quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O Que É Doce Nunca Amargou?

Que há dias para tudo é facto indesmentível. Hoje, ao abrir a TV, num daqueles programas familiares, o da manhã da TVI, fui informado de que se celebra o Dia do Pão de Ló. Muito justo, que a Idade do Desperdício que atravessamos, sobretudo no que se refira à Classe Política, só suporta a descritiva comparação de mais valer sustentar (outros) burros a pedaços da obra de pastelaria mencionada. Mas tempos houve, não demasiado recuados, em que, fazendo jus à sua significação originária, a de tela pura e rara, se usava como auxiliar de comemorações, um pouco como o Champagne da primeira globalização, ou o nosso Vinho do Porto, tradicionalmente adstrito a momentos dignos de memória. Por isso também o invoco, visando celebrar o regresso da T, enquanto não nos dá notícia das leituras estivais. Nessa onda de festejo, a travessia do Canal da Mancha por Baptista Pereira foi comemorada pelo respectivo agregado com o famoso Pão de Ló de Alfeizerão, o tal que só tinha afamados rivais no de Margaride, perseguida terra que sob a designação de Felgueiras saltou recentemente para a ribalta por piores e criminais motivos, como no de Ovar, que, entretanto, tinha de suportar a concorrência de outras obras de doçaria.
Altura que considero conveniente para convocar uma entrevista de 1949 do Mestre Confeiteiro Severino Mateus, no seu tempo tido como recordista da produção de broas, bolo de coco e... pão de ló, os quais opunha aos cremosos produtos em ascensão entre a mocidade gulosa da altura. Confessava nem sequer os provar, circunstância que confere reforço de razoabilidade a quem advoga deverem os barmen ser abstémios.
E, para cúmulo, conta o episódio de uma encomenda para repasto solene a que compareceriam ministros e outros figurões do regime implantado em 1910. Em concorrência com duas casas rivais, lembrou-se de fazer em doce o busto da República. Diz que ficou muito bem, até que, à primeira facada, veio tudo abaixo, o que durante dias foi tido como sinal de uma tentativa de restauração Monárquica coeva que, segundo ele, fez a coisa estar "por um triz".
Caso para dizer que a previsão vai com noventa e tal anos de atraso. E ainda querem que goste de açucarices?

4 comentários:

T disse...

Agora fiquei desvanecida:)
Contarei das leituras sim.
Mais logo, pela noitinha.
Beijinhos e muito obrigada pelo pão de ló.

O Réprobo disse...

Ora Essa! Não por tão pouco!
E toca a desbobinar!
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Paulo,

tem l� no meu blogue uma surpresa para si.

beijinho

O Réprobo disse...

Vou já contactar com esse Magnífico Privilégio, Querida Júla.
Beijinho