domingo, 29 de julho de 2007

De Se Lhe Tirar o Chapéu

Na juventude Alguém que provisoriamente consegui enganar opinou que eu era "muito doce"; mas foi preciso chegar a esta provecta idade para que a cultura publicitária da T, valendo-se de texto de António Lopes Ribeiro, me desse como açucareiro. E, agravante desmedida, como um a que faltasse o elemento cimeiro, dado o lamentável hábito que tenho de andar com a cabeça (cada vez mais) desguarnecida. Eis a nossa Amiga irmanada a Salazar, que parece ter insistido para que um Subsecretário de Estado adquirisse um chapeuzinho, ao ser informado por aquele de que aderira à moda de prescindir do dito. Claro que eram as carapuças de bom talhe indispensável insígnia dos Grandes de Espanha, os quais tinham como afirmação do respectivo privilégio a exclusividade de manter-se cobertos na presença do Rei. O que me leva a acreditar que a Nossa Colega alinha com Frederico II, no entendimento de que uma coroa é só um chapéu que deixa entrar a chuva. Sabe-se como A tenho noutra conta, até porque me oponho terminantemente à ideia de centralização por ele empreendida na Prússia.
Seja como for, há quem opine que as chapeletas são essenciais ao equilíbrio da personalidade. Fazendo a ligação ao post anterior, lembro que Elizabeth Renzetti não hesita em afirmar: Os sapatos são únicos no seu poder de nos transformar, de nos dar uma nova identidade todos os dias. (Os Chapéus podem desempenhar um papel semelhante, mas poucos de entre nós são suficientemente seguros do seu estilo pessoal (...) para usar um diferente todos os dias). Talvez seja isto o que me afasta deles, a minha paixão pelos factores de permanência...
O cúmulo da fantasia valorizadora do barrete chega, entretanto, com o anúncio velado a companhias de aviação que se expõe. Sob o pretexto de louvar os aparelhos de marca Douglas, reduz-se a própria pessoa dos passageiros ao que enfiam no crânio. Contenderá isto com a sabedoria popular portuguesa que diz não servir a cabeça só para pendurar chapéu? Talvez não: é que os anunciantes, por dever de ofício, saberiam o que vale um(a) cabeça no ar e optaram por um reconhecimento testemunhado aos contributos de atenuação dessas excentricidades, com a impositura de laços comunitários distintos pela peça de vestuário em questão...

6 comentários:

T disse...

Não sou nada irmanada ao Sr António, ora essa.
Mas gosto bastante de chapéus e tenho pena que estejam em desuso.
Talvez com os índices ultravioletas voltem a ser necessários outra vez.
Entretanto ficava-lhe bem uma tampa de açucareiro, tem cabeça para isso:)
Beijinhos

O Réprobo disse...

Ehehehehehehe, essa, Querida T, é a vingança pela assimilação antonina, heim?
No inverno é mais fácil, uso daqueles paupérrimos chapeuzinhos impermeáveis que tiveram como modelo célebre o Presidente sampaio, para me protegr da cuvinha molha-tolos.
Beijinho

T disse...

Eu tenho um irmão António. Estou servida:)
Vou pesquisar-lhe uns chapéus mais interessantes!
Beijinhos:)

O Réprobo disse...

Fico à espera. A confissão foi-me tão penosa que tirei a maiúscula ao ex-Chefe do Estado, o "e" a "proteger" e o "h" a "chuvinha". A economia faz estragos!
Beijinho

T disse...

Eu também tenho desses chapéus. Abomino guarda-chuvas. Bj

O Réprobo disse...

Ui,esse objecto maldito é um artigo de perdição, no sentido menos sedutor do termo: de Inverno deixo-o sempre em qualquer lado, um pouco como os óculos escuros, no Verão. Vale que sou rapazinho de hábitos regulares e acabo sempre por achá-los nas livrarias ou restaurantes em que os esqueci.
Beijinho