sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Influências

Depois das «Memórias...», leitura deste diário do Grande Clínico e Patriota que foi o Conde de Mafra. Bons retratos dos influentes daqueles conturbados tempos, que ele conheceu bem, fala-nos da cobardia das gentes, apavoradas pelo terror dos Republicanos, sem ousarem sequer assistir a missas por alma de D. Carlos e D. Luís Filipe. E traz-nos um retrato de Soveral, com qualidades e defeitos: a persistência da sua presença na Política Britânica, após a morte do seu Real Amigo, sem fortuna e já cargo oficial; o seu dedo na confecção da declaração desgraçada do exilado Rei D. Manuel II contra a abrangência dos legitimistas pelo Movimento de Couceiro, fazendo-o assim alinhar com o interesse britânico de pacificar, mesmo que à custa da aceitação do triste fruto revolucionário
(...)Como sei que posso absolutamente contar com a dedicação de muitos, a estes me dirijo, para lhes declarar que reprovo completamente o carácter "neutral" do movimento e que repudio igualmente qualquer espécie de acordo com o partido miguelista, com o qual nunca tive entendimento algum.
E no entanto... no mesmo local somos postos a par do papel que o grande Diplomata desempenhou em libertar o Rei da aceitação acrítica dos conselhos femininos que, não querendo verter mais sangue, O tinham feito concordar com a transigência da Acalmação:
O Marquez de Soveral teve o grande mérito de tirar o Rei D. Manuel debaixo das saias da Rainha D. Amélia, da Condessa de Figueiró e da D. Izabel Ponte.
Dizem que entre o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 e a proclamação da república em 5 de Outubro de 1910, as ordens no Paço Real foram dadas superiormente por estas três Senhoras.

Somos assim levados para a posição muito mais nacional que culminou nos acordos de sucessão ao Trono que extinguiram a Questão Dinástica em Portugal. Tudo somado, a prova de que a aprendizagem e experiência de um Rei também devem a quem momentaneamente errou.

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4 comentários:

Capitão-Mor disse...

Excelente resenha meu caro amigo...

Anónimo disse...

Essas suas leituras fazem-me inveja, Paulo; mas não a sinto como pecado :)
Grata por partilhá-las connosco.
Beijo

O Réprobo disse...

Luso-Tropical Amigo,
é leitura merecedora, assevero-o.
Abraço

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
a Minha Madrinha seria a última Pessoa em quem suspeitaria inveja, para além da metáfora. É para Seres de Elite como a Cristina que eu divulgo as interessantes referências com que tenho a sorte de topar.
Beijinho