quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Paragem de 27

Por que carga de água, nesta Quinta-Feira 13 que melhor iria sendo Sexta, o pensamento me leva repetidamente até uma certa carruagem de Rethondes, onde foram assinadas, em cada uma das guerras mundiais, as rendições de partes opostas? Será pelo que os senhores da Europa hoje se preparam para firmar?

Numa Lisboa promovida a cadafalso havia antigamente a rivalidade cerrada entre os transportes da Empreza Previlegiada Ripert e os Choras. Também hoje, quando ridiculamente se procura promover a cúpula de uma nova entidade supra-nacional uma burocracia demolidora dos traços característicos de cada País, vivemos a oposição dos privilégios que se concedeu e do pranto dos povos que se prepara para oprimir ainda mais.

No futuro já não será possível levar a cesta do lanche, por ASAEsca determinação de anti-higiénica. Veja-se a decadência, dantes bastavam uns quantos muares para puxar o carro, hoje são precisos milhões de burros, sujeitos às chicotadas de tão lamentáveis cocheiros. Por pura coerência marcaram a comezaina para o Museu dos Coches, onde os atrelados não faltam.
Claro está que nestes transportes ninguém nos permitirá tirar a assinatura.

6 comentários:

Anónimo disse...

Nem mais, Caríssimo Amigo; também me veio à memória a tristemente célebre carruagem. A assinatura de hoje, feita contra a vontade das populações (mas não são todas essas assinaturas feitas contra a vontade das populações?), lembra-me mais a que antecedeu a tristemente célebre Conferência de Versailles, que gerou o que gerou, e o maldito tratado «constitucional» é mais um «diktat» a recordar os infames 14 pontos de Wilson para a Europa (Woodrow Wilson, assim como Mandell House, Cecil Rhodes e J.P:Morgan pertenciam à mesma máfia que hoje assinou o funesto papel).

Só que esta gentalha europeísta parece esquecer a segunda assinatura de Rethondes: aquela de 22 de Junho de 1940, resultante directa da anterior.

É que esta gentalha aculturada parece esquecer que a dissolução forçada de soberanias leva inevitavelmente à emergência de nacionalismos, tal como se viu em 1933 e, mais recentemente, na ex-Jugoslávia.

É que não me apetece ver um novo Adolfo a dançar no Claustro dos Jerónimos, após a assinatura da rendição dos europeístas. No entanto, não seria mal feito... para os europeístas, claro.

Um grande abraço para o meu Amigo, neste dia de luto (carregado).

JSM disse...

Caro Paulo Cunha Porto
Hoje tinha que o visitar, neste dia de sorrisos e processos de intenção, Portugal transparente como sempre, a puxar a carroça com alma, e logo uma parelha, parece até que esta união ( e este tratado) foi feita para nós! Se amanhã a europa admitir mais algum funcionário público já sabemos que é português! Sabe, meu caro amigo, deve haver um tempo antes de acontecer o imprevisto (previsível), em que todos têm razão! Deve ser este o tempo.
O seu postal é profético e divertido.
Um abraço.

O Réprobo disse...

Também não gostava nada dessa perspectiva, Meu Caro Carlos Portugal. E traz muitíssimo bem à colação a ex-Jugoslávia, pois com tanta sede de agregação, pode bem estar nas Kosovadas vergonhosas que os desgovernos europeus forçam, para se imaginarem uma Política Externa Comum, o princípio do fim da União: se o precedente pegar, a fragmentação atingirá outras zonas, como directa consequência do Reformador happening.
Abraço amigo

O Réprobo disse...

Meu Caro JSM,
que alegria vê-Lo por cá, neste deprimente dia! Claro que o dueto da corda dos dois anti-estadistas do Internacional Porreirismo quereriam cavalgar os equídeos que fazem de nós. É uma capitulação de tudo o que ainda resta da dignidade definidora, já que a soberania decisória anda há muito pelas ruas da amargura.
Vai uma apostinha em como vão começar já a pensar em mais um aprofundamento institucional? É o contrário dos fundadores da CECA e até da CEE, que procuravam resolver problemas concretos, construindo em bases sólidas, enquanto que estes apostam na levitação dos enquadramentos jurídicos como sustentáculo. Até que lhes caiam em cima. O problema é que nós podemos estar muito próximos.
Forte abraço

Bic Laranja disse...

Depois de os entreguistas de 75 terem assinado a capitulação em 86faltava entregar os despojos. Ora aqui tem.
Não sentia este arrepio cá dentro desde que vi arriar a bandeira em Macau. Que desconsolo!
Cumpts.

O Réprobo disse...

Meu Caro Bic Laranja,
a comemoração toda é reveladora dos profissionais da liquidação. A partir de agora terão de mudar de ramo, para o da sucata. Nada que os incomode. Doravante, vai começar a desagregação, com o precedente que se preparam para reconhecer ao Kosovo. Depois a Bélgica, sabe-se lá se não chega cá. Ainda acabamos em países diferentes, por morarmos emconcelhos diversos.
Arrepiemo-nos ao arrepio desta gente.
Abraço