segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Bom 2008!

Alguém que não nos pergunta onde estivemos em tal dia, muito depois de ele ter passado: Diana Krall, «New Years Eve».

Réveillon ASAE

Caríssimos,
Podeis estar prestes a viver a última Passagem do Ano com tais alegrias,


a Inspecção já está decerto alertada para obrigar todas as aberturas de garrafas de Champagne a este espartilho, pois a rolha disparada é uma ameaça mortal!

Acham que terá o mesmo sabor? Aaaaargh!

Paradoxo Entradote

A Anunciação, de El GrecoOu "Entradita Paradoxal". Não deixa de ser curioso que quando a Inglaterra se regia por um calendário pagão, o Juliano, o primeiro dia do ano fosse celebrado a 25 de Março, Dia da Anunciação, e tomasse o nome de Lady´s Day, enquanto que, a partir de 1752, se perdeu tão grande Significação religiosa, justamente sob a alçada do Cristianíssimo Calendário Gregoriano, introduzido por um Papa.
Devo dizer que prefiro assim. Dado o desespero dos nossos dias que nestas datas procura negar-se com buscas de alegria e festejo obrigatórios, bom será não conspurcar Celebração tão assinalável como a da antiga Tradição Britânica, está muito mais conforme com os tempos o anúncio profano Ladies` Night, permitindo ao Belo Sexo consumo livre. Se encontrarem algum bar que o faça, hoje.

Começar Pelo Princípio

Esta Lembrança da T é só para depois da Meia-Noite. Antes há que cumprir certa formalidade...
Não faço balanços para não perder o balanço.

Reciclagem

Ontem este anúncio visava promover um pneu, assimilando-o ao prazer de fumar...

...hoje os perseguidores do tabagismo poderiam reconvertê-lo, para culpar o fumo das mortes na estrada...
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Os Afectos na Lapela

Como a Júlia ML teve a generosidade de me desejar satisfações para 2008 cuja formulação eu nem tenha cogitado, tomo a liberdade de, consideradas as Suas conexões a Amarante, A achar ideal para ser contemplada com a Antiga Ordem de Amarantha, instituída pela Rainha Cristina da Suécia, antes de o nome ter sido aproveitado para pioneirismos de Maçonaria Feminina.
Sabe-se como é recorrente a atribuição de significados esotéricos à génese das condecorações, veja-se a Jarreteira; e a Soberana seiscentista era muito dada a esses hermetismos. Porém, porque nos toca, é mais interessante a explicação que Serge de Chessin dá para a origem dessa distinção, atribuível aos dois géneros, numa altura em que poucas o eram. O nome corresponderia ao de uma virtuosa pastora interpretada pela Real Personagem numa representação de Corte, no que todos os biografos concordam. A especialidade defendida pelo Autor citado estaria em ser uma alusão particular aos Amores Dela por António Pimentel, nosso compatriota, Embaixador do Rei de Portugal e de Espanha, que teria nascido na simpática cidade Nortenha.
Donde se nota a constância do Bem Querer no historial da povoação, agora actualizado pelos votos magnânimos de uma Amiga.

domingo, 30 de dezembro de 2007

ABBA LARGA

Começo então a transmitir a Todos os meus votos para 2008, tentando avivar, em especial, boas recordações no Amigo Bic Laranja, esperando com isso não provocar incompreensão familiar...

Quente-Frio

Quem disse que frieza não pode trazer coisa boa a uma relação?

Descobrir a Pólvora!

Transitando directamente do postal anterior, temos de concluir que localizar na Idade Média a descoberta da pólvora não será propriamente tê-la descoberto, senão no sentido em que já o estava havia muito. Sexto Júlio Africano (Séc. III) dá uma descrição de mistura de salitre, enxofre e carvão presente na China antiga, reforçando os cálculos dos que a fazem remontar a oitenta anos antes da nossa Era, ou ainda mais atrás.
Contudo, apesar do parentesco com o fogo grego de Constantinopla, que terá garantido a milenar sobrevivência do Império Romano do Oriente, só muito mais tarde foi empregada em larga escala no canto europeu ocidental. De notar que o segredo dos Bizantinos foi mantido durante séculos, mas, conhecido pelos Árabes após análises aturadas, não só ditou o fim dessa Civilização Cristã, como foi por eles empregue para transfornmar em desastre para os promotores a Sexta Cruzada, de S. Luís. O que deveria fazer pensar duas vezes os que, hoje em dia, não sentem receios de facultar armas destruidoras, ou a possibilidade delas, a culturas hostis...

Gravura de Vittorio Zonca, mostrando um sistema de moagem de carvão numa fábrica de pólvora do Século XVII



Em Portugal foi certamente usada, como meio auxiliar, no cerco de D. Afonso Henriques a Lisboa, discutindo-se se o terá sido em Aljubarrota, sendo décadas poseriores as referências feitas a tal hipótese.
O tempo do nosso maior poderio correspondeu também ao das grandes disponibilidades do explosivo produto no Nosso País, como no Reinado de D. João II, tendo vindo os Reis Católicos a ser socorridos com grandes suprimentos do preparado, idos de Portugal, na conquista de Granada.
Foi D. Manuel I que, correspondendo às crescentes necessidades bélicas, mandou instalar na Barcarena a mais conhecida das fábricas lusas desta matéria, sob o nome de Ferrarias d´El Rei, vindo o indispensável salitre do nosso Império, em especial da Índia, mas também de Macau, Benguela e Brasil, por superior em qualidade ao que se poderia obter por cá. Porém, a mais recursos correspondem maiores necessidades e, com o decorrer dos séculos, viemos a ficar dependentes de importações da Holanda, o que se tornou particularmente grave quando entrámos em guerra com essa Nação. Lições a ter em conta por quem nos nossos dias convive bem com a dependência da ajuda estrangeira em sede de meios de Defesa...
O que a Holanda tirou um Holandês repôs. Já nesse tempo se burlava o Estado e disso foi acusada a 3ª geração de concessionários da família Sousa Azevedo, passando a exploração para o nativo neerlandês António Cremer, o qual desempenhou a contento o novo cargo de Intendente das Pólvoras do Reino, no que foi sucedido pela Viúva, D. Catarina Cremer de Wanzeller, coisa que deveria fazer pensar duas vezes aqueles que perfilham do preconceito de suspeitar a existência de obstáculos legais à Mulher como Empresária, na ordenação pré-burguesa.
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Depois foi o declínio, entre explosões trágicas e construções novas, restando hoje o interesse turístico de uma beleza local a visitar, veja-se a fotografia do canal de alimentação das azenhas da Fábrica de Baixo.
Quer o capricho da simultaneidade, fonte de todas as coincidências, que saia este post no momento em que chegam notícias de festejos grandes com fogos de artifício para saudar o Novo Ano. No Porto faz-se mesmo gala de um acontecimento piro-musical, desejando-se que a primeira parte da designação encontre o seu motivo nos fogos explosivos e não na piroseira...
As imagens e a maior parte da informação foram encontradas em «A Fábrica de Pólvora de Barcarena», publicado pela Câmara Municipal de Oeiras e da autoria de António de Carvalho Quintela, João Luís Cardoso, José Manuel Mascarenhas e Maria da Conceição André, que se recomenda.

Jogos de Luzes

Uma Cidade Medieval à Beira dum Rio de Karl Friedrich SchinkelComo dois Espíritos que muito prezo, a Cristina Ribeiro e o FSantos, se deram ao incómodo de abordar a atribuição das Trevas ao período que chamamos Medieval, quero deixar aqui duas notas.
Primeiramente, sublinhar que foi um feitiço que se voltou contra o feiticeiro. A expressão foi cunhada por um intelectual do período tardo-medievo, Petrarca, para apostrofar o barbarismo a que o emprego da língua latina tinha chegado na Alta Idade Média, grosso modo nos cinco séculos que precederam a passagem do Milénio, para o diferenciar do espírito que queria para o seu tempo. Os Historiadores gostaram muito da expressão e modificaram-lhe o sentido, designando como Idade das Trevas o mesmo lapso temporal, mas referindo-se à relativa escassez de fontes onde o descobrir.
Foi com os Iluministas, querendo-se monopolistas das Luzes, que outros contornos foram atribuídos à designação - o de tempos política, social e culturalmente sinistros, cheios de jugos opressores e desprovidos de alegria. E, castigando o inventor, adicionaram mais cinco séculos à "escuridão", nela englobando o momento que originalmente se queria contrapor à noção.
Depois da reacção Romântica, que sentia não ser assim, mas era incapaz de detectar cientificamente a base real da edificação da Comunidade, os historiógrafos orgulhosos que só viam progresso na Ciência - e ciência nas suas conclusões - retomaram a hostilidade dos Setecentistas, substituindo a animosidade declarada e algo legítima, porque assente no sentimento pessoal, pelo desprezo ensinado, ao popularizarem o termo "Média", inculcando não se ter tratado senão de um hiato entre os expoentes civilizacionais da Antiguidade e do Renascimento Tardio e Descobertas.
Contra estes lugares-comuns se insurgiu nobremente Cantu. E a investigação contemporânea tem vindo a desmentir a preguiça e má vontade que conduziu a tão grande falsificação da História. Para além da harmonia do Político com o Espiritual e da organização do grupo edificada de acordo com as necessidades de segurança e abastecimento da Época, floresceram centros culturais de primeira grandeza, não só nos conventos como hoje é geralmente reconhecido, como também na invenção da Universidade, a qual era, ao tempo, uma ministração do saber e do método à medida do aluno, não um pronto a vestir para um mercado concorrencial, como nos nossos dias.
Claro que na Contemporaneidade também surgiu uma oposição ao significado desses mil anos, em filhos bastardos do Iluminismo, como o importante Malraux. Escreveu ele que a Idade Média nos deu as duas piores invenções da Humanidade, o Amor Romântico e a Pólvora. Não é bem assim. O Amor dos Castelos e da Cavalaria não era o das lágrimas e desmaios do princípio de Oitocentos. E comparando-o com o que resta hoje, o das mensagens encomendadas para telemóveis, talvez não fosse mau de todo. Resta a Pólvora, mas essa não foi muito usada senão posteriormente. E é outro assunto.

Ano Novo...

...Vida Nova

De uma vida sem fé de nebuloso inverno
Furtei-me sacudindo o gelo da descrença.
Aquece-me outra vez este calor interno,
Esta immensa alegria, esta ventura immensa.

Sinto voltar de novo á minha antiga crença,
Creio outra vez no céu, creio outra vez no inferno,
- Na vida que triumphe ou na morte que a vença -
Creio no eterno bem, creio no mal eterno!

E quando emfim do corpo a alma fôr desgarrada
E procure entrevêr a região constellada
Que aos bons é concedida, esplendida a irradiar,

Ao côro de um hymno triumphante
Abra-se a recebel-a olympico e radiante,
Todo o infinito céu do teu sereno olhar...


do Poeta Brasileiro Emilio de Menezes.
Na aproximação a mais um ano dedico estes versos já antigos Do Que tenho como a verdade sempre nova a todos aqueles que, por falta de força ou alternativa aplicação dela, se investem na negação. Contrariando a intuição dostoievskiana de que se Deus não existisse tudo seria permitido, muito para além da recompensa e punição da acepção imediata, esses que julgo desencontrados abdicam dos pólos orientadores que impulsionam os bons ou maus instintos, rendendo-se à promiscuidade do Além ou da Memória.
Mas é sempre tempo de arrepiar caminho e um ano que vira pode ser a ocasião que desfaça o ladrão, já que o arrependimento sincero corresponde a eximir-se à incidência da eternidade do Mal
de Moretto da Brascia

sábado, 29 de dezembro de 2007

Se Acabamos à Dentada...

Francamente, D. T, inventiva como é, poderia ter ido um pouquinho além e comprado umas prateleiras que proporcionassem a quebra da rotina presente na fascinação da Entropia sem o unhappy end que se prevê na hipótese de a mesma se verificar...
Ou se, pelo contrário, quiser vencer o problema do espaço com conforto e tendo todas as obras mais consultadas à mão, pode optar por esta peça, que Lhe permitiria dizer sem mentir que repousava sobre o Saber!
Agora por dentes, como é de Força, deixo aqui uma alternativa que documenta a inveja causada no Seu alter ego e no herói que nos ofereceu. É Dentol e má nada.

O Caçador de Vampiros

Estão os Leitores habituados a que este bloguista desanque a classe política que suga o sangue do País, mas ignorarão que ele inspirou um combatente contra a vampiragem tout court. Graças à imaginação do Capitão-Mor, aí o tendes, na peugada da Buffy.
Donde terá vindo a inspiração ao Nosso Amigo? Tenho um palpite: quem siga a série americana da Slayer sabe que ela está empenhada numa luta sem tréguas contra o Mal absoluto liderado por um espírito tenebroso chamado O Primeiro. Ora, por cá o Bem igualmente tem de ser mobilizado contra as arbitrariedades do nosso Primeiro... e numa equipa que inclui um vampiro reconvertido, uma bruxa e uma ex-demónio, um réprobo não fará fraca figura...


Direitos De Autor

Cada vez menos me convenço da responsabilidade directa da Al-Qaeda no assassínio de Bhutto. Não pelo temor da infracção das leis tribais aqui dada como razão, mas porque a oranização não costuma ser tímida na reivindicação das acções que servem a sua sinistra propaganda. Sendo fundamentalistas os autores, inclino-me para outra tendência, a das tais infiltrações seguramente existentes nos serviços de segurança paquistaneses, nostálgicas de Zia ou não, operando por conta própria.

Pudor

Não Vos canto já hoje o desejo de um Bom Ano Novo por temer ver-Vos tão angustiados como o melómano acima filmado...

A Corrente Ecológica

Vi, num noticiário televisivo de ontem, a reportagem sobre a chegada da electricidade às primeiras casas das Berlengas, fornecida por painéis solares. E dei comigo a pensar em como a sofisticação tecnológica pode ser amiga da paisagem, se usada contra os produtos dos primeiros anos de cada invenção. Ora vejam como se imaginavam as captações de energias renováveis, Sol e Marés, respectivamente, em 1920...
Seria ou não dramático para um arquipélago de costa com tão escassas ilhas?
Nunca mais Raul Brandão poderia delas escrever: Trespasso-me de cor, de luz, de amplidão.
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Coisas Que Melhoraram Algumas Vidas

Este postal, além de pretender manter viva a razão do link do blogue, constituindo-se em pastiche simplicíssimo de uma rubrica celebrizada pela Bomba Inteligente, visa sugerir à T o que ocupa o trono do Essencial quando os livros são legião, para que não se tornem, por esse facto, demónios. Já que estou com a mão na massa, parafrasearei outro grande Bloguista, o Pedro Correia:
Palavras que odeio: Quase.

E, passando ao acessório, presenteio ainda todos os consumidores de edições encadernadas com este original marcador. No caso da minha Contraparte das desgarradas, serviria, além disso, de régua, para medir os esticões de respostas que por vezes se imagina; e o produto propagandeado seria muito útil a Garbo com dentes a descoberto...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Faraós, Múmias e Camelos

Uf! Depois de um dia de escravo das construções de Gizé, em que se blocos de pedra não carreguei, os substituí bem por sacadas de livros, chego a casa, abro o computador e dou com o Mundo a girar à volta da viagem oferecida a Sarko & Carla por um empresário de comunicação.
Em primeiro lugar, cumpre lamentar que no dia de hoje, em Países Cristãos, se pareça pensar que a Fuga para o Egipto diz respeito a este périplo. Depois, não percebo a admiração, tanto compararam o Presidente Francês ao primeiro Bonaparte que ele, sabedor do episódio célebre do outro termo da comparação, deve ter achado que os quarenta séculos das Pirâmides teriam muito mais gosto em contemplar a Bruni do que os soldados de França. Como diria o célebre professor encarnado por Agildo Ribeiro, aquele que chamava "múmia paralítica" ao vigilante, a BruuuuuuunI!!!...
Depois, não percebo o espanto com o fausto de uma visita que vai cirandar por uma terra de nome LUXOr...
E chegamos à vaca fria, quer dizer, ao momento de falar a sério. Os políticos oposicionistas interrogam-se sobre quais os ganhos que serão dados ao patrocinador, como contrapartida. A questão é legítima e pertinente, já tivemos um caso paralelo com umas férias oferecias a José (então Durão) Barroso por um empresário. A minha resposta é de que o caso português cheirava pior: com personalidades senhoras de uma imagem tão namoradeira das câmaras e objectivas como o casal excursionista, o sponsor pode defender-se dizendo que o seu lucro foi ver o nome associado a eles.
Alguém concebe a mesma justificação tendo por base o actual Presidente da Comissão Europeia?

Resumo

Alegoria da Matança dos Inocentes de Pietro TestaNo dia em que a Santa Madre Igreja Os recorda, podemos ver nos Inocentes massacrados por Herodes uma metáfora dos poderes fracos, que suspeitam de rivais Onde eles inexistem, deixando-se dominar pela falta de dominar escrúpulos de liquidar seres sem culpa. É também o que está presente em governos que legalizam abortos para poupar as dores de cabeça das reivindicações dessa infâmia dentro da sua base de apoio. E, se bem virmos, das administrações que promovem liquidações de espécies animais muito superiores às necessidades básicas, com o fito de manter indicadores económicos sectoriais pujantes e resultados eleitorais que os não derubem. Se a "Fuga para o Egipto" que resta está cada vez mais reduzida ao nosso interior, é consolador verificar que os regimes responsáveis, como o do fantoche dos Romanos, estão longe de ser duradouros.

Ir às Fontes

Mas, T, num País que a Aministração Fiscal faz ficar de taxa arreganhada, o melhor é arreganhar a tacha. Seguindo a retórica do falecido Saddam Hussein, ofereço-Lhe A Mãe de Todos os Sorrisos, comprovando que o Seu papel é de Baby Sitter, ao incluir as carinhas sorridentes nas respostas aos comentários. Se quiser ver como sorrir sob pressão é visitar os Autores, Artbywicks .

Rir É O Melhor Remédio

Dona T., a Greta com que me brindou tem tanto de sorridente como a Gioconda - muita fama e escasso proveito. Para provar que o Riso não é incompatível com Garbo, mesmo na filmografia, sugiro este livrinho...





...onde se encontram exemplos muito mais francos...





...nada incompatíveis com a "Fatalidade" da Femme, como atesta «The Temptress»...





...sendo que até no «Ninotchka» que citou se encontra melhor!



E agora, Júlia?


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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Perigo Crescente

O Assassínio de CézanneNunca gostei da família Bhutto. Além da falta de espinha dos pactos impossíveis, sempre me pareceu prova de uma consciência ética rudimentar a indiferença de tão grande parte da População Paquistanesa perante irregularidades financeiras em proveito próprio; e de uma deficiente maturidade política a falta de sensibilidade face à demagogia evidente dela característica. Porém, desaprovei o enforcamento de Ali, por desproporcionado, uma vez que defendo a pena de morte apenas para os casos da homicídio qualificado. E condeno o atentado contra Benazir, como o faria ao que atingisse qualquer outro político, mesmo o que mais detesto.
Dito isto, quem matou? Os Fundamentalistas Islâmicos? Mas quais? Os dos grupos terroristas habituais? No entanto, o modus operandi difere um tanto, com a intervenção de tiros e a interposição no percurso da viatura... Os infiltrados nos próprios serviços de segurança? Poderia ser, embora me parecesse mais fácil que escolhessem um cenário desprovido dos riscos que um comício oferece. Os meus instintos apontariam para uma vingança de algum adepto de Sharif, cujas manifestações também têm vindo a ser flageladas por violência. Igualmente não descarto alguém da ala dura do regime, descontente com o entendimento do Presidente com uma opositora de anos. Mas não é isto o que interessa mais.
O que se tem de concluir é pelo falhanço do habitual estratagema norte-americano de confiar as tarefas difíceis a governos militares a que puxam o tapete depois de lhes terem servido os interesses, não hesitando em apoiar políticos pouco escrupulosos, veja-se o caso de Chalabbi no Iraque.
E a causa última centra-se no processo de independência do antigo Império Britânico. A superstição de que estados gigantescos e com aparelhos burocráticos fortes seriam o melhor meio de combater a instabilidade religiosa fica completamente desacreditada. Não tivesse havido o Pan-Hinduísmo da União Indiana e a reacção muçulmana de Jinnah, houvesse sido respeitada a traça que dividia os diversos reinos tradicionais, com a cumplicidade do Ocidente aglomerados em países mastodônticos, talvez não se vivesse o temor das armas nucleares a que acederam, nem a gravidade de perturbações ameaçasse com desequilíbrios de tal dimensão.
A exportação do modelo político-administrativo emergente das Revoluções Francesa e Americana foram o sal e a pimenta da demissão descolonizadora. O cozinhado acabou demasiado picante e favorecendo a hipertensão no nosso Mundo.

Fonte do Mal

A Mistura da Bruxa de Michel DoucetO médico Eufemiano Fuentes tem razão em sentir-se injustiçado por toda a gente recorrer a poções de ingestão, imersão ou injecção, melhoradoras dos índices pessoais, de Aquiles aos Irredutíveis Gauleses, de Tristão e Isolda aos consumidores de Viagra e aos chutados protegidos das governações Socialistas, sem que os poderes públicos desconsiderem tais práticas. Dizer que se está perante um tratamento é que é abusivo, porque não visa resposta a qualquer patologia ou deficiência diminuidora, trata-se de artificialmente estender os limites do Homem. Ou seja, falsear a verdade, dizendo que se pode ir até onde limpamente seria impossível e atribuindo os prémios não ao mais dotado fisicamente, mas àquele que frequente laboratórios mais eficazes.
Não há razões para dar um Nobel, fundado por um Convertido à procura da Paz, a quem tenta desvirtuar o instrumento por excelência da prossecução dela que é o Desporto.

A Arma Banida

O Suicídio de Antoine WiertzTanto empenho o dos Iranianos em, devido a aventadas razões de orgulho nacional, acederem à possibilidade de armaento nuclear, preparando-se contra bombardeamentos e sabotagens dos States, deixou-os desatentos a infiltrações muito mais destruidoras do sentimento em questão: as esperanças futebolísticas passaram à História, no momento em que decidiram contratar Artur Jorge como selecionador nacional de futebol. Há coerência em, pretendendo uma arma proscrita, não censurar o emprego de outra na mesma situação pelos adversários. Mas sempre pensei que o Islão proibisse o suicídio...

Inferno Feminino

Lamentação de Elsie RussellClaro, Indulgente Charlotte, que a regra de respeitar o caminho do Próximo seria a atitude inteligente, não invectivando as escolhas diferentes daquelas por que se opta. E seria até o das Feministas Inteligentes, existindo uma espécie fantástica como a enunciada. Não era a esse ser mitológico que me referia, mas ao que se tem à mão. Nem é preciso descer à caricatura das queimadoras de sutiãs. A directora de serviço onde uma Amiga minha trabalha, integrada e triunfante na carreira, não se coíbe de descompor as Subordinadas que escolhem acrescentar o apelido dos maridos, por, na opinião que berra à exaustão, "estarem a trair a luta de tantas Mulheres contra essa subalternização". Em planos diferentes é o que detecto em muitos outros casos, o despudor do ataque intergénero às Muitas que com elas não fazem causa comum.
Por isso duvido sempre da inteligência das sectárias. E quando o disse a uma Simpática Pessoa que se definia como moderadamente feminista, tendo-me ela ironicamente agradecido a parte que lhe tocaria, tive de precisar que os dotes de racionalidade que Lhe reconhecia ancoravam na moderação, não na parte do Feminismo.
Foi esta observação que me fez temer hostilidades dirigidas a uma Adorável Bomba, desse paiol sempre pronto a rebentar.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A Guerra das Rosas

Por que será que me lembrei de Turner e Douglas depois de ler esta provocação?

Não Lhes Dêem Trela

O FBI diz que vai armazenar um monstruoso acervo de dados pessoais, como registos das íris e das palmas completas de nacionais e estrangeiros. Parece excesso de zelo para compensar a frustação de um País que nem um sistema nacional de cartões de identificação com a dedada do indicador conseguiu erguer. E o exame ocular pode conceber-se como torneável, não esqueço o primeiro contacto que tive com a antevisão dele, numa substituição cirúrgica, julgo que de um filme de James Bond. Claro que a segurança e a ameaça terrorista impõem sede de controlo. Mas duvido de que seja eficaz, porque os maiores inimigos do Ocidente são grupos que, para os atentados, recorrem preferencialmente a jovens idealistas virgens de cadastro criminal, ficando os veteranos a dirigi-los de longe, quase que por telecomando. Caso se opte por controlar todos, independentemente do curriculum, estaremos perante um cenário de distopia, em que a vigilância por pulseiras electrónicas seja estendia para além dos condenados. Ou por implantes de chips, em que qualquer indesejável que tente transpor a fronteira faça soar uma buzina, à maneira do que, quanto a mim correctamente, se prepara para as bolas de futebol que atravessam a linha de golo. Mais ainda do que os telemóveis, perspectiva-se um mundo de trelas electrónicas em que a nós cabe o pior lugar.

Aporias da Insolência

Agora é que a Charlotte a fez bonita: vai concitar o ódio das feministas. Ao descrever a insolência como tipicamente feminina, está a reconhecer a excepcionalidade na subtracção ao poder que, putativamente, o Homem exerce. Isto é inaceitável para as que defendem a concorrência com os machos, quer na detenção habitual dos mecanismos de coerção, quer nos tiques.
Percebo o ponto, notoriedade irreverente como mecanismo de sedução, esse ingrediente que propagandeia toda uma gama de cosméticos, de que o perfume é o exemplo mais publicitado. Mas é impossível que as radicais o aceitem, são tão contra o uso da fragrância para agradar ao outro sexo, como opositoras dos nus - de Hillary Swank, no caso - com a mesma finalidade. Querem rivalizar com a masculinidade até nos odores.
Quando a Mulher de Qualidade é como o gato, sabe determinar a dose exacta:
E encantar sem remédio.

O Nome da Rosa

Duas maneiras tão diferentes, mas ambas geniais, de demonstrar que as Rosas também se oferecem a um homem:
Esta
&
esta:

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Bringing Up Babby

Ou «A Christmas Carroll». Não se trata da história do «Filho Pródigo», mas é um regresso a que bem se poderia chamar o da Memória Avara. Ao fim de quarenta anos, a filha do casal de Pintores Bernard e Adele Safran recuperou, através do eBay, um quadro que o pai tinha pintado, de um gato semi-selvagem visitante do quintal da sua infância em Nova Iorque, que, depois de abandonado pelo dono, foi adoptado, emigrando com a família para o Canadá, onde residiu com eles mais nove anos. A história tem contornos curiosos, já que o Chefe de Família proibira as filhas de alimentar o felino, fechando os olhos às transgressões e cedendo ao amor delas para com o bicho, quando as duas meninas comoveram todo o Consulado do Canadá, ao irem lá perguntar se podiam cruzar a fronteira com o Amigo peludo, Babby de sua graça.
A pintura, agora localizada na Florida, é a de cima. Interessante é comparar com a outra, pintada pela Mãe da protagonista. Cada um terá captado o motivo que interiormente lhe surgia como mais merecedor de afecto. ele, a dignidade individualizada do pequeno Ser; Ela, a disponibilidade para dar e receber ternura. Talvez uma condensação das diferenças de funcionamento dos cérebros masculino e feminino...

Dimensões em Fuga

Ponto de Fuga de Nieves SalzmannHá que seguir todo o peso que o Sumo Pontífice, à letra o Supremo Fazedor de Pontes, põe nas palavras, quando, na mensagem natalícia deste ano, conclui pela escassez do tempo e espaço que os homens de hoje têm para os Outros, sabendo-se, em simultâneo, da reedição sazonal do morticínio nas estradas.
Vista de fora, nunca tanta gente teve tanto tempo disponível, nem tão espalhado se encontrou o espaço próprio. Mas é justamente a aplicação desmesurada em consegui-lo, com todo o desgaste e erosão próprios da obsessão pelo sucesso profissional na carreira, que gera a necessidade desenfreada de fugir, procurando lugares outros que os do quotidiano, capazes de facultar a exibição tranquilizadora dos lazeres hiperaproveitados, espremidos até à última gota. Não falo naqueles que se deslocam para estar com familiares ou conterrâneos que não vêem há muito. Refiro-me aos que, cada vez mais, fazem do Natal o que era reservado ao Fim de Ano e ao Carnaval, buscando rumos de férias classistas para espairecer.
É directa consequência da claustrofobia a que se chegou no egoísmo da lufa-lufa citadina, gerador do equívoco da necessidade de descansar dos conhecimentos, quando o que inconscientemente se almeja é a evasão de si. E que demasiadas vezes substitui um encarceramento por outro, o dos cubículos das moradas metropolitanas pelo das carcaças das viaturas acidentadas.

Voz do Povo...

O Menino Jesus Dormindo Sobre a Cruz de MurilloPovo e Artistas se irmanaram na repugnância perante a classe média do pensamento, ensimesmada e negadora do Sobre-humano superador manifestado na terra. A quadra popular bem advertia:

Tu dizes que não há Deus,
Afirmas que nunca O viste.
Inda não foste ao Brasil,
E bem sabes que ele existe
.

E onde o princípio de contradição despeitada é denunciado, o colapso moral é antecipado por João Saraiva:

NATAL

Numas palhinhas deitado,
Abrindo os olhos à luz,
Loiro, gordinho, risonho,
Nasce o Menino Jesus.

Uma vaquinha bafeja
Seu lindo corpo divino,
De mansinho, que a não veja
E não se assuste o Menino!

Meia-noite. Canta o galo.
Por essa Judeia além
Dormem os que hão-de matá-lo
Quando for homem também...

E, pensativa, a Mãe Pura
Ouve, fitando Jesus,
Os rouxinóis na espessura
Dum cedro que há-de ser cruz!...

Para Além das Hostes

A Concórdia do Período deve estender-se a Todos os de Boa Vontade, mesmo aos que, da perspectiva Cristã da Verdade ainda A não hajam visto. Assim, penso no conjunto dos que, sem hostilidade, tentam associar-se ao clima único que do frio tira calor, nesta Altura do ano. Nomeadamente nos que procuram nas forças da Natureza a Transcendência, numa redução a um Denominador Comum do Panteísmo, em especial naqueles vocacionados para o tributo ao Astro-Rei, presente no êxtase perante o Solstício. Dou-Vos, como mão estendida fosse, o Solstício de Inverno, por Mary Ann Boysen. Mas tentaria lembrar que o Divino sem Encarnação é Calor e Protecção, mas carece de Amor, do Tal que no Sacrifício Próprio, em vez da aceitação do alheio, excluiu a lamechice e a crueldade.Outro é o plano daqueles que tentam provocar, lembrando a impossibilidade de determinar o preciso dia do Nascimento de Jesus e a coincidência com o culto solar aureliano como factor de determinação da data. Claro que se trata de uma convenção, mas em nada diminui o Significado. São as convenções que evitam que o homem seja desgraça maior do que é. E a insensibilidade a elas nada acrescenta de bom.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Pavarotti Domingo Carreras - Silent Night

Podem censurar-lhes a popularização de uma música que se foi metamorfodeando em elitista. Mas o Natal é para todos os que O queiram. Que seja Santo, na esteira do Inicial!

Convite Cifrado

Devo esclarecer Todos os Leitores que se arrepiaram ao ver a insistência da T em oferecer-me pó branco com que escapar à Dor, de que não vale a pena chamar a brigada de luta contra o narcotráfico. O mesmo visitante que citei no postal anterior diz:
Os portugueses gostam que o assado e mesmo a caça mais fina seja excessivamente cozida e se reduza por assim dizer a pó.
Era, vê-se agora, um elaborado convite para jantar! Pena que não tenha optado por esta marca, depois do que escrevi da consonância das Rosas com a Época e conhecidas as minhas convicções monárquicas...

Não Se Derretam!

A língua viperina que por cá andou nos tempos de El-Rei D. João V, Merveilleux de seu nome, descrevia assim a voracidade dos nossos apetites:
Devo advertir os estrangeiros que devem usar de prudência quando recebem qualquer gentileza da parte dos portugueses. Não é conveniente precipitar-se e fazer um convite modesto, porque esta gente acha mal que não se lhe dê um banquete à sua maneira. Se é a estação dos perus devemos servir a cada um o seu peru. Vi muitas vezes um português engolir uma perdiz, um frango, uma galinha, e não deixar de comer todas as iguarias de que a mesa estava repleta...
Portanto, Meus Caros co-rivais de Obelix, atravessando o período áureo da deglutição peruesca, o meu conselho para a Consoada é simples: não consumam delícias que evidentemente Vos consomem, seja na quantidade ou na espécie. Como o boneco de neve que não olhou para o presságio que o nome comportava..

O Reverso Como Verso

A Sagrada Família de Simone CantariniSe eu ainda fosse capaz de ter um sonho, gostaria que a Humanidade e Compaixão de que nos lembramos no Natal não suscitassem o sentimentos maus que acham ser a resposta certa à insuficiência de um gesto sem continuidade. Em suma, que o sofrimento ou a contemplação dele não fizessem piores uns e outros.
De Arthur Lambert da Fonseca

POEMA DE NATAL

Amo-te
nas crianças com frio,
com os pèsitos sujos e roxos
que se escondem nos sombrios portais.
E, cínicas, fazem troça da minha piedade,
Porque serem amadas é para elas a fraqueza
d´alguém que desconhece a essência trágica do mundo
de que elas são a flor comovedora e triste.

Amo-te
nas crianças com fome
que esmagam o narizito vermelho
contra a vidraça espessa e gelada das montras,
mais entontecidas pelas cores garridas
que desejosas dos estranhos paladares
para elas desconhecidos.
E que se ririam de mim se eu entrasse e lhes desse
Tudo aquilo que desejam... porque desconheço
que para o estômago das crianças pobres as guloseimas
são só coloridos álacres e brilhos ofuscantes.