quarta-feira, 16 de julho de 2008

Não É Defeito, É Feitio!

A Prisão dos Devedores vista por Hogarth,
de A Rake´s Progress

Nada admira que o Banco de Portugal tenha palavras de compreensão para com o endividamento das famílias e desvalorize o nível impressionante a que chegou. Ao contrário de outros povos, como o Inglês, em que as dívidas suscitavam repulsa, ao ponto de conduzirem à prisão, como a da célebre Fleet Street, em Portugal sempre houve janelas de contemporização com as fracas contas. Ao ponto de haver disposição legal antiga que permitia a todos os que se estabelecessem em Pereiro, no Concelho de Alcoutim, que se livrassem de ser demandados por quantias de que fossem devedores, embora a isenção não se estendesse a operações posteriores à sua residência na localidade. No estado de Pe(d)reiros Livres que vamos tendo mais não se faz do que prolongar a insensibilidade ao calote. O que reforça o espírito de aproveitamento das facilidades, que, depois, logo se vê.

6 comentários:

CPrice disse...

não posso estar mais de acordo Paulo, mas há um outro factor a focar nesta história de dívidas por pagar .. a facilidade com que as mesmas são contraídas.
E na tentação que é receber via ctt um envelope simpático com um crédito pré aprovado lá dentro. Isto, em familias de ordenados médios, que não sabem como comprar os livros para a escola em Setembro, por exemplo .. Penso que um maior critério na atribuição destas facilidades todas ajudaria a contenção, independentemente de saber que a primeirissima responsabilidade é, de facto, de quem se endivida.

O Réprobo disse...

Claro, Querida Once, que a tentação deve ser grande. Mas as pessoas têm obrigação de saber até onde podem ir. O interessante é verificar que a benevolência das autoridades não era acompanhada por igual tolerância do Povo, que chamava à assinatura do termo de residência naquelas paragens "Sentar praça de burlão". Haverá hoje igual desaprovação?
Beijinho

CPrice disse...

não acredito que haja Paulo. Com a "inveja" sentimento generalizado pelo carro, garagem, obras em casa, roupa nova e que mais sei eu .. que observo por aí.
Mas continuo a afirmar que se a cinta apertasse na concessão ..

O Réprobo disse...

Claro, Querida Once,
mas querer excitar cada um a desejar o que o vizinho tem não é a melhor disposição para garrotear o endividamento.
Beijinho

CPrice disse...

xii Paulo essa dava pano .. criar a necessidade da necessidade .. coisas que na maioria das vezes não precisamos e mais: viveríamos muito melhor sem termos de nos preocupar como as pagar ..

O Réprobo disse...

Qerida Once
com Sócrates, o Antigo, no mercado ateniense, dizendo: quantas coisas de que não preciso! Mas foi lá.
A outra questão é a do ovo e da galinha, já se sabe.
Beijinho