Inspirar, Expirar
A Musa do Músico de Stanislav Plutenko
A neurose coeva faz muito artista incapaz de adorar a Fonte do próprio criar, fruto da viciação em prolongar o estado de pesquisa, essa segunda identidade da carência, como reflexo da Vida, concretizando-o na redução da capacidade de amar ao que não corresponde a interesse manifestado. Mitificação que pretende fazer do influxo inspirador uma entidade convivencial que o próprio possa influenciar, substituindo assim pela discussão interminável a adoração de Outrora, que proporcionava Arte de melhor qualidade. Vaidade atormentada que rejeita o que se oferece, mas não prescinde de imaginar-se fixação do sopro que permite voar, como se o silêncio frustrante resultasse da tristeza cansada e não apenas da indiferença.
De Jorge de Sena
A neurose coeva faz muito artista incapaz de adorar a Fonte do próprio criar, fruto da viciação em prolongar o estado de pesquisa, essa segunda identidade da carência, como reflexo da Vida, concretizando-o na redução da capacidade de amar ao que não corresponde a interesse manifestado. Mitificação que pretende fazer do influxo inspirador uma entidade convivencial que o próprio possa influenciar, substituindo assim pela discussão interminável a adoração de Outrora, que proporcionava Arte de melhor qualidade. Vaidade atormentada que rejeita o que se oferece, mas não prescinde de imaginar-se fixação do sopro que permite voar, como se o silêncio frustrante resultasse da tristeza cansada e não apenas da indiferença.
De Jorge de Sena
PASSAGEM DA MUSA
Ó minha Musa, cuja nudez destrói
o vão sentido intérmino dos dias!
Quando ao crepúsculo reflui a vida
Em tuas sombras pelo corpo nu,
não chores nunca a luz com que iluminas
as flores e as árvores, o estio próximo
da noite audível sobre as folhas secas.
De uma varanda sobre o val´do mundo
ouço teus passos crepitando tristes.
E o vento agita os ramos mais esguios,
ao longe, muito longe, de onde vens.
Pelas cidades, no limiar difuso,
quem adivinha teu silêncio imenso
tapa os ouvidos com pavor de ti.
O pensamento cobres, como aos mortos,
da fina seiva que em teus membros brilha.
(Passavas, e a teus pés era o antigo
altar dos povos emigrando atentos.
Mas nas fogueiras logo havia um centro
de cada tribo para a noite em volta.
E, então, passsavas, muito ao longe, iluminada
face da lua, sempre a mesma, sobre
os campos do futuro, onde viriam
crescer espigas veniando fartas).
Tudo tu viste; e os estertores conheces.
Tudo tu sabes: e o dizer esqueces.
E as dores te doem,
como se as desses.
Não chores nunca, Musa! Passa! Passa!
2 comentários:
Bem.. este pareço eu danadinha da Vida com dores e sem dormir... Até nos tons de azul e tudo! O criaturo está é magriço eu pareço um peixe "lua"!!
Querida Luar,
só não rejeito as comparações porque o confessado propósito do Autor era retratar a inspiração...
Que prejudica um pouquito o sono, mas lá está não se pode fazer omeletas sem partir ovos...
Beijinho
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