quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Uma Questão de Charme

São ambíguos os sentimentos que me desperta a extinção da Junta de Turismo da Costa do Estoril. O que se poderia imaginar como ganho - se isso afastasse turistas -, livrar-nos de chineleiros aos gritinhos estúpidos e tresandando a bronzeadores, perde-se no desvanecimento do prestígio que o equivalente das Regiões Demarcadas do vinho dá. Ainda hoje a zona vive muito do apelo que a sua antecessora, a chamada Costa do Sol/Baía de Cascais despertava, por evocar exílios régios e residências ou casas de praia invejadas. Época em que eram publicadas brochuras destas, recheadas de lapsos infantis, mas que exalavam o It da Linha.
E se reconheço todas as virtualidades de passeio que os arranjos do Paredão disponibilizaram, não consigo deixar de soltar um suspiro pela atmosfera cativantemente elegante destes tempos que já lá vão.
Acresce o temor de que à reorganização de serviços corresponda uma extensão dos tentáculos da burocracia centralizadora, possibilitada pela diminuição da especificidade da competência regional

16 comentários:

Capitão-Mor disse...

Esse trecho inicial faz-me lembrar o célebre discurso da piolheira do Vasco Graça Moura! :)

O Réprobo disse...

Isto de ambientes infectados...
mas gostei de ler a denúncia que VGM fez da detracção de Lisboa.
Abraço

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

tenho um livro sobre o Porto igual a esse :-)

Ricardo António Alves disse...

Uma desgraça, meu caro, um retrocesso. Enfim... Ab.

O Réprobo disse...

Foi uma salutar iniciativa, Júlia, embora a daqui tenha erros inconcebíveis: até os nomes das praias de S. João do Estoril trocaram, chamando Azarujinha à da Poça!
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu Caro RAA,
estes sujeitos são mais centralizadores do que o Pombal. E que reconstroem? Népia!
Abraço

Anónimo disse...

"...até os nomes das praias de S. João do Estoril trocaram, chamando Azarujinha à da Poça!"

NÃO! Como foi possível fazerem um erro desses?! Estou positivamente chocado!! ;-)

O Réprobo disse...

Meu Caro TSantos,
é dificil de acreditar, eu sei, então para um Residente na localidade durante tantos anos...
Mas aqui está o livrinho, que não me deixa mentir: meteram à grande a pata na... Poça!
Abraço

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo:

Que saudades me fez ao publicar essa fotografia (década de 30/40, suponho, pois ainda não está construído o paredão quebra-mar, e a esplanada ainda tem o pequeno chalet de apoio)! Saudades de uma década de 50 (finais, não sou ainda caquético!) em que os meus Pais desciam comigo e com os meus irmãos o Parque e íamos passar a manhã à praia do Tamariz, ou mesmo da Azarujinha (a verdadeira, sem a «poça» de águas termais que brotava na areia junto à linha de água) quando o vento incomodava.

E aquela esplanada, à sombra dos cedros e das palmeiras... Ainda me recordo ir ter lá com o meu Pai, que ficava numa mesa a trabalhar (era matemático) e a ver o mar. Talvez fosse por volta de 1960/61.

Agora, os novos bárbaros destruíram o Tamariz, estão a destruir o Estoril (a quase destruição do Parque, substituindo arbustos e flores e muitas das árvores por relva insípida, ao gosto dos nouveaux-riches é criminosa), e os melhoramentos feitos mal dão para atenuar a descaracterização do local.

Ia passar os meus Verões a uma moradia que os meus Pais tinham perto do Casino, e depois a uma casa em S. João do Estoril. Agora, vivo permanentemente em Cascais, com saudades e dor na alma pelo estado a que estes bárbaros levaram a «Riviera Portuguesa» e estão a levar todo o nosso País.

Um grande abraço e muito obrigado por me ter levado a recordar muito bons tempos (e que os «democratas» de agora protestem, porque eram mesmo bons tempos, comparados com os de hoje).

O Réprobo disse...

Meu Caro Carlos Portigal,
e eu que O fazia um alfacinha de gema! Calcule os paralelos, pelos meus cinco anos habitei a moradia em frente do Casino, ainda hoje ocupada pela minha única Prima Direita! E vivo, presentemente, em São João do Estoril!

Pous é como diz, o encanto que se desprendia daquela época... E olhe que eu até gosto de fazer a pé o percurso do Paredão. Mas o que se ganhou em infra-estrutura do footing perdeu-se em glamour!
Forte abraço
PS: Se o Amigo Bic Laranja vê a minha resposta, enforca-me num candeeiro bem alto, com tanto estrangeirismo...

Anónimo disse...

Pois é, Caríssimo Amigo; na realidade sou alfacinha (não se enganou), tendo vivido primeiro nas Avenidas Novas (João XXI), e depois no Restelo. As casas do Estoril (na Avª D. Nuno Álvares Pereira) e depois em S. João do Estoril (na antiga Quinta da Carreira) eram de férias.

Contudo, as recordações da Linha eram tão gratas que me mudei para cá com a minha Mulher. Infelizmente já não para a casa do Estoril (economia oblige), mas creio que não me posso queixar muito. O pior é arranjar sítio para meter todos os livros... E o Caro Amigo sabe bem o problema que isso é...

De qualquer modo, habitei todos os Verões desde os meus quatro ou cinco anos um local da Linha. Quando construíram o paredão desde a estação de Monte Estoril até à Praia da Poça, sempre que podia ia dar por eles um passeio a pé. Recordo ainda, nos tempos de faculdade, após uma «directa» em época de exames, em que ia fazer esse percurso ao nascer do sol, para aclarar ideias, antes de seguir para o IST. Se fosse hoje, a essa hora (6 da manhã), seria capaz de ter um encontro desagradável, quem sabe...

Quanto ao Amigo Bic, já aqui deixei também alguns estrangeirismos. Assim, terá de arranjar duas cordas, e dois candeeiros...

Grande abraço.

O Réprobo disse...

Meu Caro Carlos Portgal,
que bom é sabê-Lo Vizinho! Em homenagem e jeito de complemento da ilustração do ambiente que nos deixou, publico hoje uma panorâmica da orla balnear que referiu, sem a via para peões massificada.
Abraço

Anónimo disse...

Na Quinta da Carreira? Eu também morei aí...Que belos tempos, de facto.

E também recordo os nossos passeios pelo
Paredão (lembras-te Paulo?), normalmente aos domingos de manhã, umas vezes até à Parede ou Carcavelos, outras até Cascais e mais além (chegámos a ir ao Guincho a pé!). Nesse ápoca (início dos anos 80) tb ainda se podia andar à noite pelo Paredão (cheguei a fazê-lo) sem temer maus encontros, mas isso não durou muito mais, infelizmente...

Abraço

O Réprobo disse...

Claro que me lembro. Mais integrado e a horas de maior tráfego pedestre, ainda me ficou o vício.
Grande abraço, Caro TSantos

Bic Laranja disse...

Galmour vai muito bem com os Estoris e footing condiz perfeitamente com o paredão. E claro que a relva insípida se ajusta a nouveaux-riches.
:)
Cumpts.

O Réprobo disse...

Ah, Grande Bic! Fazendo Luz sem recorrer à violência dos candeeiros! Abraço