Morte Irónica
Em 9 de Fevereiro de 1640 um governante que tinha proibido aos outros o álcool morreu, paradoxalmente, de cirrose do fígado, por dele não se ter abstido. Murad IV foi um precursor do Sr. Sócrates: proibiu também, além da pomada e do café, o tabaco. Isto numa megalómana tentativa de abolir todo e qualquer fumo, conhecendo que ele revelava fogo, pois ficara supersticiosamente traumatizado ao ver arder grande parte de Constantinopla, em consequência dos trabalhos de pirotecnia que celebravam o nascimento do primeiro dos seus filhos. Como não dispunha da ASAE, andava pessoalmente, à paisana, pela cidade a pedir uma porçãozita e, quando alguém lha dava, em troca da proto-beata ficava-lhe com a cabeça que pessoalmente decepava, exemplo para fazer pensar duas vezes antes de compartilhar o maço. Era homem confiante nas suas... desconfianças. Mandou desta para melhor o desgraçado que acrescentara um andar da sua casa, porque meteu na pinha que ele o fizera para espreitar para dentro do seu harém, ou seja, foi um puritano perseguidor do voyeurisme alheio. Deu chá de sumiço num grupo de mulheres que cantavam na rua, por lhe perturbarem o sossego, coisa que apeteceu a muitos forçados auditores de certos cacarejos, mas apenas em desabafo sem consequência. E tratou da saúde a um francês que se aproximara de uma turca para melhorar o seu conhecimento da língua, reafirmando uma acepção menos popularizada da sabedoria que nos diz pela boca morrer o peixe e servindo de referência ao Eliseu para não meter na cama da UE a versão actual dos Otomanos.
O Nosso Premier não é tão drástico, o tempo e o local são outros. Mas com a arbitrariedade interditante que exibe, quem sabe se não lhe estará reservado um outro género de morte, a política, em conexão com essa monomania?
O Nosso Premier não é tão drástico, o tempo e o local são outros. Mas com a arbitrariedade interditante que exibe, quem sabe se não lhe estará reservado um outro género de morte, a política, em conexão com essa monomania?
4 comentários:
As semelhanças são, de facto, imensas. Apenas o tempo, os costumes e a impunidade que estes concediam a quem de direito mudou.
Meu Caro Tiago Laranjeiro,
é bem capaz de estar por inteiro com a razão. E se é repugnante considerar alguém que se distinguiu como cruel, há que reconhecer que chefiar hordas de guerreiros sempre era mais digno do que escudar-se em enxames de burocratas.
Abraço e Muito Bem-Aparecido seja nestas caixas de comentários que são Suas.
Abraço
"O Nosso Premier não é tão drástico..."
Apenas porque não pode, aposto! ;-)
Enfim, não vejo a manejar uma cimitarra com facilidade quem mesmo no lápis demonstra algumas dificuldades, veja-se o tipo de projecto arquitectónico que garante ter assinado em mais do que formal sentido...
Abraço
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