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Jorge Luís Borges escreveu certa vez que concebia
o Paraíso como uma espécie de biblioteca. Endosso sem reservas o entendimento e contribuo com duas achas para a fogueira: logo à chegada às Portas Celestiais deparam-se os suplicantes da admissão com uma prometedora cena em páginas alicerçada - o Arcanjo Metatron devorando no Livro da Vida os pormenores do nosso
Deve e do nosso
Haver. E com a Autoridade que assiste a um réprobo em matéria de Infernos, dificilmente posso, por outro lado, imaginar danação maior que o encerramento em profundezas de que os códices estejam excluídos.
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Até porque o Demo não pode ser grande leitor. Quando perde o seu tempo sorvendo um calhamaço, produto do espírito do Homem, em vez de tentar que os humanos assinem os pactos pelos quais vendam as almas, revela-se um mau profissional: mesmo tratando-se de utilitários manuais, como este diabrete de vocação enganada, lendo o que o ajude a assustar em vez daquele que o ensinasse a cativar.
Mas deixo à consideração de Quem por aqui passe uma proposta escatológica que não prescinda do critério discriminador, como em tudo defendo para a Vida: Céu e seu Reverso como depósitos de alfarrábios - o primeiro de todos os exemplares de escrita estimável, o segundo das traidoras desgraças que, por inépcia autoral, tornem penosa a descodificação...
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