quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Fruto Proibido

Conforme chegou cá a notícia tinha mau aspecto. Quando li que um museu britânico resolvera expor uma laranja seca pertencente a lanche de um mineiro morto numa explosão temi que estivéssemos perante alguma abstrusa concepção da Arte, escaldado que me encontro ainda pela vergonha do cão esfaimado que se pretendeu fazer passar por tal. Indo todavia a fonte mais próxima, verifiquei que afinal não era só uma laranja, mas um género que sobrevivera a um dos mais importantes desastres da região, sofrendo alterações pemanentes por acção dele e exibida por museu do Staffordshire vocacionado para dar ao público objectos do quotidiano de uma zona em que as minas tinham um papel fulcral.
Não me repugna, portanto, a exposição apetecida. Quando vemos uma espada ou uma peça de uniforme de algum general célebre elas valem por serem aquelas, que pertenceram a tal dono, pois não se distinguiriam, em muitos casos, das de oficiais de patente igual, cada qual uma entre muitas outras de fardamento indiferenciador.
Não há portanto que condenar esta tentação. Que museu do Mundo hesitaria em ter nas suas colecções o fruto da direita, sob o pretexto de ser apenas uma maçã?

2 comentários:

Anónimo disse...

o Museu Guilherme Tell aceita qualquer maçã. Não tem esse problema.

O Réprobo disse...

O que é muito perigoso, afinal estabelece-se a fungibilidade do alvo.
Ab.