quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Uma História Moral

O Autor da frase genial mais pessimista que conheço é Georges Simenon, que faria hoje anos: Gostava de estar seguro de que nenhum acontecimento histórico me espera amanhã. Não consigo deixar de esperar, no sentido de desejar, meia dúzia deles, pelo que essa renúncia a querer algo da esfera pública é o que me afasta de certa anarquia pessoal e nada revolucionária que, noutros traços, estimo. Mas há perigo visível nela e o próprio escritor o pintou, sem sistematizar, nesse inexcedível retrato de como a quebra da habitualidade pode precipitar uma excessiva ideia de si e originar o crime como compensação anímica, numa das maiores obras da Literatura contemporânea que é «O Homem Que Via Passar os Comboios».
O muito mundo que conheceu fê-lo embirrar com toda a proposta partidária e com os poderes e programas internacionalistas, que fazem de um homem o inverso da árvore, quer dizer, um ser sem raízes. Algo menor, em suma!

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