terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Dopings da Vida

O caso do Champix que pede um anúncio em tudo idêntico ao dos maços de tabaco a que se opõe é muito mais grave do que simplesmente reduzido ao perigo que encerra, ou ao caricato da comparação. Na nua medida em que revela a fragilidade actual, que precisa de recorrer a um fármaco para deixar um hábito, tal como na suspeita de que os seres acossados precisam de se vingar no rolinho que fumam para suportar a vida. Como prazer fumar merece respeito. Como calmante que estimule a capacidade de suportar, coarctando a de reagir, merece tão pouco como a capitulação da vontade perante a perspectiva de deixar o vício. A transformação de um humano em autómato determinado pela química adicionada dá o retrato perfeito da sociedade contemporânea, adormecida pelo papel, das mortalhas, como dos boletins de voto.

2 comentários:

Capitão-Mor disse...

Noto que por aqui o fundamentalismo anti-tabágico dos EUA, está a ser imitado em larga escala, o que muito me desgosta...
O cigarro relaxa-me, mas creio que ainda não me tolda o espírito e acredito ter força de vontade para parar quando bem entender.

O Réprobo disse...

Assim é que deve ser. O Meu Pai fumou dois maços por dia, durante quarenta e cinco anos. Aos Setenta disse que ia deixar de fumar no dia seguinte e fê-lo, sem cair em depressão alguma. Esta é um luxo dos amolecidos pela nicotina.
Abraço, Meu Caro Capitão-Mor