Os Sete Pecados na Capital
Robert Delaunay era um visionário abrangente: duas das suas variações sobre o tema da Torre Eiffel correspondem às visões das partes em conflito no recente episódio de putativa ameaça terrorista contra tão emblemático ícone turístico da Mais Prodigiosa Cidade do Universo: o vermelho da Torre da mesma cor, correspondendo ao alerta em que se encontram as autoridades; a desconjuntada visão cinzenta do monumento, à que os sonhadores do atentado desejariam ver triunfante.Mas é possível detectar nesta notícia ecos dos Sete Pecados Capitais: a Avareza por a Al Qaeda parecer desejar a reserva para si do monopólio o terror, ao ponto de assinar um projecto não concretizado, pouco importando que o resultado ficasse comprometido; a Gula dos escutadores nacionais, ávidos de mostrarem serviço que os promova a salvadores de uma referência estrangeira célebre; a Ira, que todo o Mundo Civilizado sentirá despertar, face a um rumor sem confirmação suficiente; a Soberba, inscrita na construção que se quer Nova Maravilha do Mundo e, não esqueçamos, nos minaretes tão queridos aos que desejam deitá-la abaixo; a Preguiça, das Forças da Ordem gaulesas, as quais decerto chamarão a si os méritos do impedimento da catástrofe, referindo o mínimo que possam o contributo externo na descoberta da possível lebre; a Luxúria, expressa na edificação altaneira e pontiaguda, como símbolo fálico que é, maravilhosamente apta a ilustrar a preocupação dominante na França de hoje, com a virildade presidencial bem orientada; e a Inveja - o pecado de que menos gostava, mas a que Carla Bruni veio fazer com que me afeiçoasse, passando, concomitantemente, a prezar um bocadinho menos esse Sarko que tanto apreciava...
22 comentários:
Invejoso! Talvez a Carla tenha irmãs ou primas. É questão de pesquisar:)
Bj
Caríssimo:
O seu postal é, como de costume, brilhante. Contudo, deixe-me alertá-lo para um pormenor: a dita ameaça terrorista não passa de uma farsa. Uma das tais para manter as pessoas «entretidas».
Passo a explicar: a Torre Eiffel é uma estrutura metálica recticulada, sem paredes a preencher os imensos vão e, portanto, a explosão de uma bomba, por muito potente que fosse, apenas lhe poderia causar danos mínimos, dado que os gases da explosão se expandiriam para o exterior sem resistência.
A Wehrmacht alemã tentou em 1945 destruir a ponte de Remagen - também ela uma estrutura recticulada - com oito toneladas de TNT, para que as tropas americanas não atravessassem o Reno. A explosão apenas danificou ligeiramente a estrutura, e foi preciso a Luftwaffe atirar-lhe com um bombardeiro teleguiado a abarrotar de explosivos contra um dos pilares, para que a ponte caísse. Tarde de mais, aliás, para a causa alemã.
A Torre Eiffel só poderia ser deitada a baixo por centenas de explosivos plásticos colocados nos principais esteios metálicos, e detonados quer em simultâneo, quer segundo uma sequência cuidadosamente programada. O que não é consentâneo com um acto terrorista.
Assim, afigura-se-me cada vez mais a hipótese da Gula dos escutadores «nacionais» do SIS ou da ASAE (esta transformada em polícia política) que o meu Caríssimo Amigo muito bem cita.
De resto, a «ameaça« não passa mesmo de um rumor, destinado a despertar a Ira, daí a Preguiça das forças da ordem francesas...
Um abraço.
Uma Mana é célebre e apetitosa. Mas está a ver, por muito que me aplique, não conseguirei competir com os muitos metros da Torre erecta...
Bj.
Meu Caro Carlos Portugal,
com certeza que o Osama, Engenheiro Civil que é, não no sentido socrático e inovador da expressão, estará a par dessas dificuldades. Mas um pobre comentador tem de se cingir à forma como a notícia vem a lume. Com a brilhante achega do Meu Querido Amigo fico muito sossegado quanto a um ponto: continuando firme o símbolo, não se poderá acusar Sarkozy, por essa via, de ser político impotente...
Eu disse "sossegado"? Releia "atormentado", por favor!
Abraço amigo
«Atormentado»? He, he, he...
Abraço amigo também.
Dizem que o Engº Osama é muito bem apessoado:)
Risos
Meu Caro Carlos Portugal,
pois, o despeito não me dá tréguas...
Ab.
Não sei nada disso, Dona T. Mas está a querer elencar exaustivamente as diferenças para o Sr. Sócrates?
Beijinho
Oh, não! Paulo, nunca pensei...Tu, logo tu!, a usares o malfadado verbo (?) "elencar"...
Seja "listar", Caro TSantos, mas como falava de baixos pantomineiros, pareceu-me mais condizente.
Abraço
Elencar! Risos. Verbo detestável:)
Bjs
Nem sei se já está entre os banidos pelo Pedro Correia... Aaaaai! Sinto o meu vocabulário permitido a encolher assustadoramente!
Bj.
Seja, Caríssimo, mas então, podias ter incluído esse "verbo detestável" entre " ", ou fazê-lo seguir por um ;-)...
Ainda por cima, sou eu que teria de "elencar" claro está! A Ver se Elencou o senhor!
O T Santos está cheio de razão em reprimir esses seus instintos
Bjs aos dois
Meu Caro TSantos,
continuando pelas malas artes de palco, pensei que, existindo nesses locais de representação um ponto, não fosse preciso ser tão rigoroso na PONTUação...
Abraço
A Senhora Dona T que palavra prefere para designar os elementos que integram uma peça(também no sentido brasileiro)? Ordene, que tenho todo o gosto em tomar notas dos Seus desejos...
Bjinho
Mas não estávamos a falar de teatro ou estávamos?
Pode falar em súmula ou em fazer uma relação! Ou liste se quiser.
Está tão suave que é de desconfiar!
Bjo
Desconfiada T,
claro que estávamos. E de cabotinismo ao mais alto nível. ficção encenada, como o Carlos Portugal deixou claro, canastrões de diferente quilate, como O.B.L. & o P.M.
Eu ainda acho que elencar é mais preciso...
bj.
Hum hum. Não estou convencida dessa:)
Bj
Vou ver que martelo posso usar, para lho meter na linda cabecinha.
Bj.
Tem que ser à martelada?
bj
Entra doutra forma?
Bj.
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