domingo, 21 de outubro de 2007

Estou Noutra!

O Alibi de Thomas Huber

O Dr. Menezes encontrou na Europa o grande pretexto para se limpar da imagem de populismo com que o etiquetaram. Ao assumir-se como mais socrático do que Sócrates na atribuição ao parlamento da responsabilidade de fazer vigorar o novo tratado europeu, sugere que se alguém há com dúvidas sobre a bondade do cometimento aos partidos, à revelia do eleitorado, é o Primeiro-Ministro. Claro que se trata, para além de estratagema pontual, de uma falácia. Se definirmos o populismo como "uma campanha reivindicando a devolução da voz aos simples contra as elites", nunca ele será possível num sistema destas absolutamente carecido. O que sempre acontecerá no representativismo, que busca a sua legitimidade no voto partidário, como cheque em branco eleitoral que é. Ao contrário do que se quer fazer passar, pela agitação do espantalho dos perigos da intervenção do vulgo, a demagogia passou inteirinha para o lado dos que se aproveitam mediatamente dela.
E até vozes eclesiásticas engrossam a onda de sentenciar que as transformações institucionais em curso são demasiado para a cabeça dos portugueses. Um grande argumento para os políticos não nos virem pedir que por nós sejam investidos no Poder.

2 comentários:

Capitão-Mor disse...

As questões europeias estiveram em foco na época mais populista do CDS, mas acabou por ser o único partido que alertou para os perigos que a nossa integração também acarretava. Houve sempre as desculpas que as diversas instituições da UE eram muito complicadas e preferiu-se optar pelo europtimismo desenfreado até então.

O Réprobo disse...

Pois a caminhada para a "eurocalma" que substituiu esse posicionamento no referido partido, Meu Caro Capitão-Mor, quando transplantada para planos nacionais dá eurofrenesi, como nas eleições polacas de ontem.
Abraço