Cálculo de Probabilidades
Tinha ontem pensado publicar, a propósito do aniversário de Trintignant, um pequeno postal versando a problemática do único «Vermelho» magnífico que conheço, na medida em que o Benfica é encarnado, como convém lembrar, para evitar confusões. Encarnava um Juiz retirado e desiludido que passava o tempo a ouvir gravações de escutas, com fins exclusivamente pesoais, embora sem a abjecção da venalidade. Nisto vêm os Venerandos Desembargadores da Relação de Lisboa decidir que qualquer um que contacte com o suspeito de um crime pode ter o telefone sobre escuta, desde que haja uma probabilidade razoável de falar sobre a matéria conexa. Ora, estabelecer este limite ou nenhum é igualzinho. Como é que se reconhece antecipadamente a probabilidade de um tema de conversa? Só se, à partida, for dada como critério a ideia feita sobre determinado indivíduo. Aí sim, tendo como adquirido ser Fulano incompatível com certo assunto, se poderá eliminar a necessidade de o escutar. O que é subtracção ao juízo, em função de um julgamento informal prévio.
Devo acrescentar que me sinto perfeitamente confortável com o Big Brother auditivo. Nunca ponho a minha vida particular nos telefones e a pública quero que seja ouvida pelo maior número de gente possível. Parece-me, alíás, um bom meio de publicitar o blogue. Mas uma coisa me parece evidente: se um escutado se tornar, graças a uma conversa, suspeito, por sua vez, de cumplicidade ou encobrimento, todos os que estiverem em contacto com ele poderão, em acto contínuo, ter os respectivos aparelhos cuscados. O que fará desta hiperauditividade um factor mais de coerência, na multiplicação e alastramento desenfreados que grassam neste mundo dos vírus aterrorizadores, da clonagem e das cópias-piratas. Com a agravante de não buscarem satisfações meramente filosóficas.
Devo acrescentar que me sinto perfeitamente confortável com o Big Brother auditivo. Nunca ponho a minha vida particular nos telefones e a pública quero que seja ouvida pelo maior número de gente possível. Parece-me, alíás, um bom meio de publicitar o blogue. Mas uma coisa me parece evidente: se um escutado se tornar, graças a uma conversa, suspeito, por sua vez, de cumplicidade ou encobrimento, todos os que estiverem em contacto com ele poderão, em acto contínuo, ter os respectivos aparelhos cuscados. O que fará desta hiperauditividade um factor mais de coerência, na multiplicação e alastramento desenfreados que grassam neste mundo dos vírus aterrorizadores, da clonagem e das cópias-piratas. Com a agravante de não buscarem satisfações meramente filosóficas.
6 comentários:
Gostei dos três: do Branco, do Azul e do Vermelho.
Querida T,
Também gostei muito da série, um pouco menos do «Branco» que dos outros, mas apenas por achar que o registo de comédia não quadra tão bem na fotografia do tríptico.
Um dos meus desgostos foi não conseguir que o Meu Amigo Alce partilhasse em privado esta preferência e que João Bénard da Costa a tivesse recusado em público. Das sugestões que Lhe fiz por carta para os «Filmes da Vida» que ele produziu em «O Independente» foi a única que rejeitou.
Também gosto muito do «Azul», com uma utilização do regresso do "leitmotiv" da composição sobre a qual ainda pretendo um dia escrever.
Beijinho
Então escreva:)
Bj
Vou pensar nisso. O Diabo vai ser o F.Santos, que não gosta da Binoche.
Beijinho
Como é que se consegue não gostar dela?
Bj
Tenho de deixar a resposta para o Nosso Amigo. Creio que a acha repetitiva e politicamente correcta de mais.
Jinho
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