sábado, 6 de outubro de 2007

Como Vespasiano

Demasiado novo para guardar reminiscências dos assassinatos da década de Sessenta, o primeiro atentado sucedido contra um político cuja acção apreciasse, por mim seguido nas notícias televisivas, foi o que, em 6 de Outubro de 1981, vitimou Anuar Al Sadate. Simpatizava duplamente com ele, quer pela origem desfavorecida, cruzada do sangue Sudanês tão oprimido pelo estrato superior Árabe de orígem pura, como por, depois de se ter distinguido na Guerra, ter, como um Begin vindo do terrorismo intransigente, tido a coragem de fazer a Paz entre os dois principais inimigos de uma região que parecia condenada à hostilidade de ambos. Além disso, agradava-me que tivesse subvertido o ódio anti-ocidental laico do nasserismo, regime demagógico de poucos escrúpulos, inspirado em Hitler e dando o braço aos Soviéticos, feito que lhe determinaria a morte, provocada por outros emergentes fanáticos inimigos do nosso modo de vida, de inspiração religiosa, esses, que então davam os primeiros passos de uma triste e macabra proeminência hoje incontestada.
Dum desfile evocativo de vitória inexistente, a da Guerra do Yom Kipur ganha por Israel, mas que se comprazia em contentar-se com as dificuldades que a princípio criara, ao contrário de uma Síria logo repelida e penetrada, guardo a imagem de um triunfo verdadeiro - o Daquele que permaneceu levantado frente às balas dos assassinos, inversamente a Mubarak e Abu Ghazala, os quais se abrigaram. Morrer de pé foi bem uma glória adicional de verdadeiro "Raiis", fazendo-se citação do Romano: «É PRECISO QUE UM IMPERADOR MORRA DE PÉ».

33 comentários:

Anónimo disse...

Aqui fica, para reflexão de algumas pessoas de memória curta, esta declaração do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar, Franco Nogueira, em conferência de imprensa realizada em 8 de Junho de 1967:
«Apesar de esse facto quase ter passado despercebido, Israel foi para Portugal um inimigo tenaz. Nas Nações Unidas a sua delegação interveio e votou contra nós, associando-se de resto a todas as iniciativas que nos são hostis. O embaixador de Israel no Congo está em contacto com os terroristas, concede-lhes ajuda e, no próprio território israelita, são acolhidos e treinados terroristas contra Angola.»

Anónimo disse...

Amigo Réprobo: a diferencia de la Guerra de los Seis Días (1967, que por cierto cubrió, como corresponsal de guerra el gran Ismael Medina Cruz), la guerra del Yom Kippur de 1973 se decantaba claramente del lado árabe, y fue precisamente la "marcha atrás" de Sadat lo que propició el fin de las hostilidades. Con su posición "apaciguadora" y "pragmática" Sadat se ganó la antipatía y el odio tanto de laicos arabes como de islamistas, que consideraron que Nasser nunca hubiera hecho lo que hizo Sadat, lo que concluyó en el episodio de 1981 con que nos ilustra el Sr. Réprobo.Ab.

Anónimo disse...

Este foi um assassinato que também a mim impressionou:já então se evidenciou a impossibilidade de se alcançar um entendimento naquela parte do mundo,fruto de fanatismos,quer de um lado quer do outro,como se verificaria anos mais tarde,com o assassínio de Rabin.Parece-me que aquelas gentes estão condenadas a viver um inferno na terra:sempre que aparece alguém com vontade de fazer a paz,logo tratam de o sabotar,de uma maneira ou doutra.
Beijo

Anónimo disse...

Fundamental ler, para compreender o assassinato de Rabin pela extrema-direita israelita:

Amnon Kapeliouk
«Rabin - Um assassínio Político»
Campo das Letras

Rabin e Arafat dois Homens de Paz e para a Paz!

Anónimo disse...

Amnon Kapiliuk ?

Anónimo disse...

Arafat um homem de paz?Autorizando comandos suicidas contra civis?

O Réprobo disse...

Que se esperava desse malfadado areópago? Que não fizessem o frete ao amigo americano? Embora oposição não tão grande como a de muitos estados islâmicos, que faziam coro com um "anti-colonialismo" pretensamente solidário com a África Negra, para a dominar, decerto, de que ainda há umas sobras em Khadaffi. Mas ficaria talvez surpreendido com ligações militares israelitas à operacionalidade das nossas forças no Ultramar, que vários Oficiais me têm narrado.
Seja como for, Salazar nunca deixou que nos desvinculássemos do auxílio ao Estado Hebraico, por não corresponder aos nossos interesses. Tentou-o o inepto sucessor, com Nixon. Levou uma expedita nalgada e tudo voltou à mesma.

Anónimo disse...

Senhor Filomeno
Confirmo, Amnon Kapeliouk.

Minha Senhora, de certeza que Vossa Exceleência estaria com os Conjurados no dia 1 de Dezembro de 1640!

O Réprobo disse...

Mas, meu Caro Filomeno, essa manobra ao arrepio do avanço inicial ocorreu precisamente em função das acções das forças paraquedistas israelitas, com sacrifícios de relevo, atrás das linhas egípcias. Na Frente Síria não houve problemas militares equivalentes.
Abraço

O Réprobo disse...

PL,
atenção às rotulagens, Rabin era o grande Falcão dos Trabalhistas e o assassinato foi mais informado por contestação a rumos políticos internos do que à situação exterior.

O Réprobo disse...

Arafat, para além da aparência repelente, foi o recordista de mentiras da região... Até para os seus, veja-se as conclusões dos movimentos rivais da Fatah em deliberações internas.
Beijo, Cristina

Anónimo disse...

Sr. Réprobo, não faço a leitura que fez.
E estribo-me no livro de Kapeliouk.

Quanto a Arafat, a História far-lhe-á Justiça. Eu não seria tão conclusivo como o Sr. Réprobo.

Termino saudando o sua Fotogenia.

Anónimo disse...

Senhor Filomeno, encontra o livro em:

http://loja.campo-letras.pt/search.php

-
Lê-se no semanário Expresso que há contestação ao rei de Espanha. O que diz o Senhor Filomeno sobre isso?

Anónimo disse...

Senhor Pl: ¿Contestación al Rey de España? ¡No me diga! ¡Es la primera noticia que tengo!

Anónimo disse...

Queima de fotografias e prisão de cidadãos!
O Senhor Filomeno não vive em Espanha?
Talvez seja na América do Sul como o euroultramarino.

Anónimo disse...

Rabin, Um Assassínio Político - Amnon Kapeliouk
Uma frase mil vezes repetida diz-nos que os cemitérios estão cheios de insubstituíveis. É uma verdade crua, mas que não pode absolutizar-se. O momento da morte de um homem [...]

Tradução : José Goulão
Sobre o Livro : [...] pode marcar a História. Este livro fala-nos de uma tragédia que está a marcar a História.
A tragédia de um homem assassinado porque foi aprendendo as lições de uma vida repleta e teve a coragem de ir corrigindo as suas atitudes, sem perder convicções; a tragédia de uma morte que, por enquanto, ainda está a render dividendos aos seus instigadores – situação dramática que vai acarretar outras mortes, muitas mais mortes.
Amnon Kapeliouk concluiu este livro em Maio de 1996. A obra é dedicada especificamente às circunstâncias que rodearam o assassínio do primeiro-ministro israelita Isaac Rabin, na noite de 4 de Novembro de 1995. É, ao mesmo tempo, um livro amadurecido pela longa experiência de jornalista e investigador, mas também um livro datado. Esta dualidade é um dos seus grandes méritos: permite-nos parar para aprender, pensar e perceber causas e efeitos. Sendo uma obra datada, é um livro que não se esgota, temporalmente, no momento em que foi concluído. Deixa todos os caminhos abertos para se entender o que tem acontecido no Médio Oriente desde que foram impressas as últimas palavras." JOSÉ GOULÃO
(Do prefácio)
Outras Informações : ISBN: 9726100690
Nº de Páginas: 196
Peso: 205 g.
Dimensões 13,5x21 cm
Ano de Edição: 1998

http://loja.campo-letras.pt/prod_details.php?categid=93&productid=661

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo:

Como o Caríssimo Paulo, também a mim me impressionou imenso o assassinato de Anuar Al Sadat, e também simpatizava com ele.

Mas o Caríssimo Amigo já sabe que, quando se toca na questão árabe-israelita, começam a surgir tiros por todos os lados, num eco curioso dos verdadeiros disparos que quase desde sempre têm ocorrido na chamada Terra Santa. É como mexer num vespeiro.

Contudo, não sei se saberá que o jovem Muhamed Anuar Al Sadat estava, com forças de libertação árabes, à espera de Rommel em Alexandria para, em conjunto com o Afrika Korps, expulsarem os ingleses do Suez e depois da Palestina.

E que um tio de Yasser Arafat era o Grande Mufti de Jerusalém, que Hitler recebeu como convidado de honra na Chancelaria em Berlim, e onde ficou refugiado, para escapar aos comandos que o tentavam (e iriam conseguir, depois da guerra) matar.

São curiosos, estes percursos de certas personalidades, que nos fazem ver que a História não é, nem nunca foi, linear, ou a preto-e-branco.

Mas, mesmo assim, continuo a ter grande simpatia pelo mais tarde Marechal Arafat, assim como tenho enorme apreço pelo Marechal Rommel.

Com um grande abraço deste seu amigo.

Anónimo disse...

Desculpe-me; queria dizer, obviamente, «Marechal Sadat»!

O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
julgo que a tal "contestação" pretende promover os vinte rapazolas que saíram de um autocarro e queimaram umas fotografias... Já vês a falta de notícias que há por Portugal!
Abraço

O Réprobo disse...

Eu tenho respeito por Rabin, apesar dos problemas éticos que abreviaram uma mais remota passagem pela chefia do governo. E sabendo-se das posições comparativamente duras em termos de Política Internacional, que perfilhava, demonstra que leaders com capital de radicalismo são os mais aptos a fazer Paz, porque não precism de provar empenhos. Begin, Rabin, Sharon...
Só que Arafat não era Sadate, como se viu. E este Goulão consegue ser ainda mais anti-israelita que o PL, lembro-me bem dos comentários dele na televisão.

O Réprobo disse...

Meu caro Carlos Portugal,
é, sobre essa martirizada região se pode dizer que ódio velho não cansa. Sabia que Sadate tinha chegado a ser detido pelas autoridades britânicas, por ligações aos serviços de informação alemães. E tenho para aí fotografias do Mufti em Berlim, numas festarolas com o Dr. Goebbels. Não sabia é que era tio do Arafat.
Abraço

Anónimo disse...

Sr. Réprobo, lamento mas não sou 'anti' seja o que for.
Sou um modesto apoiante da Causa do Povo Palestiniano.

Vivam Todos, sem excepção!, os Prémios Nobel da Paz!

O Réprobo disse...

Era dessa fic�o que eu falava.

Anónimo disse...

Senhor Pl: ¿Incluye en su "Viva" al Dr. Henry Kissinger?

Anónimo disse...

Señor Filomeno.
Incluo, sim.
Um homem culto, inteligente e Amante das Mulheres, como também me parece ser o Señor!

O Sr. Réprobo já relatou o que escreve o jornal Expresso sobre a contestação ao rei de España.

T disse...

Engraçado como pouco me marcou o assassínio do Sadate. Em contrapartida recordo as capas do Paris-Match com o assassínio de John F. Keneddy. Sobretudo a poderosa imagem de Jacqueline tentando protegê-lo. Eu tinha 4 anos e tal na altura e senti a tristeza dos adultos que me rodeavam.
Em 1968 chorei baba e ranho pelo seu irmão. Tentava perceber um bocadinho de política e achava que ele iria ser um herói.
O que me espanta agora é ver que era tão nova. Enfim.
Bjo

Anónimo disse...

Mas V. Ex.ª ainda o é!
Ser-se "nova" não é só "por fora", mas principalmente "por dentro".
Para o provar, Excelentíssima Senhora, é ter-se o prazer diário de Visitar os 'Dias que Voam'!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
T disse...

Ai como escrevi o Kennedy...brrrrrrrr.
Obrigada pela sua simpatia caro senhor PL, mas estou anciã e cegueta ainda por cima.
Caro Çamorano: Foi a propósito da morte de Carrero Blanco que o meu pai me fez perceber que nada justifica a morte de um homem. Foi muito coonvincente, beijinho

T disse...

Sem dois "o", grrrrrrrrrr.
:)

O Réprobo disse...

Há uma regra de ouro: Nenhuma Senhora que Se ache realmente velha o diz. Claro que no caso vertente se trata de um incitamento à contestação.

T disse...

Vamos a ver, não me acho velha, mas os anos voam.
Não sou infeliz por isso, até acho graça, beijinho

O Réprobo disse...

Se for voo tão feliz como o dos dias vale a pena.
Outro