quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Deprimente

Lua Escura de Antoine de VilliersA descoberta de terem os anti-depressivos usados nas perturbações psíquicas menos graves efeitos equivalentes aos de pastilhas de água e açúcar, residindo toda a sua capacidade terapêutica nos efeitos psicológicos que despertem nos afectados, vem uma vez mais confirmar as raízes da fragilidade contemporânea. Fizemos de nós umas plantinhas de estufa, sempre abertas a padecer em função de factores extrínsecos aos ciclos físicos e mentais que incomodam e diminuem, ficando absolutamente viciados num reconhecimento da importância que sentimos devida, nem que seja sob a forma de uma prescrição médica de pragressíssimos medicamentos.
Placebo por placebo, antes receitar a cada ameaçado de depressão a feitura de um blogue. O exercício ajuda muito, desde que não fique cativo da atenção de que, numérica ou individualizadamente, se julgue credor. E sempre é melhor do que confiar em que, para as dores da Alma, vale expediente idêntico ao utilizado para resolver as da cabeça, com recurso a uma fraudulenta parente da aspirina.

12 comentários:

MySelf disse...

É muito mais saudavel, sim senhor! Só é pena por vezes a escassez de tempo...

Anónimo disse...

A feitura de um blogue pode reduzir
a tendencia para a neurastenia e a
depressão.
Mas um pouco de Mar, um pouco de Sol,um pouco de brisa e um bom grupo de Amigos
é a melhor terapeutica para superar
os dias turbulentas desta nossa Era.

Beijinho

Constança

fugidia disse...

Meu caro Réprobo,
estou com a Constança.
A melhor terapeutica é andar, andar bastante, se possível ao pé do mar, com sol.

Um blog tem muitas vantagens e distrai, é certo, mas tem o defeito de nos deixar muito parados (ou sentados...), agarrados ao p. c. e numa aparente "relação social" que julgamos dominar mas que, a mais das vezes, nos domina e nos fecha em nós mesmos.
:-)

(P. S. Ter que ser "tratador/a" de criaturas pequenas com energia suficiente para, ligadas a um gerador, dar electricidade a todo o planeta também ajuda muito a esquecermos as nossas pequenas depressões...):-p

O Réprobo disse...

Sem dúvida, Querida Myself, E não devemos deixar que ele nos roube o que deve ser dedicado a coisas mais importantes. Não possuindo a virtude da bilocaçáo, ao contrário de Santo António, cumpre ser arrumadinho, tentando encontrar momentos para fazer a perninha blogosférica.
Agora, recorrer aos fármacos deixa, pelo que a observação me permitiu apreender, em estado imprestável para qualquer das actividades concorrentes.
Beijinho

O Réprobo disse...

Claro que o ponto de vista de D. Constança tem du vrai. Vale que não são actividades que se excluam!

O Réprobo disse...

Querida Fugidia,
por isso não cesso de alertar que há muita vida para além da blogosférica!

Acredito piamente que devotar-se à formação dessas Esponjas de afecto e aprendizagem que muitas crianças são contribua sobremaneira para o equilíbrio interior, na medida em que nos exime à obsessão de nós.
Beijinho

Anónimo disse...

Fugidia

Grande actividade essa que permite colocar sintomas depressivos bem ao longe.Isso e o mar e o sol que tanto gosta como eu
e algum uso da blogosfera
e temos uma pessoa feliz
Caro Sr.Réprobo a obsessao de nós
fechar-nos-à contemplaçao do outro
ao enriquecimento com o outro.
O outro tudo o que entenda por
amizade e afecto.

Constança

fugidia disse...

Cara Constança,
o mar e o sol tenho tido pouco, mas actividades não me faltam, é só escolher :-)

Não sei se há pessoas felizes; há, sim, momentos de felicidade, muitos, mesmo: assim haja capacidade (e sensibilidade) para nos apercebermos deles...
:-)

Luísa A. disse...

O blogue, caras Comentadoras e caro Réprobo, é, para mim, o perfeito passatempo: estimula-me a ler, fornecendo-me excelentes textos e excelentes indicações de leitura; estimula-me a ouvir música e a aprofundar os meus gostos, para que possa seleccionar a sua música de fundo; estimula-me a fazer longos e diversificados passeios, à caça de boas imagens; estimula-me a escrever, de vez em quando – e fá-lo-ia muito mais se pudesse dedicar-me a ele em exclusivo; estimula-me, enfim, a manter esse convívio «epistolar» moderno ( mais conciso), que nos propicia estas boas «amizades intelectuais»... Estou muito contente com o meu «hobby» e já não sei o que é sentir-me aborrecida há muito tempo. :-D

O Réprobo disse...

Sem dúvida, Querida Luísa, que a procura de ingredientes espicaçada pela necessidade de publicar, tendo em vista servir o bate-papo virtual com Quem estimamos é das maiores alegrias que se tira da blogosfera, afinal uma tertúlia sem alguns incómodos das de factura antiga.
Beijinho.

ana v. disse...

Caríssimo,
Por "excesso" de vida extra-blogosférica (tudo se inverteu, não é?) não tenho tido tempo para vir aqui muito, com grande pena minha. Mas concordo consigo: placebo por placebo, antes um blog, que é mais barato e bem mais divertido do que o divã de um psicanalista ou o relambório químico de um psiquiatra! Com conta, peso e medida, claro, mas isso é aplicável a (quase) tudo na vida...
E... "pragressíssimos"? O que eu aprendo consigo, meu amigo!!
;)
Um beijinho

O Réprobo disse...

Já se sabe, Querida Ana, o equilíbrio é fundamental. Penso que blogar é expediente muito melhor porque, embora possa criar dependencia, não trará o esvaziamento da habituação nem a diminuição das exigências que as alternativas que focou acarretam.

Quanto à palavra feia, quer por equvalência, quer por adstringência fonética, rima com "placebos".
Beijinho