Axiologia da Dissuasão
Medo de Guido Viaro
Atribui-se aos Romanos a conformação com a máxima se queres a paz, prepara a guerra. Para quem cresceu num ambiente ensombrado pela contenção de uma potência ideologicamente expansionista por um guarda chuva nuclear, uma dualidade de alternativas em que era impossível não perder, faz pena ver o Ocidente desorientado e insistente na exclusão da Rússia da participação em escudos defensivos que projecta instalar às portas dela. Não há razão para tal: nem existe já a ameaça da Revolução satelizante exportada para os quatro cantos do Mundo, nem a situação em meros termos estratégico-nacionais é preocupante, com Ucrânia, Bielorrússia & C.ª constituindo-se em almofada de segurança contra qualquer devaneio de alargamento territorial à custa da NATO.
Assim, os bombardeiros de que Putin fez recomeçar os passeios merecem alguma condescendência, porque reacção dissuasora de quem sente apertados os calos. O que é novo e triste, triste e novo, é a tónica da ameaça tirar o seu alcance maior dos custos que intercepções de rotina implicam. Em tempos idos os Citas enviaram aos Persas - que supunham preparar-se para invadi-los - uma carta "ideogramática" composta por uma ave, uma toupeira, uma rã e cinco setas. O significado seria Persas, sabeis voar como as aves, esconder-vos sob a terra como as toupeiras, saltar pelos pântanos, como as rãs? Se não, não nos façais guerra, porque as nossas setas vos arrasarão. Há um significado profundo a retirar da diferença entre ontem e hoje: a prevenção firmada na tecnologia de antanho aludia ao conhecimento dos limites humanos, a sua epígona deste segundo Milénio refere-se somente ao solitário aspecto a que a demo-tecnocracia presta atenção - as possibilidades da respectiva bolsa. Até que alguém inove e vá para a guerra a crédito.
Atribui-se aos Romanos a conformação com a máxima se queres a paz, prepara a guerra. Para quem cresceu num ambiente ensombrado pela contenção de uma potência ideologicamente expansionista por um guarda chuva nuclear, uma dualidade de alternativas em que era impossível não perder, faz pena ver o Ocidente desorientado e insistente na exclusão da Rússia da participação em escudos defensivos que projecta instalar às portas dela. Não há razão para tal: nem existe já a ameaça da Revolução satelizante exportada para os quatro cantos do Mundo, nem a situação em meros termos estratégico-nacionais é preocupante, com Ucrânia, Bielorrússia & C.ª constituindo-se em almofada de segurança contra qualquer devaneio de alargamento territorial à custa da NATO.
Assim, os bombardeiros de que Putin fez recomeçar os passeios merecem alguma condescendência, porque reacção dissuasora de quem sente apertados os calos. O que é novo e triste, triste e novo, é a tónica da ameaça tirar o seu alcance maior dos custos que intercepções de rotina implicam. Em tempos idos os Citas enviaram aos Persas - que supunham preparar-se para invadi-los - uma carta "ideogramática" composta por uma ave, uma toupeira, uma rã e cinco setas. O significado seria Persas, sabeis voar como as aves, esconder-vos sob a terra como as toupeiras, saltar pelos pântanos, como as rãs? Se não, não nos façais guerra, porque as nossas setas vos arrasarão. Há um significado profundo a retirar da diferença entre ontem e hoje: a prevenção firmada na tecnologia de antanho aludia ao conhecimento dos limites humanos, a sua epígona deste segundo Milénio refere-se somente ao solitário aspecto a que a demo-tecnocracia presta atenção - as possibilidades da respectiva bolsa. Até que alguém inove e vá para a guerra a crédito.
4 comentários:
Si vis pacem, para bellum (proverbio latino)
Era esse mesmo, caro Çamorano. A qualidade dos receios que se procura despertar é que decaiu muito da Antiguidade para cá...
Abraço
Quem faz guerra a crédito é bom que pague. Senão... aumentam-lhe a taxa de juro.
Cumpts.
Ehehehe, Caro Bic. Já são comprados submarinos em leasing, não é? E como fica o spread no caso que refere? Constituirá modificação dele um justo motivo de intervenção?
Abraço
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