Matéria Temporal
A Imaculada Concepção de El GrecoO Papa lançou um apelo importante aos Cristãos para se não deixarem levar pelo Consumismo.. E numa perspectiva completamente diversa da dos insurgentes do Maio de 1968, os quais, justamente indignados pelo Mundo dos Papás em que a fruição tinha descambado na tentativa de obter encanto e influência pela exibição do gasto, em que o automóvel, a alta fidelidade e a Mulher eram instrumentos para se ser considerado, não tardaram em cair na esparrela da oferta dos consumos alternativos da droga, da psicanálise e da indústria pop/rock, com o conceito comunitário a transferir-se para a sede geracional.
A Sociedade de Consumo não tem o seu traço mais característico na aquisição de muitos bens, mas na escassa durabilidade daqueles a que se acede. A música que é o contrário da perenidade clássica, a clínica que não visa a cura, mas uma explicação, o que se ingere, digere e evacua. Nesse sentido se verga à abolição do Presente numa acepção vizinha da que encontramos em Pascal:
Se um homem examinar os seus pensamentos verá que se referem todos ao passado ou ao futuro. Raramente pensamos sobre o presente; e se acaso o fazemos é para colher dele elementos que preparem o futuro. O presente nunca constitui o nosso objectivo. O passado e o presente são os nossos meios, só o futuro é o nosso alvo. Deste modo nunca vivemos, apenas esperamos viver. Preparando-nos constantemente para ser felizes no futuro, perdemos a oportunidade de sê-lo no presente.
Não é já a fugacidade do tempo que impede de congelar o instante de modo a aumentar-lhe o papel na pressão sensitiva, mas a incapacidade de valorizar o bem de cada momento que, levando a um extremo perversor o tempo psicológico agostiniano, confere ao Presente a sinonímia de coincidência com os limites temporais do prestígio que se ambiciona obter dos contemporâneos.
Gera-se assim o pior dos paradoxos, em que a hiperbólica tentativa de se vender impede de considerar o Outro pela integralidade de Si e acaba por obliterar a própria potência realizadora do Eu no Próximo, circunscrevendo à mediação da imagem própria que se emite ou à alheia cujo domínio se transmite a ilusão de exercer, como Georges Hourdin sagazmente viu.
É neste contexto que o apelo do Papa é actualíssimo, ao apresentar o Dogma da Imaculada Concepção como ideal Único do Amor sem cedência à vaidade própria da ínfima temporalidade, a que se esgota no prestígio, na posse e no desejo. Sabe quem me segue que não caio no angelismo de abater a exaltação do Corpóreo, mas igualmente é certo que sempre me tentei furtar à aceitação mecânica das cópias dele, desprovidas dos laços que acrescessem. Afinal os que reduzem a consumir-se, nesse onanismo de algum Marketing.
O Homem Que Consome de Ricardo Santos Hernandez
A Sociedade de Consumo não tem o seu traço mais característico na aquisição de muitos bens, mas na escassa durabilidade daqueles a que se acede. A música que é o contrário da perenidade clássica, a clínica que não visa a cura, mas uma explicação, o que se ingere, digere e evacua. Nesse sentido se verga à abolição do Presente numa acepção vizinha da que encontramos em Pascal:
Se um homem examinar os seus pensamentos verá que se referem todos ao passado ou ao futuro. Raramente pensamos sobre o presente; e se acaso o fazemos é para colher dele elementos que preparem o futuro. O presente nunca constitui o nosso objectivo. O passado e o presente são os nossos meios, só o futuro é o nosso alvo. Deste modo nunca vivemos, apenas esperamos viver. Preparando-nos constantemente para ser felizes no futuro, perdemos a oportunidade de sê-lo no presente.
Não é já a fugacidade do tempo que impede de congelar o instante de modo a aumentar-lhe o papel na pressão sensitiva, mas a incapacidade de valorizar o bem de cada momento que, levando a um extremo perversor o tempo psicológico agostiniano, confere ao Presente a sinonímia de coincidência com os limites temporais do prestígio que se ambiciona obter dos contemporâneos.
Gera-se assim o pior dos paradoxos, em que a hiperbólica tentativa de se vender impede de considerar o Outro pela integralidade de Si e acaba por obliterar a própria potência realizadora do Eu no Próximo, circunscrevendo à mediação da imagem própria que se emite ou à alheia cujo domínio se transmite a ilusão de exercer, como Georges Hourdin sagazmente viu.
É neste contexto que o apelo do Papa é actualíssimo, ao apresentar o Dogma da Imaculada Concepção como ideal Único do Amor sem cedência à vaidade própria da ínfima temporalidade, a que se esgota no prestígio, na posse e no desejo. Sabe quem me segue que não caio no angelismo de abater a exaltação do Corpóreo, mas igualmente é certo que sempre me tentei furtar à aceitação mecânica das cópias dele, desprovidas dos laços que acrescessem. Afinal os que reduzem a consumir-se, nesse onanismo de algum Marketing.
O Homem Que Consome de Ricardo Santos Hernandez
31 comentários:
E eu que acabei de comprar a segunda série do Rome, collants para a sobrinha e um sortido de mercearias boas como só o Corte Ingles tem!
Este de omissão não foi seguramente:)
Mas tem razão, eu sei.
Bj
Gostei muito de ler esta sua reflexão, Paulo. Obrigada por ela.
Fez-me lembrar António Gedeão no longo poema sobre o Natal,sempre actual.
Esta quadra para mim é longa e penosa...
beijo e bem querer
Querida T,
o mal claro que não está em cosumir, mas em Só consumir e em consumir-se no consumo, ehehehehehe.
Beijinho
Querida Júlia,
eu do Natal, pela significação religiosa, ao contrário de datas de alegtia condicionada laicas, como o aniversário ou Ano Novo, gosto. Este será difícil, porque o primeiro sem o meu Pai. Mas o segredo estará em não nos deixarmos transformar nuns Scrooges.
Beijinho
Exactamente por me dizer muito, é que se torna penoso. Faz lembrar os que já não estão no reino deste mundo.
Também gosto do Ano Novo,eu gosto de festas :-)
beijinho
Querida Júlia,
sim temo o que venha a sentir, nos dias mais intensos da Quadra.
Beijinho
Não tema porque não estará sozinho. Os que nos amam nunca nos deixam assim. Disso tenho a certeza absoluta, bj
Querida T,
uma certeza que é um bálsamo.
Beijo grato
Meu Caro Filomeno,
deixo que seja a Doña Teresa a responder-Te. O que Ela disser para mim estará bem.
Abraço
E o meu caro Filomeno: Acha que nos conhecemos ou não?
Esta é uma curiosidade minha:)
Pois eu nasci não muito longe da Galiza:)
Risos
Pois é.......
Pois:) Aqui está sol e ai?
Hoy ni una nube ni un chemtrail........
O que é um chemtrail?
Los "cifroes" que dejan los aviones en el cielo al pasar.....
Ah..os riscos no céu:)
Cuidado, algum descodificador de inteligência estrangeira pode inferir do Vosso cruzadismo temático que é só fumaça...
Bj. e abraço
Isso era o Pinheiro de Azevedo.
Querida Tê,
Nós continuamos à espera da sua resposta a Don Filomeno. Não adianta vir com fumaça, riscos, descodificações nos céus,estado do tempo, com intuito de nos distrair.
Não saio daqui sem a resposta:
"Don Paulo e Dona Teresa conhecem-se? "
Se não responder, fica já avisada: colocarei uma enquête no meu blog para saber a verdade :-)
Tenho dito
Querida Júlia,
proponho que publique na coluna lateral de «O Privilégio dos Caminhos» uma sondagem, para saber da opinião dos Leitores sob o magno assunto que domina a blogosfera - esse.
Beijinho
Querida T,
o que traz à baila outra citação da mesma Fonte: "o Povo é sereno".
E peço desculpa por ter roubado a Júlia ao «Dias Que Voam». Para honrar a promessa Ela vai acampar cá, enquanto as Afinidades durarem...
Jinho
Querido Paulo,
Mas era isso mesmo que eu referi e me proporei fazer - uma sondagem/enquête.
beijinho :-)
Beijinhos aos dois.
Por mim pode roubar o que quiser:)
ai é?
Que rica amiga,hein?
inhos
Querida Júlia, queria eu dizer que aproveitasse o elemento de página que o blogger proporciona. Ainda bem que já o contava fazer.
Beijinho
Meninas,
é que este antro é casa comum.
Beijinhos às Duas
Bem, eu vou dar mais um dia à nossa amiga.
Entretanto, se a resposta não chegar, criarei a sondagem e armarei "o maior barraco".
Força, Querida Júlia. Terei muito gosto em ser o Khdaffi de Tal Anfitriã.
Beijinho
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