Cruz Sobre o Cruzado
Morreu anteontem Jesse Helms, o brilhante ex-jornalista que saltou para o Senado Federal dos EUA e para a refundação Conservadora, nos trinta anos que lá esteve. Os Media romanceadores disseram ter sido ele o inventor de Reagan, ao dar-lhe decisivo apoio na promária contra Ford, na sua Carolina do Norte. Não é verdade. O Governador da Califórnia tinha currículo e base suficientes para não precisar de ser inventado e a derrota contra um Presidente em exercício nunca deslustrou, servindo como trampolim para próxima aventura. Além de que Helms, apoiando-o, considerava-o insuficientemente doutrinado.
O grande legado do Legislador ficou na tenaz oposição ao enturmanço na cedência ao intervencionismo e à contemporização com a retórica igualitarista. Opôs-se a acções militares na ex-Jugoslávia, o que coincide com a minha preocupação de resolver problemas no Velho Continente sempre sem a ajuda do Amigo Americano. E não criticou, como é hábito, as quotas pelo que também são - um insulto aos beneficiários delas, mas, abertamente, pela injustiça de retirarem a pessoas mais qualificadas postos de trabalho de que necessitem, por não pertencerem a minorias dadas como desfavorecidas.
Ancorado na fidelidade aos agricultores do seu Estado e na influência que exerceu no Comitê senatorial que lhes respeita, faleceu a 4 de Julho, dia da Fundação e da morte de Washington, permitindo-lhe chegar-se ao simbolismo patriótico numa coincidência que os compatriotas têm por significativa. Senator No se orgulhava de ser, sempre assimilado pelos adversários ao vilão de Bond e ao exasperante Gromiko que ostentaram similares designações. O País que deixou é bem diferente do que encontrou quando eleito, com a desmoralização vietnamita, a quase guerra civil racial e a acabrunhante demissão escandalosa de Nixon.
RIP
4 comentários:
Só quero, mesmo, aplaudir.
Continuo a dizer "é por estas e por outras...".
Beijo
Querida Cristina,
conte comigo na claque para prestar o tributo de palmas a idealistas merecedores, como Helms.
Beijinho
Bela evocação de Helms, meu Caro Réprobo. Não vou esquecer nunca a campanha do Senador a favor da resistência anti-comunista no nosso Ultramar, já transformado em coutada soviética. Na minha temporada em DC (não, não fui convidado para a "confraria do bacalhau" organizada por Braga de Macedo e outros...- sempre sintonizava o canal de TV do senado para acompanhar as intervenções de Helms. De facto, um verdadeiro Cruzado. E dos últimos.
Abraço amigo.
E, em matéria de Política Externa, de uma intransigência para com os próprios compatriotas no que prejudicasse a Unidade do Ocidente, Meu Caro Euro-Ultramarino. O conhecimento de como fncionam os Media e o desprezo absoluto pela pose certinha que agradasse à respectiva ditadura nunca voltarão a ser encontrados em tão alto grau noutro parlamentar, estou convicto.
Abraço
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