A Vida ou o Luxo
Não, Querida T. Não posso aceitar um sabonete, fico apenas com o brinde. É que cá por casa, desde tempos ante-diluvianos, havia estrito apartheid entre os sabonetes usados pelos dois Géneros. Apesar de a bateria de cosméticos materna encerrar coisas melhores e mais variadas, para as higienes que davam solidez às toilettes, no dia a dia íntimo os homens usavam Lifebuoy, como o José Águas; e a Senhora Lux, como a Amália e a Jane Russell. Já não me lembra estas anunciadeiras, embora ainda recorde mais do que bem a Natalie Wood, a Pfeifer - que ainda não era o que se tornou - e a Victoria Principal, a espumarem com ele. Mas isso foi em dias que voaram há menos tempo. Ia a dizer que era o comportamento familiar antes da cedência à mariquice do gel, a cuja tirania, porém, também sucumbi. Mas lembrei-me das origens do sabão, conhecido na Babilónia e na Judeia remotas, embora, até ao nosso Séc. XIV, com outros fins - empastar o cabelo à laia de brilhantina, ou tingi-lo de... ruivo, como faziam Gauleses e Germanos. Diria a Bomba Inteligente: "uaaaaac!"
E depois, o sabão, mesmo na suave vertente cosmética, é artigo perigoso. Duas escolas lhe disputam a origem do nome nas línguas latinas: a que a faz derivar da famosa fábrica de Savona e a que lhe quer encontrar raiz comum a outros idiomas no facto de terem sido encontrados restos suspeitos de haverem dado corpo a esta substância junto do Monte Sapo, onde, na Roma Antiga, eram sacrificados animais, vindo, segundo a tese, as suas gorduras, misturadas com cinzas, a gerar o produto de aaaargh beleza. Duplo "uaaaaac!".
A insensatez dos sábios chegou a um desafio para duelo entre os linguístas adeptos de uma e outra opções. Felizmente não se chegou a efectivar.
Enfim, uma espuma, dos Dias! Viva o Luxo e o Seu Repuxo.
4 comentários:
Vamos lá a responder:) Eu não gosto de gel, sou uma adepta de savon d´alep. Isto ensinou-me uma amiga italiana e não há melhor para a pele. Infelizmente não pinta o cabelo de ruivo.
Quanto ao resto e já me estou a rir, a vingança vai ser terrível!
Beijinho querido amigo
Caro Paulo:
Saúdo o seu regresso à blogosfera em grande estilo!
Um Abraço
Note-se, Querida T, que nada tenho contra a Ruivas. O pior é que os homens desses povos bárbaros também enveredavam pela tinturaria capilar.
Concordo que o gel é um retrocesso, sinto-me como que a cobrir-me de maionese, mas é prático...
Ardo pela vingança. Vou já ao encontro dela.
Beijinho
Olha o grande Visconde, Titular da Capitania!
Meu Caro Pedro, toca a comentar muito, aqui, que o bichinho logo O fará reactivar o recriar blogue.
Grande abraço, exultante por vê-Lo de regresso. Até vou pensar em colocar umas Piquenas em Sua Honra.
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