As Cores de Lisboa
Ou não fossem elas o preto e no branco, em boa harmonia. Continuação da leitura deste mui proveitoso livrinho, desta feita incidindo sobre o capítulo da População Negra de Lisboa.Desde o pioneirismo do Infante D. Henrique que as visitas dos potentados africanos distinguidos com excepcionais benesses pela Corte Portuguesa foi uma constante, trazendo, em troca, escravos como presente, coisa que deveria ser lembrada aos políticos dessa origem mais rebarbativos do nosso tempo. De resto, é o contraste entre a repulsa dos visitantes estrangeiros do Setecentismo, com Link a dizê-los um quarto dos habitantes e Yung classificando-os a todos como ladrões e o bom modus vivendi com os brancos, progressivamente emancipando-se e ascendendo, pelas confrarias protegidos. Até ao ponto de se tornarem favoritos dos Soberanos e preferidos das multidões, que os aplaudiam especialmente nas procissões (S. Jorge à cabeça) e como intervaleiros dos espectáculos taurinos. A solitária tentativa de segregação popular era bem ingénua: dar lugar apartado no chafariz às Lavadeiras de Cor, com medo (sabêmo-lo por outra leitura) de que escurecessem a roupa branca... Como a reacção à passagem da Procissão do Terço, onde só os clérigos eram de linhagem europeia, em que as Senhoras espirravam forçadamente, convictas de estarem a fazer espírito, já que acreditavam "os pretos incapazes de espirrar". Abençoada cidade em que o racismo se continha nestes limites...
Mas se era assim quanto ao comum deles, o mesmo se não passou com os três Príncipes que, no Reinado de D. João V, armaram escândalo e pancadaria numa Secretaria de Estado que era suposto visitarem pacificamente e dentro de horas que não quiseram respeitar. O Povo então cantarolou:
Três Príncipes vi brigar
que não valiam três réis
Ou seja, na Equação da História a maioria estava para o Rossio dos nossos dias, como a elite passageira e importada está para os participantes de uma certa cimeira...
Mas se era assim quanto ao comum deles, o mesmo se não passou com os três Príncipes que, no Reinado de D. João V, armaram escândalo e pancadaria numa Secretaria de Estado que era suposto visitarem pacificamente e dentro de horas que não quiseram respeitar. O Povo então cantarolou:
Três Príncipes vi brigar
que não valiam três réis
Ou seja, na Equação da História a maioria estava para o Rossio dos nossos dias, como a elite passageira e importada está para os participantes de uma certa cimeira...
4 comentários:
Esse livrinho parece apetitoso.
Bj
Estou a gostar muito. Um manancial de informação.
Bjinho
Acho que é a primeira vez que vejo Gustavo & Pastor, mesmo que em caricatura (do R. Vieira, não é?). Ab.
Dele mesmo, Caríssimo! Isso é que é olho! E, já agora, é mesmo o tipo de livro que tu gostarias de ler.
Abraço apertado
Enviar um comentário