Descobrir a Pólvora!
Transitando directamente do postal anterior, temos de concluir que localizar na Idade Média a descoberta da pólvora não será propriamente tê-la descoberto, senão no sentido em que já o estava havia muito. Sexto Júlio Africano (Séc. III) dá uma descrição de mistura de salitre, enxofre e carvão presente na China antiga, reforçando os cálculos dos que a fazem remontar a oitenta anos antes da nossa Era, ou ainda mais atrás.
Contudo, apesar do parentesco com o fogo grego de Constantinopla, que terá garantido a milenar sobrevivência do Império Romano do Oriente, só muito mais tarde foi empregada em larga escala no canto europeu ocidental. De notar que o segredo dos Bizantinos foi mantido durante séculos, mas, conhecido pelos Árabes após análises aturadas, não só ditou o fim dessa Civilização Cristã, como foi por eles empregue para transfornmar em desastre para os promotores a Sexta Cruzada, de S. Luís. O que deveria fazer pensar duas vezes os que, hoje em dia, não sentem receios de facultar armas destruidoras, ou a possibilidade delas, a culturas hostis...
Contudo, apesar do parentesco com o fogo grego de Constantinopla, que terá garantido a milenar sobrevivência do Império Romano do Oriente, só muito mais tarde foi empregada em larga escala no canto europeu ocidental. De notar que o segredo dos Bizantinos foi mantido durante séculos, mas, conhecido pelos Árabes após análises aturadas, não só ditou o fim dessa Civilização Cristã, como foi por eles empregue para transfornmar em desastre para os promotores a Sexta Cruzada, de S. Luís. O que deveria fazer pensar duas vezes os que, hoje em dia, não sentem receios de facultar armas destruidoras, ou a possibilidade delas, a culturas hostis...
Gravura de Vittorio Zonca, mostrando um sistema de moagem de carvão numa fábrica de pólvora do Século XVII
Em Portugal foi certamente usada, como meio auxiliar, no cerco de D. Afonso Henriques a Lisboa, discutindo-se se o terá sido em Aljubarrota, sendo décadas poseriores as referências feitas a tal hipótese.
O tempo do nosso maior poderio correspondeu também ao das grandes disponibilidades do explosivo produto no Nosso País, como no Reinado de D. João II, tendo vindo os Reis Católicos a ser socorridos com grandes suprimentos do preparado, idos de Portugal, na conquista de Granada.
Foi D. Manuel I que, correspondendo às crescentes necessidades bélicas, mandou instalar na Barcarena a mais conhecida das fábricas lusas desta matéria, sob o nome de Ferrarias d´El Rei, vindo o indispensável salitre do nosso Império, em especial da Índia, mas também de Macau, Benguela e Brasil, por superior em qualidade ao que se poderia obter por cá. Porém, a mais recursos correspondem maiores necessidades e, com o decorrer dos séculos, viemos a ficar dependentes de importações da Holanda, o que se tornou particularmente grave quando entrámos em guerra com essa Nação. Lições a ter em conta por quem nos nossos dias convive bem com a dependência da ajuda estrangeira em sede de meios de Defesa...
O que a Holanda tirou um Holandês repôs. Já nesse tempo se burlava o Estado e disso foi acusada a 3ª geração de concessionários da família Sousa Azevedo, passando a exploração para o nativo neerlandês António Cremer, o qual desempenhou a contento o novo cargo de Intendente das Pólvoras do Reino, no que foi sucedido pela Viúva, D. Catarina Cremer de Wanzeller, coisa que deveria fazer pensar duas vezes aqueles que perfilham do preconceito de suspeitar a existência de obstáculos legais à Mulher como Empresária, na ordenação pré-burguesa.
Depois foi o declínio, entre explosões trágicas e construções novas, restando hoje o interesse turístico de uma beleza local a visitar, veja-se a fotografia do canal de alimentação das azenhas da Fábrica de Baixo.
Quer o capricho da simultaneidade, fonte de todas as coincidências, que saia este post no momento em que chegam notícias de festejos grandes com fogos de artifício para saudar o Novo Ano. No Porto faz-se mesmo gala de um acontecimento piro-musical, desejando-se que a primeira parte da designação encontre o seu motivo nos fogos explosivos e não na piroseira...
As imagens e a maior parte da informação foram encontradas em «A Fábrica de Pólvora de Barcarena», publicado pela Câmara Municipal de Oeiras e da autoria de António de Carvalho Quintela, João Luís Cardoso, José Manuel Mascarenhas e Maria da Conceição André, que se recomenda.
Quer o capricho da simultaneidade, fonte de todas as coincidências, que saia este post no momento em que chegam notícias de festejos grandes com fogos de artifício para saudar o Novo Ano. No Porto faz-se mesmo gala de um acontecimento piro-musical, desejando-se que a primeira parte da designação encontre o seu motivo nos fogos explosivos e não na piroseira...
As imagens e a maior parte da informação foram encontradas em «A Fábrica de Pólvora de Barcarena», publicado pela Câmara Municipal de Oeiras e da autoria de António de Carvalho Quintela, João Luís Cardoso, José Manuel Mascarenhas e Maria da Conceição André, que se recomenda.
25 comentários:
Texto bom de se ler. Oportunas as chamadas de atenção para o facto de que a História se pode repetir...
Beijo
Oportuna colaboración lusa a la heróica Toma de Granada.........
Excelente texto! Ora aí está um local onde passava muitas tardes de ócio...
O texto está fantástico nota 10. Mas ouve lá vê se escreves bem o teu link andei perdida até hoje por teres colocado blqspot ai ai..
Olha desejo-te um feliz 2008 com votos de que consigas realizar todos os teus sonhos. Beijinhos
Obrigado, Querida Cristina.
É sempre bom tirar da História o que nos ajude no Presente.
Beijo
Tempos em que os Reinos da Cristandade juntavam esforços para empresas comuns, sem a ineficácia burocrática e partidária, Meu Caro Filomeno.
Abraço
Ehehehehehe, olhe, Meu Caro Capitão-Mor, que os nossos amigos dentuças da testa franzida podem ter a mesma ideia...
Abraço
Querida Adryka,
raios! Esta digitação minha só é superada pela distracção!
Muitos beijinhos gratos.
ÓPTIMO 2008 PARA TODOS!
Igualmente........
Para todos nós!
Beijos a todos os frequentadores da casa
Estive a ler outro dia uma série de coisas outro dia, sobre o problema das fábricas de pólvora em Lisboa e dos incêndios e exlosões que provocavam. Um dos autores sugeria que o afastamento para Barcarena era para arredar da capital o perigo desta indústria.
Bom ano a todos, bjs
Obrigado, Caro Filomeno. Que a Espanha, Salamanca e Tu Próprio sejam bafejados com tudo o de melhor.
Abraço
Querida Cristina,
estou certo de que essa dedicatória é o melhor Motivo para justificar a referida frequência...
Lá vai um, como pálida retribuição
Querida T, Mas esta já era muito antiga. Deveria a passagem referir-se a uma centralização nela de outras que coexistiram durante muito tempo. No Século XIX foram bastantes as explosões, com mortes e tudo.
Bjinho
Amigo Réprobo: en la España de hoy, el hecho de que no te pongan la cara en tu propia casa como un "Ecce Homo" (como al gran José Luis Moreno)es un todo un prodigio..........Ab.
Não sei querido PCP. Mas irei confirmar. Não sei se li isso no Matos Sequeira. Beijinho
Grande artigo, sim senhor. Aprende-se muito aqui.
Há tempos cirandei por Barcarena. E seguir a E.N. 250 (acho que é esta, sim) pelo vale ao longo da ribeira até Caxias é agradável.
Cumpts.
Meu Caro Filomeno,
os tempos mudam a uma velocidade assustadora. Pode ser que o que aí vem seja muito melhor.
Ab.
Investigadora Amiga,
confirme pois, para harmonizarmos os nossos dados.
Agradecidíssimo pelo elogio, Meu Caro Bic.
Não desencantará imas fotografias antigas da zona, para temperar com a Sua Mestria?
Abraço
Conhece o Lisboa e os seus serviços de incêndio de Ferreira de Andrade?
Conta a guerra do Senado com os polvoristas e o grande incêndio de 1655.
Mas no Matos Sequeira, Depois do Terramoto, Volume IV também se conta esta saga.
Bjs
Eu renho o «Depois do T.» Vou desencantá-lo e completar o quadro.
bj.
Volume IV
:)
Tomei nota, sim.
Bj.
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