sábado, 1 de setembro de 2007

Setembro

Woody Allen captou bem a melancolia que emana do mês, no filme homónimo. Para mim, que ainda não empreendi os balanços íntimos a que os personagens se prestaram, há muito que essa tonalidade lhe estava adstrita: era a altura do retorno anual aos ciclos interrompidos, com os nostálgicos temores da irrepetibilidade dos momentos bons e o infantil receio da repetição dos maus.
Neste de 2007, o primeiro sem meu Pai, invade-me o desconsolo da devastação ígnea da Terra a cujo Passado real e miticamente vinculamos o melhor de nós. Além de diminuir os Vivos de hoje, ameaça mais uma profusão de indícios desses tempos gloriosos tão afastados. São apenas ruínas que desaparecem? Mas as Ruínas constituem pilares do culto e da especificidade, como resistências à erosão deles.
Somos nós que nos perdemos, pela cosumpção das referências, neste nono mês em que damos por uma outra significação de "fogo grego", depois de haver sido arma e metáfora do Espírito.

3 comentários:

O Réprobo disse...

Ponham o "n" en coNsumpção, por caridade.
Grato

Anónimo disse...

Bom Dia!
Por aqui está um calor que não costumava associar ao mês de Setembro,embora já me vá habituando ao facto de as coisa,mesmo em termos do tempo "já não serem o que eram".
"Setembro"é um dos não muitos filmes de Woody Allen que nunca vi(mas lá que fiquei vontade de ver,isso fiquei-vou procurar o DVD),pelo que a ele não posso reportar-me;no entanto,não quero perder esta oportunidade para dizer que este sempre foi para mim um grande mês.
Desde os meus tempos de pequena,em que era,sem dúvida,o melhor das Férias Grandes.Era o tempo em que gostava de ir todos os trinta dias para a praia.Esse gosto continuou durante os tempo do Liceu,quando,nos últimos dias,já começava a ficar impaciente pelo regresso às aulas.
Mas tudo acabou aí.Quando fui para Lisboa,perdeu-se o gosto pela praia e a urgência de voltar à Faculdade.
Por variadíssimas razões,foi nessa altura que a Vida se alterou.
Mas hoje Setembro continua a ser um mês de que gosto,embora já não seja aquele Grande Mês.
Beijo

O Réprobo disse...

Ainda bem Querida Cistina que o mês era razão de satisfação, não alinhando pelo diapasão do vago abatimento, ou inércia, que olhar para trás pode provocar.
E, realmente, costumava ser a suavização do tórrido quando hoje marca um regresso dele. Já nem Setembro é como antigamente!
Beijo