quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ao Estômago da Confraria

A Marília Jackelyne diz que hoje é Dia da Pizza, o que não me choca, porque, embora nos EUA, o coloquem em Novembro, para mim todos são bons para devorá-la. Detesto hamburgers, fritos vários e demais fast food, mas Pizza é diferente, tem milénios de tradição e... sabe muito bem. Embora deva dizer que a popularidade que teve na Bacia Mediterrânica, antes dos Árabes, desde a Roma Antiga, ou até mais remotamente, pela Pérsia de onde foi importada, se refira apenas a uma avó da delícia que conhecemos. Esta só surgiu verdadeiramente com a incorporação no nosso conhecimento do Continente Americano e do tomate de lá originário. É coisa que me escapa completamente e cuja perspectiva me deixa apreensivo, uma pizza sem tomates!
Para me meter com a Nossa Amiga, lanço-Lhe a sátira de Padre J. J. Correia de Almeida, de Minas Gerais:

A GULA

Que injustiça! Um lambisqueiro,
no excesso de golodice,
relambendo os beiços dice:
comi hoje como um bruto!
Nunca o porco no chiqueiro
á gula pagou tributo,
e ao lobo com ser faminto,
se eu chamar guloso minto,
Melhor é que o glutão brade:
comi hoje como um frade!!

Não se fala em freiras, pois não? Tem pois luz verde para atacar a iguaria!

4 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo:

Embora os problemas de saúde que me têm atormentado me mantenham afastado do excelentíssimo convívio desta sua casa, não queria deixar de passar para lhe dar um grande abraço e saber novas da Senhora Sua Mãe. Espero que já esteja totalmente restabelecida.

Quanto à pizza, que também tanto gosto, tenho alguns reparos a fazer. Na verdade, vivi em Itália algum tempo, em Roma, Florença e Milão, e sempre me interessei - como é óbvio - por um dos meus pratos favoritos.

Com isto, devo dizer ao meu Caríssimo Amigo que as pizzas americanas não chegam - para o meu gosto - aos calcanhares das italianas, nem nas massas, nem na cobertura.

Depois, a versão da pizza que conhecemos é, ao contrário do que está «estabelecido» pelos novos bárbaros da História, relativamente recente, renascentista, para dizer a verdade. Era feita pelos camponeses e servos para aproveitar os restos da cozinha do senhor ou amo. A massa era o que restava da massa do pão, amassada com um pouco de azeite para lhe dar de novo maleabilidade, e a cobertura eram os bocaditos disto e daquilo que eles lá conseguiam colocar. A pizza romana já tinha uma composição - e história - bem diversa, porventura adaptada do plakus grego. O pão coberto da Pérsia de Dario seria então um parente ainda mais afastado.

Uma pizza podemos situar com precisão: a Margherita ou Tricolore, no século XIX garibaldino, com as três cores da bandeira italiana.

Há contudo uma coisa que me faz espécie: quase todas as enciclopédias afirmam que o tomate é originário das Américas, e que só terá chegado à Europa após as Descobertas, tal como a batata, a tapioca e o milho. No entanto, vários textos medievais referem explicitamente o tomate, que era utilizado como ornamento dos pratos devido à sua cor, e nunca comido, pois pensava-se que era venenoso...

A não ser que o Leif Ericson o tenha «importado» aquando da sua viagem às costas americanas no ano mil, o que me parece pouco provável.

Assim, fica esta pequena charada em aberto... Talvez o tomate comum a que estamos habituados seja o originário do Novo Mundo, e tivéssemos na Europa uma variedade autóctone.

Um grande abraço.

O Réprobo disse...

Meu Caro Carlos Portugal,
muito obrigado por cá passar, neste antro que tanto sente a Sua falta. A saúde materna tem suscitado mais preocupações do que devia, mas não falemos nisso. Agora a persistência das Suas contrariedades é que já está a abusar do prazo aceitável para se sumir. Espero que isso aconteça depressa e de vez.
Claro que um descendente de Italianos como eu concorda a millle por cento com a asserção de que Pizza verdadeira é a Italiana e que a dos EUA, por muito introduzida que haja sido pelos imigrantes transalpinos, perdeu a pureza original. E também Lhe dou razão em considerar o pão espalmado a que fazem remontar a pizza como mero antepassado dela, Avê, como no texto digo.
Quanto ao tomate, ignoro de todo esse vegetal atemorizante e decorativo de antes dos Descobrimentos. Mas vale o achamento do Novo Mundo como marco da descoberta, se não do vegetal em si, ao menos da coragem para o empregar.
E sim, a clássica Margherita nomeada em honra da Consorte do Rei Humberto, que a preferira às outras obras primas de famoso chef, é um must.
Abraço amigo

Anónimo disse...

Infelizmente não deu pra comer pizza no dia da pizza...
Mas quando for fazê-lo será como uma freira, certamente!!!
kkkkk

abç, dear
e obrigada pela homenagem

O Réprobo disse...

Oooooooh!
A alusão às Irmãs era por causa do desabafo sobre a pensão que deixou na casa da Meg, ehehehehe.

Ora, merecidíssima!!!
Beijinho, Querida Marília