O Fado? Um Fado!
Passeio pela Feira do Livro de Cascais, pequenina mas merecedora. Enchi o saco, de maneira diversa da que costumo fazer aos Leitores, Sobre outras aquisições falarei mais tarde. Gostaria no entanto de referir o achado desta obra, que havia muito procurava, e descobri, autografada e tudo. Há em especial um capítulo de que não resisto a dar um cheirinho: é aquele em que o Autor não reconhece qualquer unidade espirtual nos Portugueses. Reza assim: Pensamento ou divisa, ideia comum ou sentimento abrangente, culto por um principio ou devoção por uma sintese, luzeiro que, com a mesma intensidade faça deslumbrar os milhões de almas que perfazem o rincão gentil que é Portugal, debalde o heis prescrutado.
O espirito cristão?
A saudade?
A aventura maritima?
O odio á Hespanha?
O culto de Camões?
Não vejo, não vejo com franquesa...
E analisando a hipótese do Fado, dando-lhe a qualidade de elemento em que se matamorfoseariam a Gesta e o cantar marítimos, o qual poderia sê-lo, se não redundasse em ferrente do declínio e do imobilismo. Conclui chamando-lhe uma modalidade flagrantíssima da ironia dolorida que morde atroz esta quadra já longa de defecção cívica(...)
Ora bem, eu creio haver uma unidade mental portuguesa. A Epopeia e o Fado são verso e reverso dela e ironia não há onde não exista facto que desminta o proferido. A crença omnipresente no Destino é o que é comum aos Portugueses do Passado e aos do Presente. Mas enquanto os Antigos o entendiam como Missão, os coevos vêem-no nas categorias sequenciais inelutáveis mas paralisantes de Progresso e Decadência. Sendo que as variações dominantes tendem a vislumbrar o quinhão possível da primeira na cópia dos outros e a segunda circunscrita a condenação à Indignidade dos Herdeiros que hoje deveríamos ser. É nesse consenso que estagnamos, com poucos querendo reagir sabendo como. E esgotando-nos na admiração inepta dos Maiores, ignorando que a maneira ideal de Os honrarmos seria canalizarmos o sentiento de referência para acção que conservasse. Porque da Nação se poderia dizer o que alguém disse da Nobreza: recebe-se e transmite-se, se não aumentada, ao menos não diminuída.
O espirito cristão?
A saudade?
A aventura maritima?
O odio á Hespanha?
O culto de Camões?
Não vejo, não vejo com franquesa...
E analisando a hipótese do Fado, dando-lhe a qualidade de elemento em que se matamorfoseariam a Gesta e o cantar marítimos, o qual poderia sê-lo, se não redundasse em ferrente do declínio e do imobilismo. Conclui chamando-lhe uma modalidade flagrantíssima da ironia dolorida que morde atroz esta quadra já longa de defecção cívica(...)
Ora bem, eu creio haver uma unidade mental portuguesa. A Epopeia e o Fado são verso e reverso dela e ironia não há onde não exista facto que desminta o proferido. A crença omnipresente no Destino é o que é comum aos Portugueses do Passado e aos do Presente. Mas enquanto os Antigos o entendiam como Missão, os coevos vêem-no nas categorias sequenciais inelutáveis mas paralisantes de Progresso e Decadência. Sendo que as variações dominantes tendem a vislumbrar o quinhão possível da primeira na cópia dos outros e a segunda circunscrita a condenação à Indignidade dos Herdeiros que hoje deveríamos ser. É nesse consenso que estagnamos, com poucos querendo reagir sabendo como. E esgotando-nos na admiração inepta dos Maiores, ignorando que a maneira ideal de Os honrarmos seria canalizarmos o sentiento de referência para acção que conservasse. Porque da Nação se poderia dizer o que alguém disse da Nobreza: recebe-se e transmite-se, se não aumentada, ao menos não diminuída.
6 comentários:
"...creio haver uma unidade mental portuguesa".Também eu acredito que ela exista,ainda que,demasiadas vezes,se não valorize,até ao limite de ser espezinhada,e não acarinhada,como lhe é devido.
Beijo
Esse menosprezo, Querida Cristina, faz parte, inclusivé, do que refiro - o diagnóstico automático de incapacidade aos conteporâneos.
Beijo
''Solzinho de Deus, esta expressão contém toda a alma do nosso povo'' - qualquer coisa assim escreveu Pessoa.
É, o tal coração...que ainda pulsa...que revivificará... quando deixarmos esse tal menosprezo,
''o diagnóstico automático de incapacidade aos conteporâneos''
Eis o cerne da questão. Eis o problema português.
Caro Paulo, e outros amigos com santa paciência:
Falando de grandes incapacidades, mas desta vez das minhas...lá no meu purgatório, quando encontrarem um quarto fechado à chave, o ''abre-te sésamo'' é ''Apeiron'',
Vou ver se consigo lá falar de algumas coisas de foro inteiramente pessoal.
Um pouco a propósito de (''quase entrevistas''), querer saber o que estudou... desabafos da minha parte que talvez ajudem a um rumo...enfim, se não melhor, pelo menos, mais em contacto com o meu País...e concerteza que tão sábios visitantes serão inevitavelmente uma fonte de inspiração.
Não digo mais, que já ocupei aqui espaço demais...
Obrigada pela paciência.
Penso, Insigne Terpsichore, que é, realmente, aí que bate o ponto. Tantos foram os maus exemplos oferecidos como espectáculo, que a população se viciou na descrença dos que a rodeiam e recusa janelas de esperança para não mais se deixar enganar.
Bj.
Obrigadíssimo! Já por um par de vezes me surgiu essa barreira. Agora com a chave-mestra tudo está facilitado.
Graças Vos sejam dadas.
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