O Calcanhar de Achille
A desgraça de uma economia afogada no lixo por recolher em Nápoles fez-me pensar em Achille Lauro. Para os menos atentos ao Passado, o nome evocará talvez apenas o do paquete de luxo onde ocorreu um horrível atentado terrorista. Mas tinha-lhe sido dado por encerrar significado muito maior. O de um armador mítico, respeitado por Mussolini sem nunca se ter chegado demasiado a ele, ao contrário do que a imagem parece demonstrar, que viria, no pós-guerra, a ser encarcerado sob acusação logo provada falsa de compromissos culposos com a acção menos estimável do regime. Libertado, não se coibiu de lutar contra a oligarquia estabelecida em Roma, primeiro num Poujadisme à Italiana, no Partido do Homem Comum, depois no da resistência Monárquica. Contra tudo e todos, menos o proletariado local, conquistou a autarquia Napolitana, provando que empresários e operários podem fazer causa comum em prol da Comunidade. Mesmo aqueles que mais atacam as irregularidades administrativas e financeiras da sua administração, contestadas por outros que as atribuem a inventonas do representante do Governo Central na zona, reconhecem a ordem que pôs na cidade, a conservação do património, a elevação do nível de vida e de serviços e o arrojo arquitectónico nas áreas não-classificadas.
Por tudo isso, deve estar a dar voltas no túmulo ao ver a sua bela Cidade imersa, literalmente, na podridão emergente dos conflitos laborais. E se não morrer da doença, poderá acontecer-lhe da cura, o desajeitado transporte de toneladas de desperdícios e porcarias para outras regiões, nomeadamente a Sardenha, está já a gerar protestos e sentimentos anti-napolitanos, num sistema político arbitrário e insusceptível de conseguir promover a preocupação gregária nas populações.
Por tudo isso, deve estar a dar voltas no túmulo ao ver a sua bela Cidade imersa, literalmente, na podridão emergente dos conflitos laborais. E se não morrer da doença, poderá acontecer-lhe da cura, o desajeitado transporte de toneladas de desperdícios e porcarias para outras regiões, nomeadamente a Sardenha, está já a gerar protestos e sentimentos anti-napolitanos, num sistema político arbitrário e insusceptível de conseguir promover a preocupação gregária nas populações.
4 comentários:
Não esquecer a ligação importante ao clube do Maradona.
Fizeste-me lembrar "A Pele" de Malaparte e a forma como o autor descreve como os aristocratas e os plebeus napolitanos historicamente se relacionavam.
Abraço.
Meu Caro, Rudolfo Moreira,
pois é, pena que o filho que geriu o Clube não penha honrado os pergaminhos paternos.
Ab.
Meu Caro FSantos,
esse Malaparte que passando de adepto a opositor de Mussolini manteve sempre alguma admiração pelo Duce...
Mas, como sabes, é a minha grande insistência em sede de estruturação social - expulsar do interior da Nação os factores de discórdia. Se a transformação do Proletariado numa classe diferente fez a Luta de Classes passar à história, os perigos da concorrência entre os indivíduos e do afastamento de certos carreiristas da População permanecem.
Lauro encarnou um movimento de aspirações supra-classistas.
Abraço
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