Imagens da Leitura 2
A Lição de Leitura por Delacroix, de A Educação da Virgem
Meditação sobre o Transcendente do lido.Sendo - como somos - um dos ramos das Religiões do Livro e, considerados os três grandes monoteísmos, o que mais cumpre a virtualidade Dele, universalmente aberto a quem o queira ler e ao complemento por outros - a escrever e folhear -, importa determo-nos na função de "Espelho da Mediação" entre o Incorpóreo Divino e a Humanidade Que Dele carece: os Instrumentos da Salvação face às Páginas da Revelação, ou seja, a Mensagem de Deus na dupla inteligibilidade, o Transmitido, pelo Verbo Transcrito; e a Extensão Carnal que O mira: Santa Ana ensinando as primeiras letras a Maria e a Passagem do Testemunho Dela ao Fruto Que Redime, atestado pela aprendizagem na condição humana a que descera para abrir o Caminho pelo Exemplo.
Na estrita óptica do Ledor comum, tendo presente o Demónio dos Tipógrafos, referido por Anatole France como o que os assalta adulterando o intuito do imprimido, cumpre invocar a Intercessão de Nossa Senhora, talvez nas Vestes do Socorro, contra o que poderemos chamar o Demónio dos Leitores, o que desvirtua o sentido das páginas que em cada caso tentamos assimilar.
Quem nunca se viu apoquentado por este Tentador que atire a primeira pedra.
A Madona do Livro de Filipepi (Botticelli)
6 comentários:
Os diabinhos dos comentadores são uns malandrecos e desvirtuam tudo! Risos.
Beijinho
No caso da Presente é antes um Anjo que dá asas a quem delas carece, ao conferir sentido a disparates ermos publicados.
Beijinho
Que quadros!,caro Paulo, os dois; mas então aquele de La Croix! E completamente inacabado que daqui do meu pequeno écran me parece que está...é como gosto mais deles. Onde estará ele exposto? Não conhecia a ambos. Acho este tema ao qual da Vinci igualmente se dedicou interessante, e intrigante. É repetidamente focado pelos pintores, de resto não se fala...No Louvre passei todo o tempo que pude em frente à Santa Ana do Leonardo...quase sózinha, com todo o espaço à minha volta (apesar dos assentos em frente), enquanto as multidões cercam a pobre Lisa, noutro local.
(Ui, não relacionar com o ''código''... e talvez agora as coisas sejam diferentes... isto foi antes do código, e ''ninguém'' ligava àquele quadro...)
E o Filipepi fazendo a referência àquilo que o Paulo tão bem explicou... o menino, não mais como o menino, mas como palavra divina...ah fantástico.
Se uma pessoa está em frente a esses quadros, é uma felicidade - (já pareço os turistas...:)) - belos, simplesmente.
Encantada,
Querida Terpsichore,
o da Educação da Virgem está no Museu Nacional Eugène Delacroix de Paris, enquanto que o da Senhora do Livro, de que possuo uma reprodução no meu escritório, oferecida pela minha Amiga C, pode ser visto no Poldi Pezzoli de Milão.
É, o «Código..» podia ter arrastado pessoas para a fruição pictórica, mas como essa é a vertente menos sensacionalista do escrito...
Muitíssima razão, nessa sensibilidade perante o tom inacabado da obra. Era precisamente o travo que me tinha ficado, sem conseguir exprimi-lo tão felizmente. A Figura de Santa Ana tem, de facto menor abordagem teológica e histórica, sempre na Sombra Marial, quando, no fim de contas, Essa Enorme Luz Lhe era, em grande parte, devida... Salva-nos o dedo dos pintres, como sucedâneo da memória e isco para a reflexão.
Fico contentíssimo por a selecção ter agradado à Musa! O comentário é, como não podia deixar de ser, face à Autoria, profundamente inspirador!
Beijo
Muito obrigada Paulo.
Eu não me canso de olhar este quadro. Falando do Picasso, estou a lembrar o maravilhamento que ele descreve com o De La Croix, no Louvre. A mim, aconteceu-me a mesma coisa - juntamente com a total surpresa e desgosto de Ingres! Pensei eu que era só indoctrinação moderna o não se gostar dele - e eu gostava nos livros, até vê-lo.
Mas só havia salvo erro um ou dois De La Croix expostos, que me maravilharam. A sua pincelada suprema... E como se vê bem aqui! Sem dúvida o verdadeiro paizinho do Vicent Van Gogh... olhando assim, até aquelas feições e mãos...nos fazem lembrar Van Gogh inicialmente, que sem dúvida o estava a estudar.
Aquela determinação e força que ele dá à Stª Ana...aliás, olhando para o queixo e boca dela, vejo-o lá a ele próprio. Deu à Stª Ana a sua vontade de ferro.
Um beijinho, e obrigada
Excelsa Terpsichore,
eu não sou tão duro para com Ingres. Se é certo que não trará com ele o toque do génio que vivifica para além da representação, creio que o tratamento que escolhe para muitos dos seus temas não é acéfalo e permite reflexões interessantes. Só que, evidentemente, a própria translação do interesse da imanência artística para o comentário não é demasiado abonatória.
Os traços de Santa Ana dão-nos, realmente tudo isso, contrapostos à Placidez da Jovem Maria, antecipatória quiçá da resposta "Eis a Escrava do Senhor, faça-se em mim como é da Vossa Vontade". E o céu e o fundo não sugerem a Obscuridade dos Caminhos, com o expresso no livro a mediar, rumo à Humana, embora Santa, Determinação?
Beijo
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