quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Fontes e Males

Pandora de WaterhouseTenho pena de discordar de Quem gosto, mas calar seria cobardia. O Miguel Castelo-Branco atirou-se à Geração de Setenta que, quanto a mim, é o melhor que o País intelectualmente produziu. Acho-o Injusto, Miguel. Diz que eles inventaram a Decadência, quando nem ovo ou galinha a questão é. Ela estava lá, inteirinha e reconhecida universalmente, num Fontismo de melhoramentos materiais que não satisfazia minimamente as aspirações de imagem de quem pensava. A maioria das pessoas e os Seus vergastados com ela, davam-na em confronto com o Tempo das Índias, mais tarde o Integralismo vê-la-ia começando na própria Expansão, o que me agrada, por achar que quando um Povo precisa de mais do que o espaço em que vive é o princípio do fim. Foi da conjunção de esforços civilizadores da Dinastia Filipina que surgiu Iberismo de Oliveira Martins, saudoso de uma importância que desapareceu após a perda da unidade.
Mas tenho a sensação que o Seu postal visa principalmente Alguém que não entra no grupo da fotografia. Antero. Só ele, da geração, entrou na onda que refere, de sobrevalorizar o papel da Inquisição e levantar uma Questão Judaica caseira. Mas isso não foi inventado por esta leva, senão herdado de Herculano. E o Iberismo que o Autor das «Causas...» alardeava, esse sim assanhado, era maldição ideológica dos partidos, aqui sob a capa de federalismo anarquizante, enfermando dos problemas que crera exclusivos dos do regime - a esterilização do Homem.
Foram também os partidos que vitimaram o esforço dos Vencidos: antes do mais por terem acreditado poder governar numa partidcracia, muito constitucionalmente assentes nas Câmaras, com Vida Nova de Lobo d´Ávila e um Progressismo parlamentar tomado de assalto, antes de veteranos da intriga, quais Mariano de Carvalho e Emídio Navarro, esquecerem as desavenças para garantirem a coutada. Junqueiro resvalaria de deputado desse grupo para uma outra partidite no fim renegada, a Republicana. Agora os outros? Tudo fizeram para, com o Rei - e não contra ele - savarem o País das facções. O grande erro foi não terem sido o que o Miguel diz que foram, quer dizer, não terem enveredado pelo Autoritarismo, terem entrado em composição com as eleitoralices, a ponto de o pensamento Martiniano se rebaixar às tiradas de cartola eleitorais de um Gonçalves Chapeleiro.
No mais, foram Servidores do Paço lealíssimos como Sabugosa e Arnoso, ou até Ramalho, hostis ao Rei? E Soveral que recuperou internacionalmente prestígio para um cantinho da Europa dado como nulo?
Diletantes? Por gostarem de jantar em sítios de evidência? Mas olhe que nenhum outro movimento intelectual foi tão fecundo como o deles, precisamente a pecha apontada ao diletantismo e que os visados parodiaram em Fradique Mendes.
Aquele que não gostava tanto da vida mundana é, paradoxamente, o que, pela brevidade da detença em cada ponto de exame e os saltos que logo dava para outros pólos de interesse, mais se aproximaria do estigma que deitam sobre as diletantices. Aponto-O como o fez, com intuito nuanceado, a torrente de génio que Eça foi:
Era Antero!

E em PS, para melhor ironia, peço-Lhe, Miguel, que volte a desgostar dos partidos. Não basta afixar no Blogue que se não tem um. É preciso combatê-los.

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