Inquietação
- Eu sei - respondeu a Guardiã do Saber. - Lembro-me sempre do nome do senhor.
- (...) - tão embasbacado como sentindo lisonja, não sei se terei grunhido alguma coisa.
- É que eu também me chamo Paula
- Ah!
- E tive um professor parecidíssimo consigo...
- Que também era Paulo, imagino - adiantei para apagar a expressão apalermada e mostrar um pouquinho de sagacidade condescendente.
- Que também se chamava Paulo Porto!
Com esta é que fiquei varado. Não só a ideia de ser único ficava fortemente abalada, como me assaltaram todas as prevenções centro-europeias contra os momentos sinistros em que o nosso duplo, o doppelgänger, dá sinal de si, prenúncio de catástrofes, anúncio de tomada do nosso lugar e apagamentos semelhantes. Isto não é ficção, passou-se há um par de dias. Pela primeira vez agradeci aos Céus a parte de vigarista que há em mim, já que, para me tranquilizar, revelei-me um indivíduo pleno de recursos, ao insistir para comigo que, provavelmente, eu é que seria o "duplo do Outro" e estaria ainda para chegar o momento em que, manifestando-me, o fizesse passar por angústia paralela.
Neste contentamento de ser sombra persisto, faltando só que me leia o aludido e me desengane, recebendo esta boleia blogosférica em plena auto-estrada de mim.
Mas nas vias rápidas não se pode parar, ou pode?
12 comentários:
Las ventajas de "haber colgado" la foto del autor en la Net.......Ab.
eheh
como o entendo!...
(não pense nisso: o Paul é o original) o outro é um cromo qualquer :-)
Lembrei-me da minha história pessoal. eu sou Júlia e para "desgraça" minha, na minha familia paterna as mulheres são todas Júlias. A confusão era tão grande que quando criança um dia me perguntaram o nome,eu decidi inventar um outro nome que pensava ser exclusivo. Assim nasceu a Gi!!
beijinho
Júlia
Cautela! Se os impostos do outro não estão em dia ainda vê o seu nome na lista. Cumpts.
Uuuuummmm, Caro Çamorano, a Menina em questão não deu qualquer sinal de reconhecimento por esse lado e parece um bocadinho demais que alguém com nome parecido tenha adaptado o rosto ao deste bloguista. Para o futuro pode é conduzir a um susto, do quilate do que apanhei.
Abraço
Querida Gil, digo Júlia,
mas o petit nom é genial! Dava até uma boa assinatura em blogue!
No que me toca não foi só a angústia da perda da individualidade, temo pelacarga negativa associada à aproximação dos decalques desconhecidos.
Beijinho
Meu Caro Bic,
e mesmo estando...
A fúria tributária é bem capaz de querer cobrar a dobrar...
Números de contribuinte diferentes resolvem-se com "erros informáticos". Logo, se o homem tiver um rendimento considerável sem retenção na fonte, espero péssimas notícias...
Abraço
Paulo,
Já pesquisou no google o seu nome?..
o melhor é agarrar-se ao argumento de que os nomes têm a personalidade de quem os carrega.
Todas os Paulo´s têm pronunciação diferente :-)
bem querer
Bom argumento, decerto, Querida Júlia. Mas e se a personalidade do "meu duplo" for tão repetida como o físico e a graça?
Muito do mesmo
Pelo menos,D.Pablo,não lhe mutilaram o nome,coisa que tem feito inúmeras vezes àquele que os meus pais me deram:ele é Ceistina,Cistina,e agora,por último,e a gota de água que faltava,CrUstina ;isto é mesmo uma cruz... ;diga-me lá o que tem contra o nome,que tenta-se fazer alguma alteraçãozinha :)
(tá bem que eu mesma já uma vez o alterei para Cri :) )
Beijo
Querida CRISTINA,
isto de teclados com us ao lado dos is só pode dar uis...
Beijo
Ainda estou a rir. Também tinha notado o Crustina. Força Cristina!
Júlia gosto de Gi. Mas Júlia é dos nomes mais bonitos que há:)
Beijinhos, estava com saudades vossas.
E nós,então!
Júlia, para além de vir a calhar, por causa da Personagem interpretada por Diana Quick na série falada no postal anterior, era uma das mais ilustres famílias da Roma Antiga. Belas Remissões, é o que é...
Bjs.
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