quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Inferno Feminino

Lamentação de Elsie RussellClaro, Indulgente Charlotte, que a regra de respeitar o caminho do Próximo seria a atitude inteligente, não invectivando as escolhas diferentes daquelas por que se opta. E seria até o das Feministas Inteligentes, existindo uma espécie fantástica como a enunciada. Não era a esse ser mitológico que me referia, mas ao que se tem à mão. Nem é preciso descer à caricatura das queimadoras de sutiãs. A directora de serviço onde uma Amiga minha trabalha, integrada e triunfante na carreira, não se coíbe de descompor as Subordinadas que escolhem acrescentar o apelido dos maridos, por, na opinião que berra à exaustão, "estarem a trair a luta de tantas Mulheres contra essa subalternização". Em planos diferentes é o que detecto em muitos outros casos, o despudor do ataque intergénero às Muitas que com elas não fazem causa comum.
Por isso duvido sempre da inteligência das sectárias. E quando o disse a uma Simpática Pessoa que se definia como moderadamente feminista, tendo-me ela ironicamente agradecido a parte que lhe tocaria, tive de precisar que os dotes de racionalidade que Lhe reconhecia ancoravam na moderação, não na parte do Feminismo.
Foi esta observação que me fez temer hostilidades dirigidas a uma Adorável Bomba, desse paiol sempre pronto a rebentar.

4 comentários:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Olá,

Vou dizer um pouco do que penso, embora não tencione explanar-me em demasia.

Sem medo dos rótulos e porque sou realmente uma mulher livre e já fui muito amada e por INTEIRO, eu afirmo que o acto de ceder o nome ao conjuge e de o receber AINDA é dos actos, o gesto de amor dos mais belos.
E sei do que falo, querido amigo.

Se me chamarem retrógrada, eu rirei :-))

beijinho

O Réprobo disse...

Mas com certeza, Querida Júlia, só por mentes deformadas pode passar por acto de opressão, tanto mais que, ao contrário do que acontece em França, o nome da Mulher não se apagava, juntavam-se os apelidos dos dois.
Faz-me muita impressão ver um sujeito ir ter com a Noiva, todo esperançado em estar a fazer uma bela coisa, dizendo "Amor, aqui tens o meu nome, adorava que o compartilhasses", recebendo como resposta
"Nem pensar, não quero saber dessa porcaria para nada!"!.
Tempos!
Se a tradição portuguesa fosse a inversa nunca me passaria pela cabeça rejeitá-la.
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

e chamam a isso Liberdade, vivendo escravizadas a teorias que são de outros. Há maior subordinação do que essa?

O problema, Paulo é que as pessoas agora dão-se pela metade. Agarram-se a teorias destas...

beijinho

O Réprobo disse...

E tudo parece tão mequinhinho no fim de tudo...
Eu tendo a desconfiar de todas as generalizações que querem ver no terreno que deve pertencer ao Afecto relações de Poder. Como Foucault, com mais talento, também fez.
Beijinho, Querida Júlia