus membros de pegarem em armas contra quem se pode defender não reconhece a uma colectividade profissional a prerrogativa de preceituar que seus quotizados não matem seres indefesos. Nem se diga que o facto de o acesso à profissão ter de passsar pela licença da corporação muda o caso, pois isso equivalerá sempre a negar à maioria dos elementos de um ramo a capacidade de regular a sua deontologia, em casos que ela não agride, antes salva terceiros.
Mas o estilo também é pura arrogância, na parte em que ameaça de mudança pelos tribunais. A Procuradoria só tem legitimidade para dizer que vai tentar dar esse triste passo, ou já não são os Juízes que proferem a decisão final?
Pensando bem, até haveria uma justificação: o nojo de si é tão grande que o Estado Moderno reconhece dever apaparicar quem o deixa à mercê dos seus inimigos e aniquilar novos membros que engrossassem os sofredores que lhe pertencem. Só não tem razão por ser impossível saber se os concebidos não seriam um pouco menos maus; e capazes de mudar o actual estado de coisas.

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