terça-feira, 21 de agosto de 2007

Imagens da Leitura 3

A razão profunda de as Mulheres prezarem tanto as crianças não residirá só no enlevo perante uma inocência idealizada a partir da relativa fragilidade. Vive sobretudo do prolongamento de Si que nelas vêem, enquanto os carregamentos de experiência e noções não moldam uma pessoa diferente. Contrapartida da inquietude masculina perante esses seres meios loucos, sempre ensombrada pela incerteza do concreto em que se tornarão os seus herdeiros, donde a preocupação maior em fortalecê-los, para que uma continuidade honrosa seja garantida.
Está pois garantido o sucesso da representação desta imagem junto de ambos os géneros: a velocidade do aperfeiçoamento indiciada pela leitura precoce, por um lado, a impossibilidade de manter durante mais tempo a concentração, pelo outro. Ou uma substituição de outra metamorfose ambiental por outra - a narração do livro cedendo o lugar à potencialidade do sonho, correspondendo afinal à pessoalíssima volição que, intimamente, os adultos dirigem ao menino, o que nele encontram de próprio e o que para ele desejam.

14 comentários:

Rafael Castela Santos disse...

Querido amigo:

El problema es que las mujeres, viendo a los hijos como partes de sí mismas, como continuación de sí mismas (como tú sagaz y profundamente explicas), es que son capaces de golpear a los otros (generalmente a los ex) con esos mismos hijos.
Y los que más sufren no son los ex-maridos, sino los hijos.
Me parece más sensata la postura masculina, pero quizás hay cosas inherentes a la biología que son inevitables.
Un abrazo,

Anónimo disse...

Exmo Rafael Castela Santos


Também acontece é verdade. Mas o que mais acontece é serem os pais a "golpear" os filhos, quando pretendem e conseguem dar pensões de alimentos miseráveis, a esses mesmos filhos.

Não sei se acontece em Espanha, mas cá em Portugal é muito comum.


Os meus cumprimentos

Anónimo disse...

Querido Paulo


Penso, pelo menos comigo assim se passa, que as mães continuam pela vida fora a ver nos filhos, tenham eles os defeitos e qualidades que tiverem, o prolongamente de si.


beijinhos

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

bem, eu estou fora deste contexto...
Não tenho filhos, sou mulher e adoro crianças. Acontece que nunca vi as mesmas como prolongamento de mim...daí não concordar com essa tese. Nem sequer os enteados eu amei como prolongamento do pai. Amei-as por elas mesmo, pq são, realmente o melhor que há no mundo.

Essa era, lembro, a minha forma de pensar aos vinte anos - querer filhos para me rever neles.
Concordo com a ultima msg da Marta, embora tb haja muito pai vitimizado pelo rancor das ex-companheiras.

abraço
julia

João Távora disse...

Brilhantes palavras.

O Réprobo disse...

Meu Caro Rafael,
é, evidentemente, triste esse brandir de um Fruto como arma em desavenças, muito informada pela apropriação que se propaga em disputas e guardas como sendo exclusivos seus. Resultado da desagregação institucional e relacional dos tempos, enfim. E parece que nesta estrita faceta, não já na do texto, será mais questão de argumento biológico do que fundamento biológico.
Abraço

O Réprobo disse...

Querida Marta,
claro que as questões materiais devem ser resolvidas com dignidade, mas tudo isto é fruto do Divórcio, sempre a saída mais simples, por muita luta interior e constrangimentos sociais que o passo acarrete. Sou contra, na maior parte dos casos. Jesus só o admitia em caso de adultério e acredito que um Sacramento apenas pode ser dissolvido em vida por Quem o ministrou, em codificadíssimos casos.
O matrimónio civil não me interessa: a República pode fazer o que quiser de celebraçõezinhas que nada me dizem.

Quanto ao prolongamento, os homens também as vêem como tais, na perspectiva de herdeiros, mas parece-me evidente uma diferença no modo de as encarar antes e depois da personalidade começar a ganhar autonomia, por parte da Metade Feminina. Uma eleição do carácter aberto dos primeiros tempos, que tentarei justificar na resposta à Júlia. Nunca quis dizer que no resto da vida não gostassem dos filhos!
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Júlia,
penso ser extensível ao Género o que quis dizer, mesmo a Senhoras que não viveram a Maternidade: no sentido de afecto imenso, subsidiário da comoção, perante uns seres que (ainda) não enfileiram pela via que rivaliza (genericamente, sem que se tenha detraduzir em casos particulares) ou participe dos grandes alinhamentos nas lutas e manobras, saborosas ou infaustas, que enquadram as movimentações magnéticas de repulsa e atracção entre os dois sexos.
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu Caro João,
Mil vezes obrigado. Aprovação Tua é como agulha indicando o Norte do caminho certo.
Abraço

Anónimo disse...

Está enganada Juliaml

eu não quiz ter filhos para me rever neles.
Estão nos trinta, completamente diferentes de mim, mas continuo a rever-me neles.
Eles são, taxativamente, o meu prolongamento, quer queiram quer não.
Tem esta conversa a graça, de anteontem o mais velho se pôr a "filosofar" sobre a importância decisiva que se tem no Futuro, o facto de se ter um filho.
Por estudos matemáticos, o facto de em apenas dez gerações, se poderem contabilizar os descendentes em cerca e oito milhões de pessoas.


beijinhos

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Marta,

...eu não quis dizer, de todo, que a Marta teve filhos para se rever neles.
Na verdade, o que aqui dizemos é muito pouco, é apenas uma migalhinha do nosso pensamento, traduzido em parcas palavras, colocadas "en passant", e geradoras de equivocos.

Acredito e bendigo a maternidade e na importância que ela tem para a humanidade. Acrescentando, contudo que "parir é dor - criar,amor", puxando a brasa à m/ sardinha :-))

Quanto a prolongamentos: nãoposso deixarde lhe dar razão!

beijinho da
Júlia

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querido réprobo,

vai ter que arranjar outro nome, pq eu não sou mais capaz de me dirigir a si chamando-lhe " o réprobo" especialmente depois da saudação carinhosa que deixou no meu blog.

grata e afectuoso abraço
Júlia

ps- eu sei que era para se extensivel ao género,mas foi para alimentar a "aboborinha".

O Réprobo disse...

Querida Júlia,
não hesite em alimentar este blogue glutão dos Seus comentários!
Foi com grande prazer e correspondendo a sentimento sincero que deixei o voto.
Quanto ao réprobo, pode sempre optar pelo nome real, Paulo, mas é bondade demasiada não admitir a minha evidentíssima condição.
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querido Paulo,

Pena que não possamos desenvolver mais estes assuntos que abordou aqui, são muito interssantes. entretanto , fiquei estupefacta com esta afirmaçao sua:

"O matrimónio civil não me interessa: a República pode fazer o que quiser de celebraçõezinhas que nada me dizem."

beijo
júlia