sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O Fosso e a Fossa

A todos os títulos curiosa, esta notícia. Mas serão as diferenças enumeradas suficientes para reconhecer a existência de duas espécies diferentes? É que, se forem, olhando para o panorama actual, eu diria que a Humanidade já está dividida em muitas mais. Uma coisa é certa, vai acabar de vez com o filão caricatural que vem sendo fazer coincidir a obesidade com a riqueza. É também um reavivar das velhas ânsias castigadoras da prosperidade: quem quereria, sem ser obrigado, viver até aos 120 anos? E quanto ao aumento dos seios das Mulheres, no estrato biológico superior, é a única previsão que não espanta, seriam as que deteriam o exclusivo de recorrer a implantes caríssimos. Por outro lado, predizer um tamanho ambicioso para certo músculo masculino talvez seja uma boa propaganda no sentido de garantir o espírito empreendedor.
Uma coisa é certa: com a redução do queixo masculino fica eliminada a dificuldade maior dos travestis, pelo que o Futuro ameaça ser o paraíso deles. Ainda bem que é só para daqui a cem mil anos...
*
A "evolução da profundidade da voz masculina", lembrou-me uma história de Caruso. Tendo um colega da mesma categoria vocal chegado ao pé dele e perguntado se podia cumprimentar o maior tenor do Mundo, obteve a seguinte resposta: Desde quando passou Você a barítono? A modéstia que falta a quem inventa teorias fantasistas e exaltantes do materialismo, como a exposta.

6 comentários:

Luísa A. disse...

Meu Caro Réprobo, também acho a notícia curiosíssima. Sempre pensei que a nossa evolução seria no sentido de um ET cabeçudo e enfezado, muito voltado para as coisas do espírito. Mas, de facto, temos estado a ganhar corpo nestes muitos milhares de anos de existência. O quadro traçado (afora a degeneração maxilar, concordo) é excelente! :-D

(Luar 2)

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo: a descrição da notícia parece-se muito com a antevisão de H. G. Wells em «A Máquina do Tempo», onde a humanidade estaria dividida também em duas sub-espécies, uma bela e harmoniosa, embora infantil (os Eloys), e a outra pequena, atarracada, feia, canibal, mas robusta e industriosa (os Morlocks).

Quanto à ausência de Sentimentos Superiores, parece-me, infelizmente, que não é preciso esperar cem mil anos. Certos grupos humanos actuais, principalmente grupos ditos dirigentes (políticos, governantes, executivos), parecem já carecer desses atributos; se não totalmente, para lá caminham a passos largos.

Quanto à maximização da diferenciação sexual, que pessoalmente aplaudo no sexo feminino (já chega de sujeitas esqueléticas com ar andrógino), parece-me utópico, e decalcado de uma cera obra italiana de 1899, «Il Problema dei Sessi», creio que de um certo Revelli, se a memória não me engana.

Essa obra, posteriormente muito querida da ideologia fascista de Benito Mussolini, preconizava a maximização das características de cada sexo, eliminando em cada um todos os traços do outro, por via hormonal. Só que o actual conhecimento da genética e dos equilíbrios hormonais (cada sexo terá geralmente cerca de 75% do género e 25% do oposto, havendo as mais diversas flutuações), deixariam prever que o tal «homem a 100%» (falando em níveis hormonais) seria um ser atarracado, musculoso e peludo, mais semelhante a um gorila do que a um ser humano, e com uma inteligência próxima da imbecilidade. A tal «mulher a 100%», longe da beldade apetitosa descrita, parecer-se-ia mais com as parideiras hotentotes, de ancas e nádegas desmesuradas, seios mais parecidos com odres de leite, e também com um atraso mental considerável.

Bem o Caríssimo Amigo escreve ácerca da modéstia que falta a quem inventa estas teorias. Mas não é só a modéstia que está em «déficit»... O conhecimento desta gente também está, e parece-me bem que apenas misturaram teorias antigas, uma, inglesa, de 1895, e a outra, italiana, de 1899, embora com um «aggiornamento» das décadas de 1920 a 1940. Nada de novo na frente oeste, como se vê...

Abraço.

Bic Laranja disse...

Quem diria! E o jornalismo tonto, como evoluirá?

O Réprobo disse...

Querida Luar,
é dos suplementos alimentares, um descambanço em que caímos depois de se provar que eram infundamentados os receios de escassez. Claro que espiritualidade e matéria, nos tristes seres que vamos sendo, podem dizer uma para a outra: este animal é pequeno demais para nós as duas.
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu Caro Carlos Portugal,
muito obrigado pelo magnífico contributo, desconecia esse tal Revelli, para cujas teorias fico agora DESPERTO. Estarei atento, quando me passear pelas bancas de alfarrabistas.
Huuuum esse quadro das transformações femininas é muito negro, não haja dívida.
Abraço

O Réprobo disse...

Meu Caro Bic Laranja,
uma manchete reduz-se cada vez mais a reciclagem de teorias sem préstimo. Reciclagem? Que digo eu? Para isso necessário seria que foissem aproveitáveis e aproveitadas por mais gente que os autores.
Abraço