A Angústia da Interpretação
Quando se manifesta não já na psicanálise mas na hermenêutica é um caso sério. Não é tão fácil determinar o sentido desejado pelo Autor, como sugerir um a que o Cliente adira: a propósito deste contra-postal da T, fico sem saber se "otomana"
Ou se o vocábulo é uma sátira a outro divã, o da minúscula, auxiliar das terapias psíquicas que venho aproveitando para estas brincadeiras. No caso de ser esse o rumo, e porque das bonecas se partiu para vaidades em feira, seguem, além de um dos femininos brinquedos, um móvel confortável que dá pelo citado nome de sabor turco e um espelho, onde todos os pequenos e superficiais orgulhos se podem mirar.
Mas porque a otomanice foi dada como algo de que eu seja "senhor", transportei-me de imediato à minha fantasia preferida, a da Odalisca, aqui em versão de Léon François Comerre, cujas glórias ocorreram nos haréns celebrizados pela Nação cujos destinos dependiam da Sublime Porta.
A menos que tenha a Querida Amiga ficado picada com a corda a fazer andar a Dama da imagem do post anterior, caso em que terá escorregado para um episódio adicional da Guerra dos Sexos e, para tanto, invocado as Manas Otto, nativas da Pensilvânia ao serviço do Exército dos EUA, com respectiva transposição para o Português.
Perante leque tão vasto de opções só a Artista da Blogosfera poderá fazer interpretação autêntica...
16 comentários:
Hum!!! o ataque:)
Claro que era a otomana objecto...Bem não sei se a outra também não o será.
Já vai ver.
Beijinho
Independentemente do post ter referências específicas (por ser uma resposta) está muito divertido! O Paulo é um mestre com as palavras, que envolve na sua imensa cultura e resulta nisto: momentos deliciosos.
Beijnhos
Objecto, Querida T? Não foi o Baudrillard que falou no impéro que eles exercem sobre nós?
Bjinho
Querida Xantipa,
é uma satisfação imensa saber que agradei. Há que aproveitar os blogues para umas jogatanas que nos ponhjam de boa disposição, caso contrário para que serviriam? Já basta o que basta.
Beijinho
Que engraçadas imagens! que levam a pensar que no mínimo é curiosa a conexão entre o sofá e a psicanálise, entre os otomanos e o veículo espacial adoptado pelo Fundador, para nos levar aos desvendamentos do inconsciente, segundo São Freud.
No fundo quem se alonga no "freudinho" (delicioso termo português sobre o qual Lacan não se debruçou devidamente ...) alonga o seu desejo obstaculizado e reprimido por mui estruturadas e graves instâncias (como um férreo Super Ego), por isso é legítimo que cereja no topo do bolo, no caso vertente, sobre o sofá esteja uma representante de Eros.
Na esperança que nos ofereça mais sofás, com creme, e posteriores conexões à geografia, história dos costumes, e sofás nossos contemporâneos - em suma, uma Súmula Panorâmica do Estado Reclinado - se não é pedir muito, cá fico à espera, repimpado na minha otomana que já atravessou 4 gerações, com cíclicas mudas do veludo, devido a pertinaz e sustentado ataque do gatil.
O que torna evidente que o sofá além de suporte de desevendações do desejo tabém é objet de désir da nobre raça felina, com base astral em Sírius, ao que parece. (o que son e vero é bene trovato)
Rui Coelho de Alvellos
Peço desculpa e corrijo, devido a reumatismo já avançado fugiu-me a gralha. Assim a última linha no meu italiano incerto de luso devia ser, (espero que vá certa agora):
se non é vero é bene trovato
RCA
Caro comentador adoptando identidade de maestro com nome afinado (alquimicamente falando),
a artrite também terá feito das suas no Português, mas não é isso que interessa, apenas cumpre salientar que aqui não se anda na esteira de São Freud, com super-egos ou sequer egos relevantes. Apenas se dá voz ao irmão Fraude, que tem a franciscana vantagem de não ser pago e algum afecto transbordante para dar, como a amizade, ou, nos casos menos vocacionados para ela, a indulgência.
O meu gatil também ataca os ditos móveis estofados.
Quanto ao Baudrillard :
« La séduction représente la maîtrise de l'univers symbolique, alors que le pouvoir ne représente que la maîtrise de l'univers réel. »
Beijinho, ando na ronha da resposta eu sei.
E por cá, Querida T, as poltronas da sala estão crivadas mais crivadas de arranhadelas que as caixas de comemtários da Luar 1.
Vive la séduction, donc. Outra via para realizar não ser o Poder o melhor bocado.
Beijinho
Já está.
Bjo
Caríssimo: quanto às manas Otto, com este apelido e os traços arianos, serão certamente mais representativas dos povos germânicos do que da caldeirada étnica dos EUA. Ou são oriundas de emigração recente ou as famílias não misturaram muitos genes, quiçá ainda lembradas das recomendações do Dr. Alfred Rosenberg...
Neste caso resultou, e ainda bem, pois as moçoilas são extremamente agradáveis... hehehe... (ai, ai, a esquerdalha ainda me vai acusar de racista, nazi e sei lá o que mais...)
Um abraço.
Caro Réprobo,
Sem dúvida a artrite prolonga~se pelo centro de Broca, no cérebro (responsável pela linguagem), pelo que me penitencio pelo deslustre do português por si tão certeiramente assinalado.
Mas Freud, tiro-lhe o Sâo, com que embica, inevitavelmente ficou ligado às perso-góticas manas Otto, como diz com graça, cindindo o sofá em Oriente-Ocidente, o Carlos Portugal.
O Irmão Fraude tem piada, mas contando com a amizade e devoção de São Francisco (o meu gato), não espero indulgência dele.
Quanto ao maestro que indica, não era Alvellos, de facto. E afino com ele. Não com Giordano Bruno ou muitos de que o meu amigo, se me permite, gosta.
Não querendo a sua indulgência nem podendo ter a amizade do irmão Fraude, no entanto formulo os melhores votos pela sua saúde e continuação do seu blog que me diverte e interessa e faz pensar,
Rui Coelho de Alvellos
Para a gentil T, de facto, o gatil tem hereditariamente Direitos Universais sobre Estofos, Cortinas, Tapetes & Outros Elementos das Casas em que consentem que estejamos. São de Sirius, cada vez me convenço mais e nós os seus engraçados bípedes de estimação.
Meu Caro Carlos Portugal,
pode bem ser, aquele país é um cadinho de culturas. Embora a maior colónia germânica esteja no Minnesota, nada impede que num estado do Norte industrializado como a Pansulvânia s encontrem outros tantos.
Abraço
Sobre indulgências e amizades, quem dá o que pode a mais não é obrigado.
Sirius e Doris Lessing.
Dar o que pode equivale ao que apetece dar, não é caro amigo?
Em abstracto concebo situações que não. Meste caso, certamente.
Bj.
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