terça-feira, 22 de janeiro de 2008

À Flor da Pele

A Calúnia de Apeles por Botticelli

Têm os políticos do PND inteiro direito de não gostar do Dr. Jardim, mas colocarem-lhe fotografias em cartazes com indicação de ser padrinho mafioso não pode ser senão difamação e, em países decentes, paga com o couro encerrado em masmorras.
Na Antiguidade, Apeles foi caluniado por um rival, que o delatou como traidor ao Ptolomeu de serviço, sendo por isso preso o pintor. Descoberta a verdade, o Rei libertou-o, fazendo do caluniador escravo e entregando-o ao ofendido. A justiça que este exerceu concretizou-se em pintar a alegoria da Calúnia com os traços do que o denegrira.
Ontem vi na televisão um dos responsáveis pela campanha madeirense dizer que, no caso, Mafia tinha sido empregue no bom sentido. A simples admissão de uma tal bondade faz do declarante o seu próprio justiceiro e demonstra que não fizeram mais do que tentar estender ao governante o que é a sua própria pele.

14 comentários:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

pois, Paulo, mas aqui a verdade está do lado de Baltasar Aguiar (por quem ponho as mãos)que é um homem honesto e que tem lutado para denunciar a corrupção de Alberto João, na Madeira.

Parafraseando AJJ ,"branco é, galinha o põe" :-))

beijo

O Réprobo disse...

Querida Júlia,
se é verdade, que prove no local adequado. Colar cartazes insultuosos não é meio idóneo. E ainda menos louvável é encontrar um sentido bom para a palavra Mafia.
Beijinho

Capitão-Mor disse...

Creio que Manuel Monteiro e seu correlegionários está a tentar recuperar o estilo de campanha populista que o CDS adoptou em 1995. Na época, os cartazes dos tachos até que faziam algum sentido. Ou mais radical ainda, aquele cartaz com o mapa de Portugal com uma placa de vende-se...

O Réprobo disse...

Mas isso, Caro Capitão-Mor, é uma questão política, não se está a chamar criminoso a ninguém, nem a fugir com o rabo à seringa dizendo que, afinal, criminoso não quer dizer criminoso. Ou temos Clintons portugueses e conversa fiada de sexo oral não ser sexo?
Abraço

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Paulo...

Não sei se foi Baltasar Aguiar quem proferiu a infeliz frase, sei que ele é o responsável pela Madeira, tendo um assento. Posso só dizer-lhe a seu favor, que ele não tem qualquer experiência política, daí a infeliz frase.

De qualquer forma, prefiro as barbaridades dele do que as do dito João Jardim, calculadas e pelos vistos toleradas, porque mafiosos, sim.


beijo

O Réprobo disse...

Querida Júlia,
não estava em questão a apreciação global das pessoas, quer sob o aspecto político quer sob o da honestidade genérica, mas apenas a constatação e uma forma admissível de fazer propaganda.
Já critiquei várias vezes o Dr. Jardim, não é esse o ponto. Diria o mesmo se o visado fosse o Sr. Sócrates.
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querido Paulo,
A assciação criminosa a que se deu o nome em Itália de " Máfia", substantivo colecto, e a cujos membros regidos por uma autoridade colegial se chamou mafiosos. Estas duas palavras, ao entrarem no vocabulário corrente, sofreram mudança de sigificado, virando adjectivo . Na lnguagem corrente, este adjectivo não tem a carga tão negativa e não é tão tenebrosa como o era então ser-se mafioso (substantivo).:-)
Quando se diz que fulano "é mafioso" não se quer dizer que é criminoso infiltrado na sociedade e que pertence a uma associação criminosa, mas sim que é malandro, que é vigarista.(adjectivo)

Quanto à apreciação global que refere, penso o contrário - é isso exactamente que está em causa: a honestidade genérica dos dois intervenientes.

beijinho

O Réprobo disse...

E como é que a Júlia encaixa nesse eufenismo interpretativo e benevolente o termo "Padrinho", constante dos cartazes?
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

metaforicamente,claro! :-)

beijinho

O Réprobo disse...

Pois é a legitimidade dessa metáfora que eu contesto!
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

encaixo exactamente da mesma forma...

beijinho

O Réprobo disse...

Quando um sentido cruminal é o comum de uma expressão há que ter cuidado ainda maior com as palavras, Querida Júlia.
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

é capaz de ter razão...
bijo

O Réprobo disse...

Isso é o menos, Querida Júlia. Simplesmente, na esfera pública como na privada, mas na primeira, por maioria de razão, dada a menor proximidade dos visados e do público potencial é preciso ter cuidado com as palavras.
Mas as Suas são divinas.
Beijinho