domingo, 2 de dezembro de 2007

O Papel de Ogre

Não me deixo levar pela onda que quer colocar Putin e Chávez no mesmo plano. Não verto uma lágtima pelos perigos para a Democracia, porque não gosto de sistemas de partidos, sejam de um dominante, ou de vários alternando. A forma como tratem os opositores não me comove meia, porque um opositor não pode queixar-se de ser maltratado por um regime que, consequentemente, conteste. E os que se queixam deles não se limitaram a mandar bitaites, organizaram-se e manifestaram-se contra. As origens de ambos poderiam até concitar a minha simparia, pois os serviços de informação e as tropas especiais são das raras reservas de escol a que pode recorrer um Mundo tão desprovido dele. Também não me oriento por critérios de eficácia económica, próprios de tecnocratas. Agora, as linhas de força que veiculam fazem-nos divergir completamente, no meu apreço: no plano interno o Russo apresenta-se com a proposta de unir a Comunidade Nacional, contra as agressões externas e as clivagens domésticas. O Venezuelano, ao contrário, quer atirar os seus compatriotas uns contra os outros, através da sempre hedionda vingança com que atiça os desvalidos.
Na Política Externa o Senhor de Moscovo não verga aos interesses norte-americanos e oferece-se como possibilidade de outra aliança à Europa. O de Caracas pensa que a retórica desequilibrada contra o vizinho do Norte colhe mais se meter os Europeus no mesmo saco e os afrontar com insultos e abraços aos inimigos declarados da nossa Civilização, por coincidência comungando dos valores dos mais conhecidos adversários armados do Grande Vladimir.
Dizer que estão no mesmo plano ou é masoquismo ou areia para os olhos. Gosto do da Direita, nem um poucochinho do outro.

4 comentários:

Flávio Santos disse...

E que pensas do apoio mais que tácito de Putin ao projecto nuclear iraniano?

O Réprobo disse...

Vejo sobretudo a recusa da liderança e dos termos americanos do controlo. Combinada com a escusa na cedência do material de ponta pretendido por Teerão é mais uma moeda de troca do género "deixem de chagar-nos pela actividade de contra-insurreição no Cáucaso, se querem que vos libertemos as mãos no Golfo Pérsico"...
Abraço

Anónimo disse...

Ah, como é divertida a diplomacia...Nós também já fomos grandes nesse Jogo...

O Réprobo disse...

Quer quando grande potência, quer mais tarde, jogando, com Salazar, habilmente as pedras no tabuleiro da voracidade das ditas, Meu Caro TSantos. Não há mal em ficar pequeno, desde que não sejamos nós a cortar-nos as pernas. Mas é sempre possível prosseguir com autonomia, desde que se saiba mexer com as fraquezas dos maiores.
Abraço