terça-feira, 31 de julho de 2007

Querida Miss Pearls:

Tenho as renas na praia, pelo que só posso recorrer a um réprobo como mensageiro. Sei que foi uma Boa Menina, mas este post que me dirigiu vem fora de tempo, ainda falta muito para Dezembro. Segue no entanto um conselho - é só colocar um sapatinho assim na chaminé e é tiro e queda.
Beijinhos
Pai Natal

Uma Questão de Pronúncia

Uma delícia, esta nova que vem fundar velha suspeita minha: a de que um parlamento é estado dentro do estado, ao ponto de se constituir como particular espaço que gere hábitos de fala diversos. A notícia alerta para partidos «com e sem acento parlamentar». Muito justo, embora continuando quebrados, soam algo diferentemente aos ouvidos com menos treino...

Arrastados na Torrente

Depois de Bergman, Antonioni. Tentador seria procurar ligar os óbitos pela proximidade temporal que os atingiu. Mas seria cair na viciação da indiscutibilidade fáctica que enformou a concepção daquele que foi o filme mais popular do Realizador Italiano. «Blow-Up», em que a ampliação de um pormenor ínfimo forja uma realidade informada pela criatividade do agente que a fotografou, secundado sem remissão por quem acompanha. O que é explícitado desnecessariamente na famosa cena aqui relembrada, em que os "jogadores" contaminam o assistente, incorporando-o na bolada imaterial. Tenho enorme respeito pelo Autor desta fita, nunca consegui nutrir grande afecto pelo seu trabalho. Afinal, o que nos dá como metáfora do seu cinema, pode ser estendido à Sétima Arte em geral. E enquanto não confessada exala fascinação muito maior, na medida em que a aplicação da fantasia como leitura é intocável antídoto para o desconforto.

Um Retorno Ansiado

O Regresso a Casa desse Mágico da Blogosfera que é o Euro-Ultramarino, caninamente seguido pela audiência que o aclama, como pelos achados que são os repectivos postais, verdadeiros coelhos saídos de inigualável cartola.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Eu Sou Verde?

Não é que alguém me haja confundido com o BES, para pedir um empréstimo. Podem é ter-me pensado como um marciano, o homenzinho verde por excelência, Aqueles que me propõem marcas de chapéu diversas da que cobre todo o Mundo. E esta, T?

Problemática da Dilação

Massacrado por mais uma reportagem televisiva sobre o arrastamento do Processo Casa Pia, acudiu-me à lembrança a demanda de Protágoras. Tinha este convencionado com o seu discípulo Euatlo que ele lhe pagaria o ensino na arte de Argumentação quando ganhasse a sua primeira causa jurídica. Este, porém absteve-se de pleitear, até que o frustrado mestre o julgou deixar num beco sem saída porque, uma vez acccionado, teria de pagar, se condenado a tal, ou, caso ganhasse a disputa, em face do acordado. Mas contrapôs o excelente aluno que não, porque, ganhando, nada haveria a prestar, conforme a decisão dos juízes. E se a decisão o prejudicasse, também não, por não se ter verificado a condição minutada. O caso foi realmente levado à Justiça, mas os magistrados aceitaram e promoveram todos os mecanismos que adiavam e protelavam, até que os litigantes morreram sem que decisão se registasse.
Devo dizer que tenho alguma simpatia pelo caloteiro, porque duvido de que se trate de enriquecimento sem causa, a ociosidade barrística dele, paralelamente conhecida por mim, mais me leva a acreditar que tivesse notado ter passado anos a empobrecer-se espiritualmente, não a aumentar o seu pecúlio de agilidade mental.
No nosso Portugal vamos pelo mesmo. Mas não consta que haja tão ponderosos considerandos a retardar a aplicação da Lei. Haverá o medo de magistrados, sim. Todavia, cada vez mais se suspeita de que não seja de errar.

O Tempo de Bergman

Numa entrevista aos Cahiers du Cinema concedida a Lars-Olof Lothwall respondia Ingmar Bergman que não tinha, de todo, a ideia de que os seus tempos livres fossem vazios, considerado o prazer incrível que lhe dava um bom livro, ou a audição bachiana da «Paixão Segundo São Mateus», pois essa era a fracção temporal que qualificava de "metódica", aquela que dedicava a fazer qualquer coisa de interessante, contraposta à meramente "fugidia", a dos actos automáticos de que não retirava compensação especial. Não admira pois que a sua obra, a parte da vida que o aprisionava, seja a parte tangível da generosidade artística, na medida em que se reveste, para nós espectadores, desse traço de boa e profícua aplicação do ócio, graças à parte de renúncia a ele do Realizador. Poderia ser uma cadeia alimentar cultural, com o cinema desempenhando em quem vê o papel anteriormente assumido pelo livro, ou a música, em quem criou. Mas a desgraça é que a maior parte de nós não será capaz de dar de si algo que se faça consumir, enriquecendo, em termos comparáveis.
É neste contexto que tenho de separar os dois Bergmans: o dos grandes filmes versando as dimensões essenciais da cronologia vital, do desejo dessa «Mónica...» de um verão torridíssimo, ao seu oposto, o de «O Sétimo Selo» em que a angústia perante o fim é estendida nas mãos gélidas da Ceifeira, àquela outra mais insinuante, a da incerteza. Como a da perda de si na duplicação de «Persona», diferente das menos suportáveis filmagens da desagregação íntima em contextos mais familiares, que formam o seu segundo e menos estimável aspecto. Mas acima de todos, sobretudo neste momento, temos os «Morangos Silvestres» em que o envelhecimento repensa a banda biográfica de que os anteriores eram episódios e riscos. Ingmar Bergman morreu? Não na medida em que os seus filmes continuem a captar a nossa atenção. Essa ocupação metódica do nosso tempo livre impede-o de se ir e transfere para nós o ónus do Fim.

domingo, 29 de julho de 2007

Do Arco da Velha

Arco do Marquês de Alegrete em 1862

Sendo que a "Velha", aqui, é a Cerca Fernandina de Lisboa, da qual, desde 1373, o arco citado constituía a famosa Porta da Mouraria, ora oferecida ao Bic Laranja para completar o processo que do lugar nos deu. Tempo houve em que uma comissão administrativa de Lisboa tentou arrasá-lo, para implementar um projecto de alargamento da Rua Nova da Palma. Tamanho foi o volume os protestos que se suspendeu a execução da ideia. Mas voltaram à carga, com os resultados de que o Grande Bloguista Olissipógrafo nos informa.

As Rosas e os Espinhos

A Árvore dos Espinhos de Graham Sutherland
A época das Rosas, mesmo com as alterações climatéricas do aquecimento global, ainda não chegou: prometidas foram as flores mas ainda estamos, como noutros inícios de temporada, na altura dos espinhos. De que valeu tanto planeamento e pretensa definição atempada das necessidades do plantel, se os reforços continuam a chegar a conta-gotas, com as derradeiras a caírem no princípio das Ligas?
Hoje, para lá de se ver algo mais do Cardozão, que, além de ter força e tamanho, sabe mover-se e luta muito, continuou a mania do treinador de sobrepovoar o centro do campo. Assis, Manuel Fernandes, Katsouranis e Petit atropelavam-se uns aos outros. E para disfarçar a ausência de alas toca a mandar o pobre do Bergessio para um ou outro dos flancos, acabando por não render em nenhum, quando deveria jogar nas costas do grande Paraguaio...
No resto, seria bom que ele soubesse que queremos ver mais Dabao e que ensinasse a Nelson para que baliza deve fazer bons passes e centros...
*
Não se pode, no entanto dizer mal de Santos. Onde outros iriam tentar o Vodu, ele fica-se pelo recurso ao Adu!
*
Agora é que são Elas: vivendo as alegrias benfiquistas de mais uma vitória da Vanessa Fernandes, é anunciado que passará a representar a Águia a Grande Judoca Telma Monteiro. Espera-se que a aquisição venha a imobilizar muito adversário do SLB.

De Se Lhe Tirar o Chapéu

Na juventude Alguém que provisoriamente consegui enganar opinou que eu era "muito doce"; mas foi preciso chegar a esta provecta idade para que a cultura publicitária da T, valendo-se de texto de António Lopes Ribeiro, me desse como açucareiro. E, agravante desmedida, como um a que faltasse o elemento cimeiro, dado o lamentável hábito que tenho de andar com a cabeça (cada vez mais) desguarnecida. Eis a nossa Amiga irmanada a Salazar, que parece ter insistido para que um Subsecretário de Estado adquirisse um chapeuzinho, ao ser informado por aquele de que aderira à moda de prescindir do dito. Claro que eram as carapuças de bom talhe indispensável insígnia dos Grandes de Espanha, os quais tinham como afirmação do respectivo privilégio a exclusividade de manter-se cobertos na presença do Rei. O que me leva a acreditar que a Nossa Colega alinha com Frederico II, no entendimento de que uma coroa é só um chapéu que deixa entrar a chuva. Sabe-se como A tenho noutra conta, até porque me oponho terminantemente à ideia de centralização por ele empreendida na Prússia.
Seja como for, há quem opine que as chapeletas são essenciais ao equilíbrio da personalidade. Fazendo a ligação ao post anterior, lembro que Elizabeth Renzetti não hesita em afirmar: Os sapatos são únicos no seu poder de nos transformar, de nos dar uma nova identidade todos os dias. (Os Chapéus podem desempenhar um papel semelhante, mas poucos de entre nós são suficientemente seguros do seu estilo pessoal (...) para usar um diferente todos os dias). Talvez seja isto o que me afasta deles, a minha paixão pelos factores de permanência...
O cúmulo da fantasia valorizadora do barrete chega, entretanto, com o anúncio velado a companhias de aviação que se expõe. Sob o pretexto de louvar os aparelhos de marca Douglas, reduz-se a própria pessoa dos passageiros ao que enfiam no crânio. Contenderá isto com a sabedoria popular portuguesa que diz não servir a cabeça só para pendurar chapéu? Talvez não: é que os anunciantes, por dever de ofício, saberiam o que vale um(a) cabeça no ar e optaram por um reconhecimento testemunhado aos contributos de atenuação dessas excentricidades, com a impositura de laços comunitários distintos pela peça de vestuário em questão...

Medalha e Seu Reverso

À atenção da Charlotte: O engodo das letras moderado pelos inconvenientes das viagens...

sábado, 28 de julho de 2007

Dum Trago

Resolvi enfim um enigma, o da razão pela qual, face a ondas de calor como a presente, tanta gente insiste em deslocar-se pletoricamente rumo ao mítico nome Peter´s. Por Isto - Becca Peters!

Demandas Sem Graal

Esta Busca Acidental É Só Para Mim de Laurence O´Toole

São inúmeros os riscos de interrogar-se. Para além dos mais superficiais, os de ser dado como condenado ao infortúnio por eternos dependentes do dia a dia, cobertos de queixas, mas insistindo em ter como lamentáveis os que se orientam para posturas superiores, há as contra-indicações intermédias e as mais fundas. Consistem as primeiras em acreditar nas virtualidades puras da adopção do paroxismo questionador como segredo e caminho para um estádio acalentado, rejeitando assim os pólos opostos das sabedorias construídas pelo Mundo, o que defende estar na continuidade da procura o anti-corpo neutralizador da desilusão e o que defende residir ele na renúncia a desejar e perseguir metas auto-impostas, salvo a nulificação das inclinações.
Mas o perigo mais definitivo pode resultar de qualquer dessas atitudes, por essa via transformadas ainda em prospecções: é o de encontrar-se.

De Augusto Ricardo:

IDENTIDADE

A miséria dramática da vida,
que muitos sentem e outros imaginam,
é isto apenas: - farsa repetida
no mesquinho horizonte em que a confinam.

Olha aquele, infeliz - sempre a cismar.
E estoutro, venturoso - que não pensa.
Não será o primeiro que, a desvairar,
constrói alucinado a sua crença
no desejo incontido que o arrasta
pra longes ilusórios de magia,
preso à ilusão que mais e mais se afasta?

Não pressentir venturas nem amores
nem sorrir à alegria e, muito menos,
dar vida a grandes fulgores
que hão-de tornar-se pequenos,
são modos de andar ausente
da mágoa que nos invade?

Se assim é, alma que sofres,
põe de parte as tuas dores
não morras pela verdade;
pois a vida é simplesmente,
causa remota de animalidade.

O que não interroga nem descrê
nem anseia nem ama nem deseja,
talvez que o mundo, sem saber porquê,
o suponha feliz sem que ele o seja.

Todos, porém, se igualam na desdita,
quer se prendam ou não no desengano...
Mas o que não duvida nem medita
nega a própria razão de ser humano.

Cheguem-se à Frente

Até Arrabal pode exibir momentos de clarividência, se convenientemente lido. A cena aqui representada, do seu «Pic-nic no Front», pelos Arte Brasil, é exemplar, a todos os títulos, do imperativo de comemorar um facto digno e regenerador do desencanto, muito o oposto daqueles que por aí fora se oferecem para a função. Esta Frente, a sempre Nova, conseguiu, ao longo dos quatro anos que ora celebra, dar-nos Artes & Letras, sem fastio e com um estilo de quilate, elasticidade e génio difíceis de encontrar. À fruição pela escrita do BOS, não esquecendo a profundidade do Rafael Castela Santos, disponibilizada a Todos neste quadriénio, um abraço que agradece aos Autores, acrescentado do júbilo de ter ganho dois Amigos.

A Flor do Meu Segredo

Para evitar a insuportabilidade ao que de todos os lados me assalta não digo que tome duas vezes por dia estes sais, percorro sim páginas em que estejam contidas pérolas com a eficácia deste anúncio, para que a vida não se torne uma pastilha. Os livros, certamente, mas cada vez mais os comentários dos meus Leitores, os postais dos meus Confrades. Vós sois o Sal da Terra. Palavra da Salvação!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Perplexidade no Bengaleiro

Devo deixar claro que o mistério do fornecimento pela França à Líbia de um reactor nuclear só tem uma explicação: o de fornecer a Khadaffi um bem material que posssa servir de justificação para mais tarde o bombardear. De facto, a desculpa da eliminação do sal da água não colhe. A antiga colónia italiana é suficientemente rica e pouco populosa para de tal não precisar, muito menos com essa perigosa dimensão. Ou então teremos de admitir alguma hipótese absurda, à Peter Sellers, por exemplo, a de que, sabedores da existência das expressões guarda-chuva búlgaro e guarda-chuva nuclear nas Relações internacionais, os diplomatas franceses pensassem que as duas qualificações estivessem forçosamente ligadas e a libertação das enfermeiras de uma delas tivesse de ser substituída pela cativação da tecnologia radioactiva da outra...
Fora de brincadeira, trata-se de jogo muito perigoso. Ninguém, salvo uns quantos governantes do Ocidente, parece acreditar que o Coronel do Deserto se tenha emendado. Nem o próprio, continuamente apelando ao afogamento demográfico da Europa pelos Maometanos. Tudo isto fede. Agravado pelo resgate sob forma de idemnização pago para libertar os profissionais de saúde ameaçados, o qual surge como uma quitação do dinheiro de Lockerby.

Sinto-me no Céu

Há dias em que tudo parece correr bem: Madaíl portou-se como um homenzinho e demitiu o mais incompetente dos seleccionadores das camadas jovens que tivemos. José Veiga voltou a apartar-se do SLB. E um dos reforços anunciados para o Benfica é este miúdo que me encantou, no último campeonato do escalão. Sei que não é bonito misturar Desporto e Religião. Não perco até de vista que os simpáticos fanatizados que rezam pelo sucesso das suas equipas estão a pecar contra o Espírito Santo, na medida em que solicitam uma intervenção sobrenatural num jogo, subvertendo-o, logo pedindo a Deus uma batotice. Mas quem poderá levar a mal a um velho católico que goste de ver defendendo o seu emblema alado alguém com o nome "Anjo de Maria"?
Além disso, este blog rejubila por outras razões - os novos reforços lembram duas Comentadoras idolatradas nesta casa, a Maria, pelo exposto; e a T, através de DIAZ Que Voam...

O Papel das Páginas

Em outro queridissimo ataque da maleita que A afecta, a generosidade, uma vez mais vem a T distinguir o coaxar indistinto desta alma condenada, dizendo que era um dos blogues que gostaria de ver em livro e instando-me a citar dez a que eu desejasse outro tanto.
Devo dizer que tenho muitas dúvidas de que a solenidade livresca não esmague o atrevimento bloguístico. Mas, como sempre, não me furto. Abstenho-me de devolver a gentileza porque estava a Remetente acabadinha de ser nomeada.
Assim:

Dragoscópio - não tem dúvida, ninguém consegue dizer tanto mal tão bem e ainda ser generoso para com o réprobo. As chamas que lança alimentam sempre este Inferno. Já deu o passo decisivo, editando-se em forma de volume. Espera-se uma BD pelo Engenheiro Ildefonso Caguinchas.

Nova Frente - Outro que não oferece dúvidas. O Pena de Ouro da blogosfera Nacional, chamou-Lhe o Mestre Manuel Azinhal. Também já deu o passo de gigante para a impressão, em todos os sentidos.

O Jansenista - Palavras para quê? É O Artista Português.

Bomba Inteligente - Qualquer dos estilhaços Dela faz pensar, deliciando e reconciliado com o Mundo. Imagine-se folheando!

Miss Pearls - Ainda não está em livro, mas sim em jornal prestigiado. É um princípio de vida. Refinamento e afecto servidos por grande prosa. Quem pode querer mais?

Je Maintiendrai - O Gosto, a Erudição e o Tacto. Tudo o que qualquer escritor gostaria de ter.

Último Reduto - Um estilo fabuloso servindo saber e humor. Anda preguiçoso. Quem sabe se a tipografia não O traria de regresso à Terra?

Horizonte - Profundidade e opiniões próprias, o que mais escasseia nos livros que vão saindo.

Cocanha - O Ideal. Quem não quer aprender, divertindo-se? Só Aqui, nesta quantidade.

Combustões - A prova de que a Qualidade e a geografia não-banalizada de opiniões podem tocar as massas.

Ainda Por Cyma

Fiquei varado com o facto de a T querer vestir um gentleman por inteiro e se haver esquecido deste importantíssimo acessório. Logo o que uma Outra Amiga minha dá como solitário adorno suportável na masculinidade: diz Ela, contra brinquinhos, pulseirinhas e outras metalurgias, num homem só a aliança, se for caso disso, de preferência não; e o relógio. Este é que é importante, para não chegar atrasado aos encontros.
Entretanto o anúncio ao Cyma veio na sequência do post linkado, de publicidades que se negam como tais. Nada que se não haja apre(e)ndido da Política, em que mais êxito teve a propaganda que não se assumiu como tal, dando-se antes como Informação.
Um doce a quem fizer a ligação ao cachimbo do grande René.
.

Sala de Chuto

68%How Addicted to Blogging Are You?

Graças ao Impensável consegui que alguém pensasse o que eu não conseguia: quantificar a minha blogodependência. Foi este o resultado. Suficiente, creio para afastar tentativas de desintoxicação, prioritaramente canalizáveis para casos menos perdidos. Como a blogosfera não sai tão cara como outros pozinhos, não preciso de pedir aos poderes públicos espaço onde mate o vício. Talvez por nela não mandar para a veia, antes mostrar o que vai na dita. E desde Guterres que só o tráfico é punido, não o consumo. Façam o favor de a este recorrer, desenfreadamente.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Casticismo Publicitário

Rejubilem os amadores do vernáculo. Qual mata-borrão, qual carapuça! O golpe de génio está em oferecer um Tank que não serve para matar, nem que seja uma nódoa de tinta, o que é uma mais-valia no discurso dominante do tempo, de que, infelizmente, é bom que se não averiguem as correspondências reais. Enxugador de Escrita é que é! Onde outros apenas prometem um papel limpo, este vai ao conteúdo e oferece uma escrita enxuta! Vou já comprar um, que bem preciso...
Thanks!

Na Feira dos Mitos

Passagem dos olhos por esta aquisição na Feira do Livro de Cascais, que Domingo entregaria a alma ao Criador, caso estivesse no número os que a possuem. O critério é lato e abrange realidade maior da que o título propõe. Como os diversos capítulos têm de abordar em curto espaço realidades vastas, vale sobretudo por fazer as vezes de índice temático remissivo para quem queira aprofundar estudos sobre algum dos objectos referidos sumariamente. Quanto a Portugal, tem a particularidade de referir conglomerações Nacionalistas mais ou menos revolucionárias, universitárias e reunidas em torno de periódicos, que não se encontram suficientemente estudadas no próprio País. Movimento Jovem Portugal, Frente de Estudantes Nacionalistas, Frente Nacional Revolucionária e as publicações Agora e Resistência são mais do que sinteticamente referidas, em tom que não excede o de aperitivo. Mais detença - alguns parágrafos - merece a Tempo Presente, embora seja dada como "neo-fascista", mais resolutamente do que conviria, em função de uma declaração de influência sofrida. Percebe-se o ponto de vista dos Autores, ancorado na acentuação dos traços dinâmicos não-oficialistas do grupo, mas parece ligeira a designação. O próprio Pacheco Pereira, quando a citou no conhecido blogue que mantém, referiu-se-lhe com um cauteloso e salvador "quase-fascista". Assim como parece ser ignorada neste confronto a vertente modernista da política cultural do Estado Novo. Fez-me lamentar que não haja memórias pormenorizadas dos Colaboradores da revista, acerca da sua génese e desenvolvimento. De resto, informação básica pontuada por gralhas, fatais porque repetidas, tais como a referência a "Alpoim Galvão". Muito introdutório, conclua-se.

Perdeu-se

Dá pelo nome de O Acendedor de Lampiões. Alvíssaras a quem o devolva a meia Nação que tanto o estima!

O Engenheiro Fernando Santos teve um pesadelo e revelou-o. Se eu estivesse em posição de o aconselhar nas relações profissionais com o Presidente do Benfica, ter-lhe-ia citado um provérbio hebraico de reiterada sabedoria: Nunca contes o teu sonho a um louco!". Tendo já aludido às ligações culturais que o episódio Simão me desperta, passo a falar no caso de um ponto de vista mais técnico-desportivo. Não há dúvida de que se tratava do melhor jogador do plantel. Mas nem tudo são contras, a equipa encontrava-se, a meu ver, demasiado enfeudada ao transporte de bola que ele empreendesse, um pouco como, anos atrás, acontecia com Carlos Manuel. Como Sabrosa jogava mais adiantado, os engasganços do ataque notavam-se mais, quando ele era neutralizado. Tudo depende agora do substituto: Fábio a vingar, desconhecido a contratar? Com Moreira esfaqueado, Miccoli fugido, Mantorras paralisado, fica-se sem o Capitão, quer dizer o elemento de empatia que arrastava as multidões. E não se vê quem nisso lhe possa suceder, salvo Rui Costa. Daí que tema pelos jogos em que este não participe - por muito bem que a equipa se entenda e actue, o efeito multiplicador do entusiasmo transmitido pelo Público pode bem perder-se. Ainda bem que as berardices foram universalmente tidas por inoportunas.

A Tentação de Resistir

O «Simão do Deserto» de Buñuel, lutando e cedendo ao Diabo, como o homónimo capitão do Benfica. Só que o Instigador, em vez das apetitosas formas femininas de Silvia Pinal, tomou as da bolsa a abarrotar do Atlético de Madrid.
Nota de esperança: Fábio Coentrão poderá tornar obsoleta a saudade.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Cafeína por Simpatia

Com toda a atenção amiga que a T me tem dado a propósito do Café, acabei por me identificar com um grão dele: este.
Mil Graças, que são as Vossas.

Matar o Pai?

25 de Julho. Dia de D. Afonso Henriques, pelo menos pela data atribuída à Batalha de Ourique, a partir da qual se intitulou Rei. Pouco importa que coincida ou não com a do aniversário, porque num Fundador o marco da soberania de um País é a data do seu renascimento, simbólica de um novo Chefe, como arauto dos que comanda. O próprio sucesso militar é exemplar e exemplificativo da distância entre o Homem de Acção de ontem e os esmiuçadores paralisantes de hoje. Aceite o combate a contragosto, tudo se fez para o diminuir. Os Adversários que nem seriam da condição nem do número da Lenda, as controvérsias sobre o lugar da luta para despromover uma concretização para onde virar os olhos a uma escaramuça como outras de série, a recusa do Milagre porque a História não o comporta, mesmo que tenha existido. O cúmulo é ver um Historiador reputado tentando diminuir o Vulto que nos gerou, nacionalmente, sublinhando a pequenez das forças. Não contesto que fossem pequenas, tiro é disso uma admiração maior por ver vencidas dificuldades assim acrescidas, em vez de concluir como parece querer o especialista, por menor dignidade do Biografado.
A pequenez seria tão insignificante, ao ponto de ter canalizado para a auxiliar um dos três ramos da Cruzada da pregação de São Bernardo, como parte da Cristandade Peninsular que detinha a iniciativa do ataque à moirama, enquanto os Nossos Outros Irmãos de Fé eram contidos pelo poderio Almóada?
À Carga, por San Tiago! Livrai-nos da confiança cega nos historiógrafos ideologizados, que com os Mouros pôde bem o Conquistador. Não será por essa nova via que algum Português se libertará. Foi-o pela outra, a de 1139.

Raízes da Insinuação

Da insinuação, sim, que captar a atenção é o aspecto da publicidade que integra autonomamente a conquista do afecto, ao qual, porém, nem sempre chega. Prosseguindo a saga de abordar propagandas privadas antigas, gostaria de Vos transcrever o primeiro anúncio publicado em Portugal. Foi na segunda vida do título «Gazeta de Lisboa», a surgida em 1715, sendo de aconselhar uma pronta correcção da «Wikipédia» que a confunde com a ancestral homónima publicada ao tempo do Restaurador.
Saído no número de 31 de Agosto do primeiro ano de existência, rezava assim:
Faz-se aviso ás pessoas curiozas da língua franceza haver chegado a esta Côrte, ha pouco tempo hum estrangeiro apelidado de Villeneuve, Francez de nascimento, natural da Cidade de Pariz, o qual falla Lingua Latina, Allemã, Italiana, Castelhana e Portugueza; tem um methodo muyto facil para ensinar em pouco tempo a toda a sorte de pessoas; ainda ás de cinco para seis anos, as que quizerem servir-se do seu prestimo se podem encaminhar a casa de Manoel Diniz, livreyro na rua da Cordoaria Velha.
Prova provadinha do ascendente que Eça nos diagnosticou, de francesismo, ao ponto de nos exames que prestara enquanto petiz, inseguro noutras matérias, fora a família tranquilizada pelo examinador com o "saiba ele o seu francês...". É extraordinário que a transição para a predominância anglo-saxónica como esboço de "língua franca" tenha ocorrido tão rapidamente num país em que o enfeudamento à rival de Aquém-Mancha estava tão enraizado. E terá começado a inversão nos anos de 1970´s, ou seja, sem os vinte de atraso que marcam as nossas adesões culturais.
Claro que eram tempos em que se remetia um contacto para um livreiro, não era a época em que os encontros são marcados em Centros Comerciais.
Mas todo este arrazoado me fez voltar a Esopo, à famosa história das línguas que servira a Xantos quando este lhe pedira o melhor prato da praça, dizendo:
Que há de melhor que a língua que nos serve para exprimir o pensamento, para ensinar, para manter as relações da vida civil? A língua, chave das ciências, orgão da verdade, do raciocínio e da oração aos deuses...
e lhas voltara a servir, quando instado a apresentar o pior que encontrasse, porque
Que conheces pior que a língua, instrumento de difamação e da calúnia, mãe de todos os debates, nascente das desilusões e guerras, instrumento da mentira e da blasfémia...?
Mutatis mutandis, o que ajustou a língua-orgão assenta que nem luva a língua-idioma, sendo certo que os tempos dão a primeira como sendo mais amiudadamente cozinhada de modo sofrível. Porém, resistindo aos condimentos empobrecidos, os usos e abusos descritos teimam em manter-se.

Cada Macaco em Seu Galho

O público brasileiro, espelhando o português, como se recordarão da vergonhosa circunstância da organização de um Campeonato Internacional em Pista Coberta, não entrou na essência do Atletismo, ao contrário dos povos germânicos, mas, igualmente, dos eslavos e do prestigioso duo greco-italiano. Trata-se de um desporto de resultado, em que o que interessa é a superação, sendo a vitória da preferência competitiva uma gratificação adicional. Daí que espectadores evoluídos aplaudam e incitem todos os atletas, ao contrário deste par lusófono que vaia os que concorrem com os seus, embaraçando os próprios representantes.
Noutro plano, sabe-se o fiasco que atinge um espectáculo quando alguém vocacionado para ver actua no palco. Foi o célebre caso da estreia de «O Barbeiro de Sevilha, em que um gatito entrou em cena e, insistindo em passear-se pelo tablado, arrancou gargalhada de meia-noite à audiência.
O que, na preocupação social de ordenamento que sempre me motivou, faz com que Vos submeta esta idealização do camarote, a elite da assistência.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Não Há Fumo Sem Fogo

Se há coisa que me deixa fora de mim é a inimizade entre alvos do meu afecto. Desde há muito que me apoquentava a incompreensão de um grupo de Mulheres de Londres, que, em 1674, publicou uma petição, contra o café, outra das minhas predilecções. Diziam enormidades do género essa infeliz beberragem que torna os homens tão infruthful como se diz que os desertos o fazem, que enfraquece a raça, outrora forte, e que desvia os maridos de casa, fazendo-os parar pelos botequins.
Passaram-se anos em que dei voltas ao miolo tentando encontrar uma razão para tamanho ódio. Fui salvo graças a uma publicidade que ensina: esta marca de café italiana, ao dar-nos a imagem das emanações que do produto resultam, revelou-nos as Senhoras Londrinas Seiscentistas, afinal, como não mais do que uma antecipação das Mães de Bragança...
À T, à Marta e a Portuguesas Outras. É tudo uma questão de orientação, é o que é...

Mania das Grandezas

Depois de Grandi na agitação, Grandi na serenidade: Serena Grandi!

O Bote

Um partido é sempre um flagelo. Mussolini errou muito em confiar a permanência no Poder a um, apesar de ser dificilmente concebível a sua chegada ao mando sem ele, já que antes era o caos de um sistema de vários. Mas, múltiplos ou único, são de proscrever. Toda a sua governação, com indisputada obra edificadora, enfermou de se apoiar nessa horrenda parcialização do País, mesmo que, a breve trecho, sem rivais institucionais. Desconfiado sempre da hostilidade dos adversários do princípio com quem chegara a um frio modus vivendi, Casa Real, Hierarquia Militar e Igreja, não viria deles o primeiro passo para a sua destituição, fruto de um desgraçado alinhamento com o III Reich em que França e Inglaterra tiveram muitas culpas. Foi em 24 de Julho de 1943 que, numa reunião da crista partidária, uma causa eficaz chamada Grandi o colocou em minoria e fez cair. Até aqui tudo segundo o padrão dos orgãos que criara, mais tarde dado como traição, na primeira de muitas vergonhas recíprocas, esse "processo" de Verona já telecomandado por Berlim. O homem que o perdeu era Alguém, mas se não o seu mais fervoroso partidário, até porque coerente com uma hostilidade à Alemanha que o Duce deixara, um feroz homem de partido, iniciado no núcleo milicial embrionário mais militante. Perante o avanço na Sicília, a Itália voltou-se aliviadamente para o Rei e para Badoglio para ser poupada à vergonha da rendição incondicional, pois a outra, a de mudar de camisola a meio do jogo, só é estigmatizada quando se perde. A gratidão durou poucos anos, já se sabe que os mais extremistas dos vencedores emergentes, mesmo nessa Itália mestra nisso, deixariam a composição para níveis intermédios, não resistindo a dizimar as cúpulas. Quando se interpretaria o título deste post como "salva-vidas" há a mancha de ter de ser entendido também como "estocada".
Onde há partido(s) há jogo. E nessa jogatana a batota é sempre um risco.

A Banhada

O Banho Turco Para Homens, de T. Allom

Um Banho gigantesco, estes resultados dos islamitas ditos moderados! Quem sabe é o jornal alemão que fala na contraposição entre a Democracia Ocidental e a Tradição Islâmica. Pode ser que combatendo um fogo com o outro ambos os males sejam neutralizados. Mas prefiro assistir, em vez de ver o Continente naquele estado, mesmo que na miragem do revigoramento prometido.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Psicosíntese da Decisão

Está visto o que levou o Dr. Menezes a avançar uma vez mais: em dia de Amália, que se aproveita para homenagear, lembrou-se desta canção, por se imaginar fadado para Primeiro-Ministro, conforme vem noticiado em expresso.clix.pt/Actualidade/Interior.aspx?content_id=407777
O meu comentário é um só - apesar de a parte dos "rufias" poder ser ilustrativa de alguns que conheça dentro do Partido, o Fado é Destino e este não se força.

O tempo Voa

Inspirado na utilização de Velázquez que a T revelou para relógios femininos, senti como imperativo a publicação do Longines concebido, verdadeiramente, por Lindbergh, após a célebre travessia do Atlântico, de modo a facilitar a determinação de coordenadas. Os Homens fazem-no, realmente, ehehehehehehe. Dedicado a Essa Senhora de um Blogue provido do golpe d´asa.

Tréplica a Um Hiperatlantista

Nicolau Franco e Salazar assinando o Pacto Peninsular

A Bondade do Miguel Castelo-Branco levou-o a esbanjar algum do seu precioso tempo e ainda mais saber numa resposta ao que aqui ficou dito sobre as relações Ibéricas. Começa por anunciar inexactidões, mas lido o texto - e porque se tratava de contestação bifronte - aos argumentos aqui apontados não se topa com correcção factual alguma. Há, sim, tentativa de desvalorizar Sardinha, dizendo que os Integralistas tinham escasso conhecimento historiográfico, porque "diletantes". Caramba! É ser mais apimentado do que Pimenta! O Erudito de Guimarães faz justamente essa crítica a Sardinha, mas destacando-o do resto do movimento. Trocado em miúdos, os Companheiros seriam muito profundos, ele é que não, por não ir directamente às fontes da História remota. Penso que o Miguel concordará que ignorar como ineptamente amadores os trabalhos de um Hipólito Raposo sobre D. Luísa de Gusmão, ou sobre os Juristas da Sucessão e pela Restauração aproveitados é um pouco excessivo. Entre outros. Tudo somado, argumentos ad hominem à parte, o grande erro substancial que A. P. encontrou no Teorizador Alentejano foi uma inconsideração do título que D. Afonso Henriques adoptara. Demasiado pouco! Mas nem é isso o pior.
O pior é o duplo erro em que o Grande Autor de Combustões também parece cair, a saber, que Sardinha usaria o Passado Histórico para nele assentar a Aliança, quando o que ele faz é reproduzir factos indisputados para salientar o que correu mal na ausência dela: a decadência de ambos os Países, ao ponto de não mais contarem na cena internacional. E se Sardinha colocava a nova proposta como alternativa ao velho enlace com a Inglaterra, que reprovava, as posições dos seus Companheiros eram mais matizadas. Pequito Rebelo, por exemplo, advogando-lhe o caso contra o Senhor Embaixador, escrevera também, sem rejeição, sobre o património da conjugação com a Inglaterra. É a minha posição. Anglófilo que rambém já me confessei, gostaria de ver Lisboa e Madrid concertadas para resistir ao cilindro alisador de interesses e identidades que é uma Comissão Europeia surda a tudo o que não seja o apoio do ressurgido eixo franco-alemão.
A velha dicotomia entre potências marítimas e continentais será excelente em termos analíticos, é um zero absoluto como determinismo político. As nações, ao contrário do que pensam alguns Estudiosos, não agem sempre da mesma maneira, mas em função do inimigo concreto que lhes surja ao caminho. A França agiu sempre da mesma forma? Não. Opôs-se à Espanha quando ela era Habsbúrguica, ficou toda contente com a "abolição pirenaica" na instauração Burbónica; favoreceu o Brandeburgo contra os Católicos do Sacro-Império, mas combateu ferozmente a mesma Prúsia quando esta encabeçou uma Alemanha forte. E Berlim? De braço dado com a Inglaterra na Guerra dos Sete Anos, contra a Áustria, com a Áustria contra a Ingaterra no primeiro Conflito Mundial. A Rússia? Ligada aos Alemães e Austríacos na Liga dos Três Imperadores, transferindo-se para a Entente, qual Figo do Barcelona para o Real Madrid. A Áustria? Nem falo Dessa. Só nas guerras napoleónicas, mudava de campo ao sabor das derrotas e dos casamentos. A única que teve um padrão coerente, desde o fim da Guerra dos Cem Anos, foi a Inglaterra: deixar os outros europeus entretidos, desde que não tivessem disponibilidade ou frota para cruzar a Mancha. Mas é uma Ilha, em todos os sentidos.
Mais, Salazar jogou com a manutenção de Portugal ligado ao poder naval do dia, mas não descurou a modificação do relacionamento com a Vizinha, ao assinar com Franco a Amizade entre os dois Estados, passo muito mais importante do que aquele que proponho, embora precursor dele, espera-se. E, Caríssimo Amigo, não lembra a alguém menos vocacionado que o Miguel fundar a gula espanhola que nos fitasse na escassa atenção que nos dispensam as suas editoras. Presos por terem cão e por não terem, os Nuestros Hermanos. Que acharia, se as publicações espanholas versando-nos disparassem? "Eu não dizia? Cá estão eles sem despegar os olhos, a salivar"?
Ná! O inimigo é outro e julgo saber que o Miguel também o considera como tal. E contra ele, o espírito padronizador de umas instituições comunitárias hipertrofiadas, só o entendimento entre as capitais espanhola, britânica e lusa. Doutra forma não vamos lá.

Energia Infernal

Vem a T dando belos posts sobre a publicidade a electrodomésticos. Com tanta electricidade gasta a conta promete tornar-se num Inferno, pior do que aquele que esta página corporiza. Espera-se, ao menos, que as lâmpadas sejam como as do anúncio e contrariem a perdição...
Roga-se ao João Villalobos que se pronuncie acerca do conteúdo do segundo linkado.

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O Pai da Nação

Perante a notícia da morte de Zahir Shah (1914-2007), Soberano deposto dum Afeganistão que manteve em paz, aqui saudado pelo Presidente Karzai, no Seu regresso ao País, tentando livrá-lo dos conflitos que, desde então, não cessaram de lavrar, enalteçamos o seu desapego ao poder e empenho na tranquilidade nacional, mas não percamos de vista equívocos catastróficos, como a cedência à legalização do jogo dos partidos e a esperança que, como Potências e mandatários delas, chegou a depositar nos Taliban. Que uma nação que tem instituída a Ordem do Sol seja suficientemente iluminada para conseguir ver a evidência de que só a Restauração Dinástica poderá afastar muitos Pashtun do radicalismo islâmico para seguirem a sua chefia tradicional, também o mais seguro meio de protecção das demais etnias.

domingo, 22 de julho de 2007

À Marta

Pois não tem mal algum, mas reparemos no que diz João Gilberto: «Chega de saudade»!

Progresso Meramente Técnico

Tendo visto a minha saga de motard finda de forma brutal, ao poisar numa poça de água, nuns 14 anos que não o tinham previsto, frente a olhos e saias a que conviria evitar tão dura prova, sempre nutri certa dose de boa vontade a respeito de convívios como o algarvio deste fim de semana.
Tenho porém a censurar às reportagens televisivas a omissão ou pressa da cobertura do espectáculo final, que costuma ser a cereja no cimo do bolo. Esta lacuna vem afinal comprovar que às melhorias das máquinas não corresponde um efectivo progresso moral, ao contrário do que poderia pensar quem tentasse tirar ilações destas imagens da Harley Davidson, em 1907 e várias décadas depois...

Na Crista da Onda

Cabine de telefone pública, em 1883

Tendo sido, oportunamente, notificado desta conversão do Bic Laranja, não posso deixar de saudar o Seu regresso, oferecendo-Lhe este modelo de ponta, como comprova o enfeite central.

Papalvos & Papões

O mal das conversas na blogosfera é este e só este: há sempre a ameaça de um réprobo se meter nelas. Assim com a que versa o Iberismo. Do que gostaria que fossem as nossas relações com Espanha já falei em tempos melhores. E o respeito que me merece Quem lê não deixa que me repita. Para maçada basta uma vez.
Porquê, então retocar e retomar este tema batido? Porque ele está, de novo, na baila. Primeiro foram figuras públicas, à custa de publicitadas, quais Lino e Saramago, essa Sociedade Anómala de Irresponsabilidade Ilimitada, a defender como benéfica a integração peninsular. Para os que acreditem que daí viria algum bem à Nação, os papalvos que mergulham de cabeça na primeira atoarda televisionada, gostaria de lembrar que para um País querer anexar outro é preciso que ele tenha alguma coisa de desejável. E o estado a que a República abrilina nos conduziu faz duvidar de que em nós exista essa qualidade. O interesse económico que se denotasse, exíguo até pela diminuta dimensão do nosso mercado, cumpre-se no estado actual de coisas. A pujante economia vizinha entra onde e quando quer na imitação aleijada que é a nossa.
No entanto, o ribombar dos altissonantes bitaites ministerial e nobelizado fizeram por Gente Estimabilíssima soar o grito de alarme. O Miguel Castelo-Branco veio gritar, literalmente, Aqui d´El Rei perante o ressurgir do velho papão. Creio que o Nosso Amigo está sobre brasas no tema porque Discípulo do Embaixador Franco Nogueira, para Quem o Perigo Espanhol era uma obsessão a tempo inteiro. A essa canalização do indiscutível Patriotismo de semelhante Mestre respondeu, num jeito de desagravo, Pequito Rebelo na vertente em que o Grande Diplomata atacara o pensamento de António Sardinha. Porém, o nosso Comburente Confrade não se coíbe de retomar a acusação de "ingenuidade" que, na sua época, fez carreira contra o Doutrinador de Monforte. A mesmíssima que, neste folheto desgraçado em que lança mão de tudo o que possa apequenar o Conhecido Integralista, Alfredo Pimenta lavra, confundindo alianças com osmoses nacionais, deificando a sincronia ocasional, presumivelmente para untar Salazar, mas increpando a conjugação sistemática, por dela precisar para conjurar adesões da forma mais fácil que há, por quem doutra forma não consegue ser amado - brandir um ódio velho como inimigo comum. Hoje por hoje a tese perdeu a sua viabilidade literal porque nem Portugal tem já um Império que o faça contar, nem a Espanha tem a independência de acção que lhe permita disputar o Mediterrâneo a quem quer que seja.
Atenção, o perigo maior de nos diluirmos numa Ibéria dominada por Madrid não provém dos ocupantes dos farrapos de Poder que subsistem na Moncloa, mas na facilidade com que Bruxelas encare os dois ramos peninsulares como uma unidade a ser dirigida em comum. Aí sim, o mais proeminente do Par tomará primazia, na função de rédea, sendo o dono a Eurocracia e o animal a pobre Lusitânia desditosa. Por isso disse ser a conjunção de resistências nacionais dos dois Estados mais ocidentais deste Continente contra a padronização centro-europeia de matriz materialista a actualização possível do ideal de Sardinha.
Tenho, enfim, de responder a Outra Grande Voz, o Jansenista, que não foi a Monarquia que causou os perigos maiores de perda da nacionalidade. Esses casamentos Reais que refere contribuíram para a alternância de muitos anos de Paz, contraposta às crises conhecidas. Estas não resultaram dos matrimónios, mas da incapacidade de gerar descendência directa suficiente e desimpedida, por dois dos nossos Reis. Mas as Leis Nacionais constituíam salvaguarda jurídica bastante, com a interdição de soberanos estrangeiros e seus familiares mais chegados cingirem a Coroa Nacional. Pois bem, no momento em que a infecundidade se propaga à População em geral, não seria de pensar o regresso da Realeza, insuspeita de transigência com a fusão de fronteiras, ao contrário do risco sempre patente da eleição como Chefes de Estado e de Governo de políticos iberistas? Concordo Consigo que da parte da População Espanhola não virá perigo de maior. Mas poderá dizer o mesmo da nossa Classe Política?

sábado, 21 de julho de 2007

Persistência de Eróstrato

Dia do ano dado como sendo o do incêndio da Maravilha do Mundo que fazia empalidecer todas as demais, segundo o seu seleccionador, Antipater. Eróstrato teria posto fogo ao templo de Artemisa em Éfeso, vangloriando-se seguidamente do facto, para que se pudesse tornar célebre por essa destrutiva acção, já que não fora possível por obras de maior dignidade. O mais famoso pirómano de sempre foi condenado a morrer no fogo de que tanto gostava e, como sanção acessória, a que nunca o seu nome fosse proferido por qualquer cidadão efesiano, sob pena de morte. Antes de fazermos a ligação a legião de criminosos comuns actuais que prevaricam para obter a celebridade devemos atentar nos políticos que aniquilam o que tanto tempo e custo levou aos antepassados. Mas não se pode concordar com o abafamento do nome dos responsáveis, pois é condicionar a justiça à vontade dos infractores, ainda que por oposição ao seu desejo. A Moral é impossível de ensinar convenientemente sem apontar exemplos a enaltecer ou a reprovar. E a vergonha deve sempre levar a palma ao silêncio, pois quando baixa os decibéis do volume da sua proclamação anuncia o fim próximo.
Circunscrevendo-me ao caso da Antiguidade gostaria de focar um outro aspecto: quando os historiadores nos dizem que Artemisa estava ocupada em garantir o sucesso do parto que trouxe Alexandre Magno a este Mundo, não tendo por isso podido proteger o santuário que a honrava, caíram no mesmo erro dos muitos que posteriormente se afastaram da religiosidade por imaginarem incumprida pelo Divino uma "obrigação" de interferência que decretaram. Em vez de culparem os membros mais fracos da Espécie e esta, por não ter sabido neutralizá-los.
Sabendo-se que o monumento destruído fora o único com função similar que Xerxes poupara, prova-se de novo que é muito mais temível o inimigo interno do que o externo.
E, para encerrar, às escolas psicanalíticas que queiram ver no erostratismo alguma sequela de trauma de infância, contraporei que a simbologia permite uma explicação pela sexualidade sem fantasiar demasiado nem relegação para períodos formativos: Artemisa, a Diana dos Romanos, era a Deusa associada à Lua e, por essa via, à Mulher. Não passaria afinal de uma concretização alternativa para o que alguns lamentam não conseguir normalmente: inflamar por si o Feminino...

"Este Blogue Não É Rosa..."

Notícia do Record manifestamente exagerada

...mas não teve outro remédio que o de aproximar-se, durante o jogo com o Cluj. Com esta homenagem à imagem de marca do Blog do Nils quero dar conta do que retirei da altura para ver as aquisições benfiquistas pela primeira vez: O Inspector Oscar Cardozo implacável na luta contra os portugueses a soldo de um País da Cortina de Ferro. Gostei muito de o ver na meia-distância, com remates fortíssimos e colocados, um dos quais lá para dentro. Queria era poder tê-lo avaliado como homem de área. Fica para a próxima. Os dois que se mexeram melhor foram Simão no ataque e David Luiz na defesa, com Rui Costa a provar que velhos são os trapos. Pena que os passes dele e de Manuel Fernandes ainda não estejam afinados e se vão atropelando um pouco. O tempo resolverá. Zoro pareceu difícil de passar, mas não é, claramente, lateral. O corredor direito fica entregue às moscas. Gostei de ver Bergessio mexer-se sem bola, quando desejaria tê-lo seguido com a dita. E não há direito de o Treinador causar atribulações tais a um Chinês na Roménia, visto que oito minutos é rigorosamente nada. Lá se foi por água abaixo a hipótese de aquilatar o Dabao. O sérvio avançou mais pela sua ala, mas pareceu muito tímido em matéria de arranques & cruzamentos. Enfim, muito trabalhinho a fazer, numa partida com resultado diplomático.

A Sorte das Marcas

Em mais um ano passado sobre a morte de Lyautey, cumpre lembrá-lo pelo que teve de específico. Tendo feito a carrreira maioritariamente nas possessões francesas de outros continentes, não só do Marrocos que o celebrizou, como da África Negra, da Argélia e da Indochina, este Monárquico fervoroso que, como tantos outros, serviu lealmente, num governo Republicano, o seu País em armas, perfilhava uma concepção de presença europeia que não era moda na maior parte dos países colonizadores do tempo: preocupação de melhoria das condições materiais, segurança e aprendizagem das populações, dentro do respeito pelas respectivas culturas, como parte integrante, mais do que como contrapartida, do contributo que traziam ao interesse estratégico do protector europeu.
Não era popular esse conceito entre os mais ferozes vampirizadores das terras a ocupar, defensores dos melhoramentos na simples medida em que facilitassem o aproveitamento das matérias-primas e do exercício da administração. Mas não assim na acção empreendedora do nosso País, que sempre foi o modelo para o grande Marechal:
Em todas as regiões do mundo por onde passei, sempre que via uma ponte perguntava quem a construíra e sempre me respondiam: os portugueses. Diante de uma estrada e ao fazer semelhante pergunta, a resposta era idêntica: os portugueses. E quando se tratava de uma igreja ou de uma fortaleza, sempre a mesma resposta: os portugueses, os portugueses, os portugueses.
O meu desejo seria que, se Marrocos se tornasse algum dia esquimó ou chino, os nossos sucessores lá encontrassem tantas reminiscências francesas como portuguesas nós temos achado.

Note-se que era no tempo em que razões tecnológicas e, sobretudo, políticas não consentiam que fossem erguidas pontes numa madrugada. E demos graças ao Senhor Nosso Deus por o Velho Militar não ter indagado por suspeitos aeroportos nestes tempos do fim e espaço retráctil. A resposta seria Bruxelas! Bruxelas! Bruxelas!
A memória do que éramos capazes anda mais morta do que os ossos desta prestigiosa Testemunha.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

A Domesticidade da Língua

Se dúvida houvesse quanto à força deste acessório que só a feministas requentadas lembrou queimar, aí está: é das raras entidades que podem rivalizar com a perfeição terrena que se concretiza na figura de James Bond. Esta deu origem à absoluta elite das Bond Girls, o objecto em apreço às Wonderbra Girls!
Mas quem diria que tão útil elemento de vestuário teria despoletado convulsões linguísticas? "Qualquer um com um mínimo de experiência e sintonia mainstream", responder-me-ão. E eu serei obrigado a, uma vez mais, prantear a minha insuficiência de redacção, porque não é desse tipo de estímulos que falo, mas da introdução do que foi um neologismo no nosso idioma.
Em 1964, um preocupado Compatriota dirigia-se a Irondino Teixeira de Aguiar, depois de mencionar o aportuguesamento de outros vocábulos estrangeiros nestes termos:
E em nome do sutiã reclamo! Sutiã merecia a primazia até mesmo ao futebol. A maioria da nação nem sabe o que é voleibol, mas todos conhecem sutiã...
...Ora, qualquer criada de servir a quem se mostre aquela peça de roupa interior dirá tratar-se de um sutiã; Sutiã; não «soutien-gorge». Se lhe dissermos que sutiã não é português, ela não nos leva a sério - já a avó lhe chamava assim!
Não insistirei no pedantismo politicamente incorrecto de não reconhecer à técnica auxiliar de limpeza a prerrogativa de varrer a língua de purismos exagerados, como tão capazmente o faria aos soalhos que lhe competiam. Dou-lhe razão por inteiro quando vejo a alternativa que os fanáticos do portuguesismo imaculado sugeriam: porta-seios!!! E, pensando que as acepções dos componentes das designações francesa e lusa do objecto estudado remetem para sustentador de forças e bolsa de trocos, respectivamente, chego uma vez mais à constatação do carácter optimista da Gália, contraposto ao ancestral pessimismo lusitano.
Todos os caminhos vão dar a Roma. Ah, eu não me importo.

Passaram-se!

As confissões da titular da pasta do Interior britânica e do governante encarregado de encarar o problema da droga, de que tinham fumado cannabis (marijuana), durante anos mais verdes não é de espantar. Afinal significa que os domínios governamentais foram entregues a quem percebe do assunto. De resto, considerando os montantes que o narcotráfico movimenta, também não parece mal que o responsável pelas Finanças esteja entre os que reconheceram esse curriculum viciado. Não sei se travaram ou não, como Clinton alegou, em minoração de culpas. Mas vejo tal reconhecimento em série, mais do que tentativa de tornar menos confortável a vida ao líder Conservador, Cameron, que terá percorrido o mesmo caminho, uma jogada contra o assumido candidato Tory à Câmara de Londres. Este célebre, desbocado e pouco escrupuloso ex-jornalista, Boris Johnson, agrada, precisamente por essas características, à Juventude. Como declarara que se tinha drogado, em novo, ficando aberto a esta meritória prática, vê pelas declarações ministeriais, banalizada a conduta que o aproximaria, desgraçadamente, do eleitorado jovem.
O corolário a tirar é que o Poder é uma grande droga de substituição.

Ao Contrário de Penélope

Eis como o João Villalobos e o seu duplo se comportam frente à outra Mana Cruz, Mónica.
Terapia: ir imediatamente a:
http://angemonicacruz.skyrock.com/

quinta-feira, 19 de julho de 2007

A Aura da Incerteza

O Absinto de Degas

Tendo passado toda a vida a diminuir o papel da Natureza na Arte, Degas, cujo aniversário ocorreria hoje, contrapunha-lhe o artifício do Pintor como prioridade que excluiria o estudo da Natureza do papel primordial. Determinou que uma pintura exige um certo mistério, um tanto de vago, de fantasia. É neste contexto que interpreto a conhecida renúncia, pouco depois de passada a trintena de anos, em pintar auto-retratos, por já não conseguir extrair da própria figura e expressão o que quer que fosse de intrigante. Assim se compreenderia que tivesse voltado a retratar-se na velhice, facto pouco lembrado pelos que gostam de fazer divagações e divulgações, quer dizer, teses e notícias do passo anteriormente referido, por de novo lhe surgir uma quota de desconhecido a desbravar(-se). A contínua rivalidade que latentemente opunha, pelo que concebia, à Criação Originária explicaria também o porquê de, ao contrário dos outros Impressionistas, não diluir excessivamente os contornos na luz, pois a nitidez da forma é específica prerrogativa de quem faz, enquanto que o esbatimento cromático é confissão do que assume ver. Da mesma forma, a construção de corpos femininos pouco canónicos, não deverá ser levada à conta da misoginia que a biografia solitáriaa do Artista insinuaria, mas sim da concorrência geradora mencionada. A sua arrogante justificação do celibato, não querer acordar ouvindo a mulher dizer-lhe que pintara uma coisa linda, é tentativa de libertar a sua específica Estética da rotina que remetesse para o padrão alheio.
E assim, neste quadro. A tristeza da figura justifica-se pela hesitação em sorver e enfraquecer defesas que lhe provoquem cedência não desejada, ou abdicar de ingerir o líquido e não conseguir esquecer as agruras de que se desejaria evadir? A companhia do lado permite os dois caminhos, embora, da minha parte, arrume a questão com o sabor da beberragem...

A Tragédia do Ridículo

Em 1936 vivia-se no dia 19 de Julho o compasso de espera decisivo. Tendo a Instituição Militar finalmente reagido contra a tirania Vermelha e assassina, aguardava-se a chegada, proveniente daqui de bem perto da minha casa, do General Sanjurjo, a quem caberia a chefia natural do levantamento. A avioneta com nome de lagarta, pilotada por aviador e político renomado, Ansaldo, espatifar-se-ia na manhã do dia imediato, ao descolar. É desse momento que julgo trazer pioneiramente à net a horrível imagem, com o corpo no incêndio que o vitimou. O acidente ter-se-á devido ao excesso de peso motivado pelo embarque das fardas de gala do Oficial. O pior que pode suceder ao ridículo é não permanecer idêntico através dos tempos: naquela época temera-se a figura que o militar faria, desprovido das competentes insígnias, hoje estranha-se um fracasso devido a motivo tão fútil, assimilado à vaidade.

Em Fevereiro desse mesmo ano tinha concedido uma interessantíssima entrevista ao Jornalista Leopoldo Bejarano, em que dava por encerrada a sua carreira de conspirador veterano, desmentia intenções de candidatura à Presidência de Espanha patrocinada por José Calvo Sotelo, com quem servira na governação do General Primo de Rivera. Acrescentava que este último, prezando muito Calvo, seu Ministro das Finanças, o costumava censurar paternalmente, dizendo "o Senhor é demasiadamente Político". Pelo que não deixa de se dever confrontar com a avaliação que, anos mais tarde, José António faria da Ditadura Militar pelo Pai presidida: "a História recente prova que o governo de Espanha não pode ser entregue apenas a um grupo de militares de honradíssima intenção, mas sem capacidade política para transformar o Estado". Paradoxalmente, ter-se-ia de aguardar por um Caudilho saído do meio castrense, tido por mais apto a conviver com o Poder. É que, pelo meio, Aquele que parecia destinado a tomá-lo tinha sido assassinado pelos Republicanos, revelando-se, até no sacrifício, demasiado político.
D. Miguel tinha razão.
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