segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Treino de Pacheco

Monumento ao Lugar Comum de João Câmara LemeClaro que há imbecis em todos os credos políticos, mas reduzir os Monárquicos a exibicionistas ocos é simplesmente incompatível com a esmagadora maioria dos que conheço. E, em todo o caso, as pequenas vaidades acidentais só podem ser erguidas a traço distintivo do grupo pelo decadentíssimo e esgotado Pacheco Pereira para disfarçar a característica essencial do sistema de que tanto gosta - a ambição desenfreada e o carreirismo.
Por outro lado, se dar missas rezadas por Almas como esconjuros de jacobinos e carbonários não espanta em quem só crê neste triste mundo, desdenhando a Função Espiritual de que troça, até para um espírito tão opaco deve ser evidente que escrever esse dislate no momento da recusa parlamentar do pesar pelo crime é opção imoral pela aconselhabilidade do mesmo.
O mal dos pachecos deste mundo é pensarem que Portugal seria um grande país, se todos fossem como eles. O do Conselheiro Pacheco do Eça estava também em "o seu imenso talento" ser insuspeitado por quem melhor o conhecia. O deste pobre epígono é, desde há anos, já ninguém ter para o ouvir, nem a conselheiro chegar.
Numa coisa o escrito é verdadeiro: o autor já conheceu melhores dias.

17 comentários:

Anónimo disse...

Caro Amigo,
Sabe que isto de escrever como quem recebe ao metro, tem que se lhe diga. Pacheco & c.ª ldª não só tiveram melhores dias, como estão cansados e se quer a minha opinião, cansam o país. Eu também acho que há uma certa aristocracia oca que não dá bom nome à monarquia portuguesa (basta ver o sr. Câmara Pereira e acólitos e muitos mais). Mas, aqueles comentários de Pacheco Pereira são deslocados. A pobreza que nunca deixou Portugal foi a de espírito. Lembro-me sempre de um historiador que dizia que a grande obra da república foi vestir andrajos novos. Quem era padeiro passou a panificador profissional, o jornaleiro, a proletário. A aristocracia? São hoje os ministros , secretários e sub-secretários e os comentadores políticos. O que Camilo perdeu em ter deixado matar-se por este país tão cedo...

Anónimo disse...

Lamentável preconceito o dele, e de tantos outros...
É consensual que muitos dos "monárquicos" servem melhor do que ninguém esse preconceito, que se vem alicerçando desde há muito tempo; não é coisa de agora ...Mas também é verdade, felizmente, que não se reduzem a eles. É desonesto confundir a árvore com a floresta.

Certeiro o comentário de Nuno R. e quanta verdade no que diz quando se refere a Camilo- que belo "pasto" para exercitar a sua verve prodigiosa e cortante! o que perdemos nós...
Beijo

O Réprobo disse...

Meu Caro Nuno R.,
com certeza que esses fadistas dão imagem má, mas de si próprios, já que identificam a Monarquia com as próprias pessoas, no que estão isolados.
Agora não se pode ser inocente e não ver que a saída daquele artigo na ocasião que foi constitui um objectivo branqueamento, se não do assassinato, ao menos da recusa de lamentá-lo que a AR proclamou maioritariamente.
E os Liberalismos nunca deram em apiedar-se da pobreza, mas sim no obcecante desejo de prémio das classes burguesas citadinas mais politizadas que os apoiavam. A excepção foi um certo discurso social-democrata pós-25A, que, para se legitimar, junto com muita asneira, instituiu o passe social e o SNS, que foram melhoramentos reais. Os mesmos que hoje, sentindo já deles não precisar, vem restringindo, passo a passo.
Abraço, grato pela visita

O Réprobo disse...

Qurida Cristina,
é bem verdade, os nossos dois Grandes, o Camilo e o Eça, teriam aqui muito com que se entreter e em que bordoar. E há outra batota no artigo - a de não responsabilizar pela pobreza os políticos que governavam, grudando verrinosamente ao Rei a imagem depauperada do País, quando Aquele apenas os fazia girar, num sistema em que o sustentáculo do Governo não perdia eleições...
Beijo

T disse...

Não creio que a morte de Camilo se deva ao País. Antes a questões íntimas e depressivas e ao facto de deixar de ver. Há coisa pior para escritor tão prolífero?
Uma amiga minha muito sábia dizia-me outro dia: Apetecia-me ter tido oportunidade de roubar o Camilo àquela solidão de Seide e trazê-lo a Lisboa. Dar-lhe um bilhete da Carris e mandá-lo de 58 para alguns alfarrabistas. Dizem que ele próprio o era, rematou ela e fazê-lo feliz.
Quando ao Cãmara Pereira, blergh.
Nem comento.

Anónimo disse...

Não desejava ser cruel mas o desenho de cima lembra os projectos assinados por Sócrates.

Capitão-Mor disse...

Creio que Pacheco Pereira nos anda a confundir com o tonto do Sousa Lara que uma vez disse que também era monárquico "por questões estéticas".

Anónimo disse...

Caríssimo capitão-mor, sem pretender desdizê-lo, acho que as "questões estéticas" têm a sua importância quando se trata de conferir solenidade à representação dos Estados...E aí, as plebeias Repúblicas não podem competir com as Monarquias...

Outra questão é afirmar que se é Monárquico APENAS (ou sobretudo) por questões estéticas...Nada que muitos porugueses não pudessem subscrever, dada a tendência generalizada do nosso povo para ligar sobretudo às aparências...

O Réprobo disse...

Querida T,
creio que a responsabilidade que o Nuno R. atribuiu ao País era indirecta. Julgo que a causa imediata está bem localizada na cegueira adventícia, daí que lhe compare sempre o caso a Montherlant. E do receio de ver um filho encarreirar pelo parricídio, como confessa em carta célebre.
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu Caro Rudolfo Moreira,
realmente, uma crueldade inusitada! A Arte de Câmara Leme não merece esse paralelo!
Ab.

O Réprobo disse...

Meu Caro Capitão-Mor,
parece-me haver muito melhor razão para lutar por esse Magno Ideal. Mas para quem não descortine todo esse fundamento, direi como São Boaventura dos caminhos para Deus: todos são bons para Lá chegar. Desde que sem desonestidade, claro.
Ab.

O Réprobo disse...

Meu Caro TSantos,
Um Espírito indissociável da fruição Estética, como o teu, será decerto sensível à aplicação ao topo Republicano do que Oscar Wilde dizia da Moda - "é uma coisa tão feia que é preciso mudá-la de seis em seis meses". Substitui o ciclo hemi-anual pelo quinquenato e a Estação pela Presidência da República...
Ab.

T disse...

O Nuno já foi ao Dias responder:)
Bjs

O Réprobo disse...

Vou já ver.
Bj.

Anónimo disse...

"é uma coisa tão feia que é preciso mudá-la de seis em seis meses".

Sem dúvida, mas eu iria mais longe: é uma coisa tão feia, que mais vale acabar com ela de uma vez...

O Réprobo disse...

Meu Caro TSantos:
Esfola!
Ab.

Anónimo disse...

:-)