sábado, 5 de janeiro de 2008

Entre Totalitarismos

Leitura de um livro de memórias capital para perceber as conspirações dos meios Monárquicos e Nacionalistas Alemães contra a heresia Hitleriana, ensanduichados entre a insurreição plebeia que fez perder uma guerra e o Império e o plebeísmo de chancelaria que redundou no esquartejamento e submissão do Seu País.
A Autora, Neta do Grande Almirante v. Tirpitz, era Filha do Embaixador em Roma nos primeiros tempos do Nacional-Socialismo, Ulrich v. Hassell, um dos primeiros altos funcionários a atrever-se a criticar publicamente a hegemonia da Cruz Gamada. Simpatizante de Dollfuss, já era tido como autorizada voz da oposição ao tempo do assassinato deste,

numa época em que Mussolini desconfiava de Hitler a bom desconfiar: a fotografia acima data de 1934, do primeiro encontro entre ambos, findo o qual o Senhor do Reich teria dito e redito: estou muito feliz por voltar a Berlim e reencontrar o meu bom amigo o Dr. Goebbels; vejo-o praticamente todos os dias e passo os serões sempre com o mesmo grupo de pessoas. Ao que o Italiano respondera: eu prefiro ver todos os tipos de pessoas. O que dá uma ideia da diferença de largueza de vistas que então separava os dois homens.

Depois foi o 20 de Julho e o Mesmo que figura entre os dirigentes do Eixo viu-se entre os enforcados do julgamento assumidamente partidário que seguiu. Sic transit Gloria Mundi, pois claro, com extensão aos familiares que nenhuma implicação tinham no coup. Diz a Memorialista: De facto, Hitler estava de tal modo obcecado pela ideia de que lhe queriam tirar a vida que deu ordem de eliminar os conspiradores e aqueles que lhes estavam unidos por laços de sangue, aí se compreendendo «os ascendentes ou descendentes directos e os colaterais», em virtude de uma antiga lei bárbara que fazia recair o castigo sobre a família dos criminosos.
Mas a coragem protege os audazes, um Irmão dela, futuro Embaixador alemão, que tentou salvar as Damas da Família apresentando-se no Quartel-General da polícia política, para garantir que só ele tinha estado com o Pai nas vésperas do atentado, foi admirado pelos SS e posto em mera residência vigiada, enquanto que as Senhoras conheceram todas as durezas de Dachau e a subtracção das crianças com o intuito de as separarem delas para sempre.
Grande lição a tirar, quando a letargia atinge as classes aristocráticas ao ponto de não as fazer atalhar as demagogias na fase ascendente, a derrota é certa, em virtude de um tiranicídio ser de duvidoso sucesso, para lá do problema de legitimidade que coloca. Além de que os Nomes Ilustres, com uma rotina de Serviço Público de Séculos, costumam ser muito menos capazes de realizar golpes de estado do que qualquer arrivista coronel centro-americano...

4 comentários:

Capitão-Mor disse...

Felizmente vou sempre aprendendo alguma coisa neste cantinho. Desconhecia por completo estas conspirações monárquicas contra o nazismo...

O Réprobo disse...

Mas eu já tinha escrito sobre elas no «Misantropo...», Caro Capitão-Mor, a propósito de de Stauffenberg e de Goerdler...
Abraço

Je maintiendrai disse...

Muito interessante. Conheci em Londres num dancing major event a filha de Von Stauffenberg; era uma senhora divertidíssima, que gostava de dançar.

O Réprobo disse...

Meu Caro JM,
Isso é que é momento único para lembrar, um da, nas Memórias que escreva!
A Autora deste livro esteve no campode concentração com vários Stauffenbergs, Primos, a Cunhada, Mulher do Irmão Berthold também executado e a Sogra.
Abraço