segunda-feira, 23 de julho de 2007

Tréplica a Um Hiperatlantista

Nicolau Franco e Salazar assinando o Pacto Peninsular

A Bondade do Miguel Castelo-Branco levou-o a esbanjar algum do seu precioso tempo e ainda mais saber numa resposta ao que aqui ficou dito sobre as relações Ibéricas. Começa por anunciar inexactidões, mas lido o texto - e porque se tratava de contestação bifronte - aos argumentos aqui apontados não se topa com correcção factual alguma. Há, sim, tentativa de desvalorizar Sardinha, dizendo que os Integralistas tinham escasso conhecimento historiográfico, porque "diletantes". Caramba! É ser mais apimentado do que Pimenta! O Erudito de Guimarães faz justamente essa crítica a Sardinha, mas destacando-o do resto do movimento. Trocado em miúdos, os Companheiros seriam muito profundos, ele é que não, por não ir directamente às fontes da História remota. Penso que o Miguel concordará que ignorar como ineptamente amadores os trabalhos de um Hipólito Raposo sobre D. Luísa de Gusmão, ou sobre os Juristas da Sucessão e pela Restauração aproveitados é um pouco excessivo. Entre outros. Tudo somado, argumentos ad hominem à parte, o grande erro substancial que A. P. encontrou no Teorizador Alentejano foi uma inconsideração do título que D. Afonso Henriques adoptara. Demasiado pouco! Mas nem é isso o pior.
O pior é o duplo erro em que o Grande Autor de Combustões também parece cair, a saber, que Sardinha usaria o Passado Histórico para nele assentar a Aliança, quando o que ele faz é reproduzir factos indisputados para salientar o que correu mal na ausência dela: a decadência de ambos os Países, ao ponto de não mais contarem na cena internacional. E se Sardinha colocava a nova proposta como alternativa ao velho enlace com a Inglaterra, que reprovava, as posições dos seus Companheiros eram mais matizadas. Pequito Rebelo, por exemplo, advogando-lhe o caso contra o Senhor Embaixador, escrevera também, sem rejeição, sobre o património da conjugação com a Inglaterra. É a minha posição. Anglófilo que rambém já me confessei, gostaria de ver Lisboa e Madrid concertadas para resistir ao cilindro alisador de interesses e identidades que é uma Comissão Europeia surda a tudo o que não seja o apoio do ressurgido eixo franco-alemão.
A velha dicotomia entre potências marítimas e continentais será excelente em termos analíticos, é um zero absoluto como determinismo político. As nações, ao contrário do que pensam alguns Estudiosos, não agem sempre da mesma maneira, mas em função do inimigo concreto que lhes surja ao caminho. A França agiu sempre da mesma forma? Não. Opôs-se à Espanha quando ela era Habsbúrguica, ficou toda contente com a "abolição pirenaica" na instauração Burbónica; favoreceu o Brandeburgo contra os Católicos do Sacro-Império, mas combateu ferozmente a mesma Prúsia quando esta encabeçou uma Alemanha forte. E Berlim? De braço dado com a Inglaterra na Guerra dos Sete Anos, contra a Áustria, com a Áustria contra a Ingaterra no primeiro Conflito Mundial. A Rússia? Ligada aos Alemães e Austríacos na Liga dos Três Imperadores, transferindo-se para a Entente, qual Figo do Barcelona para o Real Madrid. A Áustria? Nem falo Dessa. Só nas guerras napoleónicas, mudava de campo ao sabor das derrotas e dos casamentos. A única que teve um padrão coerente, desde o fim da Guerra dos Cem Anos, foi a Inglaterra: deixar os outros europeus entretidos, desde que não tivessem disponibilidade ou frota para cruzar a Mancha. Mas é uma Ilha, em todos os sentidos.
Mais, Salazar jogou com a manutenção de Portugal ligado ao poder naval do dia, mas não descurou a modificação do relacionamento com a Vizinha, ao assinar com Franco a Amizade entre os dois Estados, passo muito mais importante do que aquele que proponho, embora precursor dele, espera-se. E, Caríssimo Amigo, não lembra a alguém menos vocacionado que o Miguel fundar a gula espanhola que nos fitasse na escassa atenção que nos dispensam as suas editoras. Presos por terem cão e por não terem, os Nuestros Hermanos. Que acharia, se as publicações espanholas versando-nos disparassem? "Eu não dizia? Cá estão eles sem despegar os olhos, a salivar"?
Ná! O inimigo é outro e julgo saber que o Miguel também o considera como tal. E contra ele, o espírito padronizador de umas instituições comunitárias hipertrofiadas, só o entendimento entre as capitais espanhola, britânica e lusa. Doutra forma não vamos lá.

8 comentários:

Anónimo disse...

El post de Réprobo es magistral. De todas formas, quiero resaltar el hecho de que la prensa española lo tiene realmente difícil con Portugal; si no habla, se considera que actua con omisión despreciativa, con preterición; si habla de Portugal, ahí está la prueba(para los hispanófobos) de que existen "planes secretos" para poner en marcha la venganza de Aljubarrota (por cierto, en España, dudo que un 0,5 por ciento de la población conozca lo que significa Aljubarrota...).....Como demostraron en el pasado el general Carmona y el general Primo de Rivera, Teotonio Pereira y Nicolás Franco, El profesor Marcello Caetano y el profesor López Rodó, El Ingeniero Guterres y el Inspector de Hacienda Aznar, etc., etc. y se demuestra todos los días en este blog y en el anterior misantrópico y con los múltiples matrimonios mixtos (normalmente de portugués con española) es posible y deseable la convivencia entre portugueses y españoles, bajo el respeto mútuo. Tanto Réprobo como Jansenista están al corriente de lo que en verdad pasa en España.........

Anónimo disse...

Y ya en tono jocoso, España no tendrá "hermanos" o "hermanas", pero ha hecho más de una vez "el primo"..............

O Réprobo disse...

Ehehehehehehe, Caro Çamorano, o Miguel tomará em devida conta a alusão.
Curiosa a Tua reflexão sobre Aljubarrota. Também tinha a sensação de haver amplo desconhecimento das envolvências correlatas, pela População Espanhola com menos de 50 anos; mas houve um facto que me fez tirubear: um Querido Amigo meu trabalha para uma empresa dirigida a partir de Madrid e faz anos a 1 de Dezembro. E os colegas Espanhóis, na brincadeira, diziam-lhe que nasceu no dia que não deveria ter existido...
O que prova um conhecimento mais profundo do que eu suspeitava.
Mas claro que isso é História. E fundar na literalidade dela a forja dos entendimentos que traduzam as apostas de um país é entregar o ouro ao bandido, perdão ao interncionalismo.
Abraço

Rafael Castela Santos disse...

Querido Paulo:

Te felicito por tu excelente post, pleno de sentido común. Yo también abogué siempre por un "frente atlántico" donde España y Portugal estuvieran juntas siquiera para contrapesar ese centro de gravedad enorme que es la Mitteleuropa.
Algunos bitacoreros son capaces de decir que la geopolítica de las dos naciones ibéricas es distinta, afirmando que la de España es "continental" (sic). Evidentemente no resiste el más mínimo análisis que los hechos, tozudos, desmienten. España jamás tuvo más aventuras europeas que aquellas que lo eran por el
Incluso el Reino de Aragón, más "europeísta" que el de Castilla, se centró en el dominio marítimo del Mediterráneo. Del Reino de Castilla, que forjó un Imperio americano (y filipino), cuyo énfasis fue siempre en el dominio del mar, ya mejor ni hablar.
Pero, en fin, hay quien sigue con atavismos ridículos, que tú bien señalas. Más aún, también hubo un peligro portugués en España, como el genio de Sardinha señala. Hubo Toro, hubo Sevilla y hubo otras no pocas escaramuzas.
Para mí el problema estriba en que España y Portugal tienen multitud de intereses comunes y los primeros por ignorancia y estulticia y los segundos por visceralismos y prejuicios seguimos perdiendo una oportunidad de colaboración óptima, ahora que los dos países hemos venido a menos en el concierto histórico. Estamos condenados a entendernos o a sufrir las injerencias extranjeras.
Aún admirando mucho, como admiro, a esta Gran Bretaña que se ha convertido en mi segundo país, no comparto tu anglofilia. Al menos hasta que los ingleses vuelvan al redil de la Santa Iglesia Católica. Pero eso es otro asunto.
Un fuerte abrazo,

RCS

Rafael Castela Santos disse...

Perdón: algo ha resultado mutilado. El párrafo completo sería así:
Algunos bitacoreros son capaces de decir que la geopolítica de las dos naciones ibéricas es distinta, afirmando que la de España es "continental" (sic). Evidentemente no resiste el más mínimo análisis que los hechos, tozudos, desmienten. España jamás tuvo más aventuras europeas que aquellas que lo eran por la defensa de la Iglesia Católica y la lucha contra el protestantismo. De esto autores extranjeros, como el americano William Thomas Walsh o el francés Jean Dumont han dejado testimonios irrefutables.

O Réprobo disse...

Meu Caro Rafael,
aliás muita da tal "continentalidade espanhola" adviria das possessões nos Países Baixos e da ligação ao outro ramo dos Habsburgos, à frente do Império. A própria História se encarrega de desmentir essa vocação preferencialmente europeia, com a triste história do isolamento decorrente das falsificações que formaram a "Lenda Negra".
Já no que toca aos britânicos, gosto de muitos aspectos da Cultura deles, não sendo tão crítico da respectiva acção internacional como Tu e o Amigo Çamorano, apesar de, na qualidade de velho miguelista, também ter as minhas razões de queixa. Simplesmente, em matéria de resistência ao perigo aculturalista de uma burocracia ébria de igualizar, apoiada por políticos sem raízes que acreditam ser o Progresso sinónimo de descaracterização, Londres tem muito mais facilidade em resistir do que os nossos dois desventurados Países. Donde, pode ser um preciosíssimo apoio.
Grande abraço

Anónimo disse...

Sirva el presente comentario para agradecer al Pueblo Portugués y a la Policía Lusa su trascendental papel en la detención del presunto delincuente "El Solitario". Ab.

O Réprobo disse...

Meu Caro Çamorano,
a cooperação no combate a crimes comuns deveria servir como exemplo para outro desejável, o dirigido contra as culpas políticas.
Abraço