terça-feira, 18 de setembro de 2007

Dilema dos Diabos

É tão complicado atribuir ao Dr. Kouchner desígnios de desamor ao Próximo, depois do seu protagonismo à frente dos Médicos Sem Fronteiras, que os protobombistas nucleares de Teerão, para dizerem alguma coisa, tiveram de apontar uma ultrapassagem no discurso do que até aqui vinham dando como Satan. Para além da perda de credibilidade de um regime clerical que apregoa agora uma maldade maior do que a do Demónio, esvai-se, igualmente, muita da força de dar todos os duros como seguidores de Washington. É tão impossível nas tomadas de posição como no plano físico algo mover-se à frente e atrás de outro corpo, em simultâneo...

4 comentários:

Anónimo disse...

Tenhamos medo...
Beijo

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
não que se perdesse grande coisa, considerando aquilo em que nos tornámos, mas não acharia graça alguma a ver aqueles fanáticos a rir.
Beijo

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo:

Há aqui um jogo de enganos, como quase sempre na política mundial. Não que o Irão não seja uma ameaça. Na verdade, talvez seja ainda maior do que se pensa, pois já está armado com ogivas nucleares vendidas pelos russos e pelos chineses. E em breve, se não me engano, irá estar armado com as novas bombas de sucção (fuel/air) russas de 44 quilotoneladas, bombas não-nucleares mas com os mesmos efeitos devastadores.

O programa nuclear iraniano destina-se a suprir as deficiências em energia eléctrica do país e desenvolver futuras armas nucleares «locais», caso o fornecimento externo seja posto em causa.

Outro dos equívocos é o próprio teor belicista (independentemente da razão) do discurso do Dr. Kouchner, tido como pacifista. Por que é que não foi o próprio Sarkozy a fazê-lo? Para não levar um «puxão de orelhas» dos russos, como aconteceu ao «médico sem fronteiras»?

E, Caríssimo Paulo, creio bem que qualquer líder ocidental está bem ciente do perigo. Agora ir espicaçar um autêntico vespeiro, ainda por cima possuidor de ferrões letais, acho extremamente imprudente de uma pessoa na posição do Dr. Kouchner. Imprudente e leviano, nada próprio dele.

Com os fanáticos é preciso sempre uma abordagem cuidadosa. Com os fanáticos armados, ainda mais. Firmeza e cautela.

O «cartoon», a propósito, é excelente!

Abraço.

O Réprobo disse...

Só vejo um problema no que diz, Caríssimo Carlos Portugal: com fanáticos a subtileza não pega. Um embaixador inglês junto de Hitler, não tenho a certeza se Henderson, diz que certa vez, gabava-se o Führer da capacidade militar germânica que "lhe permitiria invadir a Inglaterra", pelo que melhor seria um entendimento entre os países de ambos, perguntando de seguida o que pensava o diplonmata a respeito.
Este, respondeu com o habitual humor:
"Mas Senhor Chanceler, eu sou escocês, ficaríamos encantados se tal acontecesse".
Ao que, em vez do sorriso esperado, obteve esta resposta:
-Nunca pensei que o ódio entre as duas Nações fosse tão forte!

Não acredito que o Irão já tenha capacidade bélica nuclear, tal como nunca acreditei que o Iraque tivesse armas de destruição em massa, no imediato pré-guerra. Por uma simples razão: poderes desta natureza, o que têm usam.

Quanto a ter sido Kouchner e não Sarkozy, é simples, ao primeiro é mais difícil de colar o rótulo de serventuário dos americanos; embora pudessem pegar pelo filo-israelitismo, sabe-se bem que o que aqui se joga é muito mais do que a sorte da Palestina.

Achei descritivo, o cartoon, com efeito.
Abraço