quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Um 31 dos Antigos

A 31 de Janeiro de 1891, no Porto, sucumbia definitivamente a primeira tentativa Republicana séria, após o partido ter ganho audiência, com o Ultimato. A propaganda, que só encontrara até então orelhas moucas, passou a germinar junto das classes citadinas que, por lerem jornais, se consideravam letradas e portadoras da Salvação da Pátria. O grande estandarte haveria de ser a colonização como as dos outros, atacando a política Monárquica de alianças com as chefias indígenas como fraqueza e nem considerando hipóteses de integração como a posteriormente tentada pelo Estado Novo. A incapacidade associada a opção diversa da exploração pura e dura estaria doravante em todos os discursos.
O golpe, propriamente dito, escapando à hierarquia pelas mãos da baixa oficialidade e pela agitação dos sargentos, foi teatral de uma ponta à outra, desde o empolamento do discurso de Alves da Veiga à ideia de desfile armado que brindou a Guarda Municipal, a fiel de todos os governos, com um alvo facilitado.
Mas estava criada uma mitologia mobilizadora, fornecendo a preceito heróis e símbolos. A própria bandeira verde-rubra foi buscar a sua génese à dos revolucionários de então, trazida de um misto de Maçonaria e Positivismo que era o Centro Democrático Federal.
Apresenta-se assim mais uma lição da História: a falta de jeito do momento pode, desde que aplicada nalgum fragor de mudança, vir a ser semente que frutifique. Um exemplo a tomar pela Causa que valha a pena, ou seja, a inversa do acontecimento lembrado.

6 comentários:

Anónimo disse...

Na Rotunda do cinco de Outubro também foram as patentes baixas que tomaram as coisas em mãos.

JSM disse...

Sim, Caríssimo Amigo há-de haver um momento, uma oportunidade para Portugal, só não sei qual, nem sei como, será imprevista e apanhará de surpresa muita gente. Teremos também a nosso Ultimatum para 'ganhar audiência'?! Se esse ultimatum vier, virá da europa concerteza. E Madrid também é europa. Mas quem há~de reagir será o império que hoje labuta nos supermercados, nas obras, etc, e que fala o português com sotaque. Será a centraliade atlântica de novo a reagir! Angra do Heroísmo, por exemplo?! Jardim da Madeira!Com os recursos marinhos a serem-nos espoliados! Ou a pérfida Albion de costas voltadas para o eixo franco-alemão, e que desta vez não nos há-de trair?
Tantas hipóteses... até do patriotismo de alguns republicanos, me lembrei! Enfim, não sei.
Um abraço.

O Réprobo disse...

Meu Caro Rudolfo Moreira,
é verdade, Machado Santos era mero comissário de Bordo...
Duas diferenças, o ânimo combatente levou a barricar-se e não a uma parada mais ou menos condenada; e a cabeça prevista, Cândido dos Reis, deu-se como mártir mobilizador, enquanto que o General-comandante comprometido nesta revolta, Correia de Silva, desistiu, de forma menos exaltante.

O Réprobo disse...

Meu Caro JSM,
a capitulação perante Bruxelas poderia bem servir para o efeito, simplesmente a debilidade de querer ser como os outros, neste momento, aponta para aceitar que nos tirem o pouco que resta, enquanto que naquele tempo tendia para imitar a presença ultramarina menos ancorada nas nossas tradições.
Se dois ou três estados importantes mandassem à fava a transformação institucional europeia, outro galo poderia cantar. Mas, como sabe, sou alérgico a considerar os "ses".
Abraço

Capitão-Mor disse...

Hum...essa história de centro democrático social nunca augura nada de bom!

O Réprobo disse...

Meu Caro Capitão-Mor,
aquele era Federal, mas concordo que o som se revelava agoirento...
Ab.