segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O Sabre

Gomes da Costa no Leito da Morte por Roberto NobreQuando os Vencidos da Vida e Afins, com Junqueiro excluído, vagamente se investiram da respnsabilidade da prescrição do receituário para a salvação do País das partidices, condensou-se a aspiração no Cérebro e no Sabre. Sobejava o primeiro enquanto Oliveira Martins vivera e para o cargo se oferecia. Do segundo, nicles. Mousinho só viria brevemente a encarnar esperanças quando o grupo já se encontrava decapitado e dizimado.
Para enfrentar a desgraça maior da Primeira República Jacobina achou-se por bem não repetir o erro da impotência e começar pela escolha da lâmina, seguindo-se o tinteiro. A opção óbvia, Roçadas, caiu fatamentre enfermo poucos dias antes do movimento. Havia outro nome ilustre, combatente reconhecido de vários continentes, que oferecia três grandes vantagens: era adorado pela soldadagem, ficava muito bem em cima dum cavalo, para concitar os aplausos populares, e não era hábil, o que sossegava os chefes das facções, pouco dispostos a aceitar alguém cuja capacidade temessem. Era o ideal para trazer as tropas de Braga a Lisboa, depois se veria.
Viu-se. O Movimento triunfou e seguiu-se um período de encontrões quase cegos do e no Ocupante da Chefia do Estado, que era Homem para Guerras de peito aberto, as que dão glória, não para as manobras de bastidores que apenas se resgatam da mediocridade se houver constância e sucesso num rumo bem determinado. Tudo isso faltava ao Militar Glorioso. Não se entendia com os grupos que iam intrigando, não tinha fidelidades para além dos ajudantes de campo, procurando desesperadamente quem o informasse dos manejos nas suas costas, como esse Reporter X que, ido para o entrevistar e dele gostando, nada lhe disse por ética e deontologia jornalísticas.
Era preciso quem sossegasse a ambição da oficilidade, não já quem despertasse o sentimento das praças e o entusiasmo dos mirones. Foi afastado em benefício de Alguém a que no Colégio Militar chamavam o Macio e que sabia muito melhor as linhas com que se cosia, dando espaço para que uma Cabeça Pensante viesse salvar o País.
Gomes da Costa já não contava, mas, a bem dizer, tinha servido muito. E nos melhores dos teatros. Nascera a 14 de Janeiro.

2 comentários:

Ricardo António Alves disse...

Desconhecia. Onde o arranjaste?
Ab.

O Réprobo disse...

Caríssimo RAA,
foi publicado pelo Rocha Martins no «Arquivo Nacional», com indicação de estar inédito até então e lho ter sido ofertado em vista da amizade que o unia ao Cabo de Guerra.
Abraço