segunda-feira, 7 de julho de 2008

Alea dos Namorados

Dados em Movimento de Steve HamblinJá comentei o célebre exame de Matemática quanto à admitida facilidade. Falta porém dizer algo sobre estas declarações do responsável pela concepção. Não lembra ao danado dizer que uma rasteira em exame é avaliação aleatória. Mas lembrou a este senhor. Não se percebe como uma solução matemática de problemas deste nível possa depender de acontecimentos incertos, ou futuros, que são os sentidos que para a palavra o dicionário dá. As chamadas rasteiras são meras dificuldades menos evidentes, cuja identificção e ultrapassagem serve bastante bem para aquilatar da capacidade de um aluno. O declarante explica então que o examinando pode estar num dia mau. Ah, pois pode. Muitas vezes até por ter tido os anteriores como excelentes. Mas a vida é assim, nem todas as auroras são ridentes. E ainda não se conseguiu com essa desculpa evitar que a Existência em geral deixe de nos passar... rasteiras. Esta justificação rasteira para uma abdicação do dever de exigência é que deve ser imputada a um dia mau do supremo arquitecto da prova, que mais não fez do que, com o presente de uma prova de chacha, namorar os que a realizaram.
Salazar, quando um dia lhe sugeriram um nome para ocupar determinado cargo, objectou com umas quantas experiências infelizes anteriores do proposto. Retorquiram-lhe que tinham sido uns percalços, mas que se tratava de pessoa de grandes qualidades. Não o convenceram, pois retorquiu que teria de facto muitas qualidades essa pessoa, mas que, então, tinha também muito azar. E que o Serviço Público não podia servir-se de pessoas tão azaradas.
O Azar, a alea, esses eufenismos lusos da incompetência.

2 comentários:

Cristina Ribeiro disse...

Rasteirinha esta cambada de iluminados, na verdade...
Beijo

O Réprobo disse...

E tem-se na conta de tão bom exemplo que não tem pejo em rasteirar o País.
Beijinho, Querida Cristina