O Que os Outros Têm
Vamos polemicar com o meu Amigo João Távora: Meu Caro João, não concordo minimamente com qualquer publicidade que eleja como referencial, a denegrir ou a superar, o património dos outros. Aceitaria até que o Presidente do Sporting dissesse que achava o seu clube o maior e, por isso, pensava ir-lhe bem o título de primeiro em sócios. Agora, apontar o adversário e os números que atingiu, como meta a superar, fica muito mal, é mostrar que se sente inveja das asas que, por natureza, não se possui. Nos últimos tempos também me irritou uma publicidade do Pingo Doce, contra as promoções, cartões e feiras dos outros, até porque me lembro dos tempos em que a cadeia tentava concorrer nessas iniciativas. Fazer por despromover o que funciona no vizinho faz parte daquele ressentimento que, na Sociedade, leva a querer ter mais do que ele, como no Capitalismo, ou a pretender que ele não tenha mais, como no Comunismo. O Leão merecia melhor.
7 comentários:
Caro Paulo: o estimulo de qualquer jogo está na ultrapassagem do adversário, com especial motivação no "rival". Há muitos anos que gosto de futebol, em grande parte por conta da clubite aguda que me foi precocemente incutida. A “clubite”, doença que não renego, procede de sentimentos e emoções básicas: da inveja, medo, o orgulho, vaidade, alegria, ciúme etc. Negar os nossos sentimentos, mesmo os mais inestéticos, é negarmo-nos como pessoas. Parece-me saudável encaminharmos as nossas mais emoções básicas para o campo simbólico e inofensivo do futebol...
O que seria do seu Benfica sem o (s) seus rivais? Apesar da destruição do rival constituir a secreta e subconsciente intenção, “a batalha” sem esse adversário não faz sentido, e conduz o "guerreiro" à sua decadência ou auto-destruição.
Com amizade,
Meu Caro João,
vejo o Lúdico, de que o Desporto faz parte, como a procura de superação dentro do tempo e local demarcados para tanto, segundo as regras acirdadas. A ela se devem, na minha óptica, prender os comentários conexos com o fenómeno clubístico. Transor isso para o património, ou para o número de filiados, parece-me péssimo princípio, que nem o mencionado escape ou catarse justificam. A essência do Desporto é mostrar quem é melhor naquele objectivo, com o mesmo número de campeões e sujeito às mesmas condições, não importando que seja o tamanho de 500.000 ou de 50. Isto parece distracção das derrotas, mais para os que estão do que aliciamento dos que venham.
Abraço
O Paulo fala de desporto, essa nobre actividade humana, individual ou grupal. Eu falo de futebol, que é Circo, que é Indústria.
Um dia destes convido-o a vir comigo a Alvalade espraiar as emoções básicas! :-)
Meu Caro João,
mas compete-nos a nós decidir por qual dos esquemas enfileiramos, sem deixarmos que a corrente dominante nos subjugue.
Abraço
Caro Paulo:
Quero acrescentar que nunca vou confundir o futebol com mais coisa nenhuma do que aquilo que é. O futebol para mim não é, nunca será uma “coisa séria”. O Benfica ou o Sporting pura e simplesmente não existem ontologicamente falando. São projecções nossas, nas quais vivemos e descarregamos muitas das nossas mais básicas emoções. Se assim não for, algo está errado.
Esteja descansado, que por muitos anos V. ainda nos vão continuar a atirar à cara que ganharam mais (sempre em relação/disputa = mais do que alguém) campeonatos. Futebol também é isso, desdenhar, provocar, ou não?
Grande abraço,
Meu Caro João,
mas falar no número de títulos não é publicidade para atingir objectivo concreto e remunerante. É... Historial!
Abração
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