quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cortina de Fumo

Jogo de Cartas de Claudia RubinsteinO dirigente sindical dos Croupiers & associados tem todo o direito de protestar contra a esperteza de quem alega que os estabelecimentos de jogo não se acham abrancidos pelo novíssimo interdito de fumar, pois tal entendimento implicaria discriminação na disciplina dos locais e condições de trabalho, com funestas consequências para a saúde de quem lá exerce a profissão. O recinto é fechado? Está mais do que abrangido, a menos que se defenda que quem joga a bolsa também não tem em grande conta a vida, o que seria fundamento para excepção, alargável a quem disso tire qualquer proveito.
A verdade é que a fumarada que vicia esses ambientes, toldando o discernimento dos escravos do jogo, nada é, quando comparada com a desculpa de mau pagador com que o Director da ASAE tenta encobrir o incumprimento da lei em que incorreu. E que corresponde à história de sempre, em regimes pouco escrupulosos - quem tem a faca e o queijo na mão não precisa de se preocupar com regras. Essas são para os outros.

12 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, como sempre, a lei é para aplicar aos outros...Depois admiram-se do povo não os levar a sério...

O Réprobo disse...

Meu Caro TSantos,
Num ambiente de pacatez absoluta, em que a População engole a justificação com algum fundo de que as algemas impostas são para o bem dela, dá muito mau aspecto...
Abraço

Capitão-Mor disse...

Essa últimas medidas do Governo francês em relação aos fumadores em muito me surpreenderam. Não por questões pragmáticas, mas antes por toda a iconografia de síbolos culturais franceses envoltos em brumas de cigarro. Ou será que podemos recordar a imagem de Sartre de outro modo?

O Réprobo disse...

Ou do Drieu, que hoje tem o aniversário...
É uma universal preocupação com a modificação de hábitos abrupta, quer dizer, desajeitada. Note-se que aqui eu reconheço a bondade da intenção, o que me repugna é o exagero de tratar uma fraqueza como um crime, por muito que ela nos prejudique, ao não-fumadores.
Abraço, Caro Capitão-Mor

Anónimo disse...

"Note-se que aqui eu reconheço a bondade da intenção, o que me repugna é o exagero de tratar uma fraqueza como um crime (...)"

Exactamente o que eu digo e repito desde o início. Continuo a espantar-me com a nossa sintonia de pensamentos, mesmo após os anos todos que já levamos a aturar-nos...;-)

Quanto ao teu comentário sobre a pacatez absoluta (com o qual também concordo!), pergunto-me até quando as pessoas "comuns" aceitarão este estado de coisas...

O Réprobo disse...

Meu Caro TSantos,
talvez por isso, talvez por isso, é possível que a sintonia maximize o prazer do convívio...

O País anda anestesiado. E a época é propícia a considerar meramente sectorial cada desastre governativo. Até ao dia em que as peças do puzzle se juntem...
Abraço

Anónimo disse...

1. Estou certo que sim, Caríssimo...

2. Mas o que deprime é que, mesmo quando as pessoas virem o puzzle completo, o mais natural, como dizia a Cristina Ribeiro num outro post, é ficar tudo "em águas de bacalhau". E Eles contam com isso...

O Réprobo disse...

Por isso é necessário mudar a receptividade cultural da partidocracia para um sistema tradicional que se oponha, Caro TSantos.
É o que tento expor como minha preocupação nesse âmbito, numa página em que me esforço por pronunciar-me sobre tudo aquilo que me desperte vontade de opinar.
Abraço

Anónimo disse...

E que sistema tradicional propões? ;-)

O Réprobo disse...

Evidentemente o da Monarquia Orgânica e descentralizada, com eleições municipais apartidárias, isto é pessoais, nas competências das pastas "técnicas" e sem qualquer votação para a governação soberanista - Defesa, Finanças, N.E, Justiça, com livre nomeação Régia, ouvidas as Forças sociais e regionais.
Abraço

Anónimo disse...

Temo que nesta época de "soberania popular", mesmo que apenas formal, ou até fictícia, essa solução não colha... ;-)

O Réprobo disse...

Ora, as épocas mudam-se, não condicionam.
Ab.