As Formas em Fuga
De Sophia de Mello Breyner Andresen
Estranha noite velada
Sem estrelas e sem lua,
Em cuja bruma recua
Fantasma de si mesma cada imagem.
Jaz em ruínas a paisagem,
A dissolução habita em cada linha,
Enorme, lenta e vaga
A noite ferozmente apaga
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha.
E mais silenciosa do que um lago,
Sobre a agonia desse mundo vago,
A morte dança
E em seu redor tudo recua
Sem força e sem esperança.
Tudo o que era certo se dissolve,
O mar e a praia tudo se resolve
Na mesma solidão eterna e nua.
Noite de Willem de Kooning
Estranha noite velada
Sem estrelas e sem lua,
Em cuja bruma recua
Fantasma de si mesma cada imagem.
Jaz em ruínas a paisagem,
A dissolução habita em cada linha,
Enorme, lenta e vaga
A noite ferozmente apaga
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha.
E mais silenciosa do que um lago,
Sobre a agonia desse mundo vago,
A morte dança
E em seu redor tudo recua
Sem força e sem esperança.
Tudo o que era certo se dissolve,
O mar e a praia tudo se resolve
Na mesma solidão eterna e nua.
Noite de Willem de Kooning

6 comentários:
A minha fuga(antecipada)é até ao Reno.
Beijo
Eu gosto tanto da noite. Aquieta-me. Beijinho ao Paulo e à Cristina.
Isso é que é estar fartinha das afinidades, Cristina. Tire o máximo proveito e, apesar da poluição, publico em post um voto/encorajamento.
Beijo
Oh sim, T. Sempre fui um noctívago militante e juramentado, embora numa perspectiva diversa da do poema. E, compreendendo no entanto a calmaria que o anoitecer pode acarretar, nos meus tempos era mais uma acha na busca da excitação. A Noite é um expediente de finalidade aberta, em suma.
Beijinho
Também gosto muito da noite.
«A Noite é um expediente de finalidade aberta, em suma.»
Belíssima descrição, que não consiguiria dar, mas que vem de encontro ao que procuro na Noite.
Tem dado para tudo.
Uma coisa coisa é estar receptivo à "Dama das Mãos Brancas", outra é procurá-la para resolver o que a "insatisfação de si" e a "confiança abalada" provocaram.
Ainda bem que não aconteceu. Ainda bem que houve, tarde e a más horas, o lamento.
Nem imagina o que gosto de si. Este texto, belíssimo, faz-me mais uma vez ter, vontade de o embalar.
beijinho
Querida Marta,
Nem sempre e certamente não em todos os casos, a insuportabilidade da dor conduz à desistência de tudo. Prova acrescida da variabilidade em função do sujeito de que falava(mos).
Muito obrigado por tudo, por mais, muito mais do que a aprovação do texto, como bem sabe.
Beijinho
Enviar um comentário